Por um mês, aqueles que tentaram ser conhecido como "Carrascos", saquearam e vandalizaram a cidade. Ao invés do nome escolhido, ficaram conhecidos como "Arruaceiros do Norte". Ninguém sabia porque o "Norte". Provavelmente quem deu esse nome gostou da sonoridade.
Roseris derramou peças de ouro na mesa da taverna. Ysaline estava de vigia na porta, enquanto os irmãos e o mago bebiam. Leodor chegou e Ysaline pediu para revistá-lo.
— Eu sou parte da equipe! — Ele bradou.
— Eu não faço as regras, senhor.
— Não, eu faço!
Roseris foi até eles.
— Ysaline, deixe ele entrar.
Ela obedeceu.
— De onde saiu tanto ouro? — ele questionou.
— Parte disso veio livrando vilas de goblins, e roubando tesouros de dragões. O resto, saqueamos.
— Espero que estejam em forma para a missão.
— Quando começamos?
— Imediatamente.
— Como assim? — Roseris indagou, atônita — Não planejamos nada.
— Podiam ter feito isso ao invés de saquear a cidade. Mas quem precisa de planos quando temos uma fada conosco, não é?
— Faz algum tempo que eu não visito o País dos Sonhos...
— Quanto tempo?
— Cerca de 936.
Leodor murmurou um palavrão altamente cabeludo.
— Precisamos começar logo.
— Não sou totalmente ignorante sobre meu povo. Vamos para a Ilha do Dragão, onde descansa o rei Draconato em sua forma petrificada. Em seu tempo houve uma forte aliança com as fadas. Ele conhece o caminho.
— Como um dragão de pedra pode nos ajudar? — Questionou Araloth.
— É preciso saber ouvir sua voz. — Roseris respondeu, com um largo sorriso.
O rei providenciara um navio para a Ilha do Dragão. Roseris relembrou seu passado como pirata, quando saqueava e enchia a cara de rum.
Pensando bem, pouca coisa mudou.
Chegando à ilha, um guia local os levou até o Dragão de Pedra. Havia todo um santuário ao redor para o outrora rei Yriatos.
— Vou tentar entrar em contato com o espírito de Yriatos. — disse Roseris.
— Sabe fazer isso? — Leodor indagou, desconfiado.
— Confie em mim.
A estátua tinha seis metros de altura. Roseris voou até o dragão.
Ela encostou sua cabeça na dele, e com o indicador tocou a esmeralda cravada na testa da estátua.
Os olhos do dragão adquiriram uma luz esverdeada, e suas escamas de pedra voltaram a cor de ouro original por alguns instantes. Os olhos de Roseris ficaram totalmente brancos, suas asas falharam e ela caiu, sendo pega à tempo por Jarek.
Quando voltou a si, ela disse:
— Eu vi. Ele me mostrou o caminho.
— Detalhes, por favor. — pediu Leodor.
— Há um Caminho de Flores na ilha. Mas há um problema... — hesitou — Nem todos chegarão ao final.
— Então alguém morrerá?
— Não necessariamente... Há muitas formas de ficar para trás. O País dos Sonhos é cheio de armadilhas.
— Podemos lidar com isso! Estou pronto para matar fadas! — bradou Araloth, até se lembrar que Roseris estava ali — Sem ofensas, moça.
A Ilha do Dragão era grande, porém em pouco mais de um dia, já haviam procurado o portal por quase todos os cantos, sem sucesso.
Estavam quase desistindo, quando Galahar tropeça em algo. Ele falou um palavrão bem alto, antes de ver a coisa em que tropeçou se mexer.
Era uma cauda de dragão.
— É um dragão! — ele berrou.
— Se contenha, mago. — disse Roseris — Isso podia acontecer. Estamos na Ilha do Dragão. Por sorte, esse ignorou nossa existência.
De fato, o dragão se mantinha dentro de uma caverna, apenas com a cauda para fora, pouco se importando com o que acontecia.
Iam seguir seu caminho, quando Ysaline diz:
— Se olharem para dentro da caverna, poderão ver algumas pétalas pelo chão. Isso poderia ser um Caminho de Flores?
— É um lugar estranho para crescer flores. — respondeu Roseris — Então sim, poderia.
— Temos que entrar nessa caverna com um dragão dentro? — Questionou Galahar.
— Não temos escolha, temos? Eu vou na frente.
Um por um adentrou a caverna, seguindo o caminho de pétalas. Ironicamente, o caminho terminava onde começava a grande boca do dragão adormecido.
— Alguém precisa distrair o dragão. — ela disse, e todos permaneceram em silêncio. — Se ninguém se candidatar, eu mesma terei que escolher alguém.
— Quem a tornou nossa líder? — Leodor perguntou, indignado.
— Eu sou uma fada, lembra? Precisam de mim até o final.
Os irmãos se entreolharam.
— Tem certeza, Jarek? — perguntou o anão, e o gigante assentiu com a cabeça. — Meu irmão vai cuidar do dragão.
— Tem certeza?
— Não se preocupem, minha tribo come tipos como esse no café da manhã.
Jarek acordou o dragão e o atraiu para outra parte da caverna. Onde ele antes repousava, agora podia-se ver algo que parecia a silhueta de uma porta desenhada na parede da caverna, bem onde terminavam as pétalas.
— Prontos? — perguntou Roseris, e todos assentiram — Podemos ir.
Ela tomou impulso e correu até a porta, fechando os olhos quando se aproximou, temendo que houvesse se enganado e acabasse batendo na parede.
Mas não foi o que aconteceu. Ela sentiu um ar fresco e perfumado, e as gotas de orvalho na grama macia sob seus pés. O lugar parecia uma pintura imaginada pelo mais inspirado dos artistas.
"Estou de volta." — pensou Roseris, segurando as lágrimas — "Finalmente em casa".
904 palavras
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O Livro das Fadas
FantasyO mundo de Astea sobrevive há quatro longas eras. Reinos, reis e rainhas surgiam e caíam novamente. Eras iam e vinham, mas apenas um lugar permanecia intocado pelo tempo. Um lugar tão belo e mágico quanto estranho e trágico, onde o maior perigo é o...