Diário de Madrielly ✓ (CONCLUÍDO)

Diário de Madrielly

Depois de tudo o que aquele senhor disse, a delegacia virou uma completa bagunça! E agora, uns estavam doidos para irem e verem a tal assombração e outros como meu colega em particular, estava encolhido em um canto e morrendo de medo de ir até essa floresta.

— Izaac, você está bem? — ele deu um pequeno pulo na cadeira e me olhou estranhando completamente meu rosto. — Izaac?

— Sim?

— Você me ouviu?

— Aham, claro!

— E então?

— O que?

— O que deu em você?!

— Nada, é só que... — ele se virou completamente pra mim. — Acha uma boa ideia ir naquela floresta? — ele perguntou sussurrando. — Tipo, essa garota não deve nem existir mais...

— Hein?

— É uma hipótese — ele falou encolhendo os ombros enquanto fazia uma careta. — principalmente a se cogitar o fato de que o diário dela foi encontrado e ela não.

— Isso é uma verdade — comentei pensativa.

— Então não precisamos ir...

— A gente precisa encontrar o corpo, os familiares não vão parar de atormentar se não encontrarmos. — falei o interrompendo o que o fez fazer outra careta.

— Você viu a cara daquele senhor, não viu? — ele perguntou meio que sussurrando.

— Você não acreditou naquilo, não é? — perguntei segurando uma risada.

— Claro que não! — ele respondeu virando o rosto. Me aproximei de vagar, seu rosto estava corado e ele mordia os lábios. Me enfiei em sua frente olhando em seu rosto, ele pulou na cadeira e a  risada que eu estava segurando saiu alta. Ele levou as mãos ao rosto que estava muito vermelho.

— Está bem, Izaac — falei controlando minha risada enquanto massageava seus ombros tensos. — esquece essa coisa de fantasma ou seja lá o que for! Vamos focar só na garota, temos que encontrar pelo menos o corpo de Madrielly, ela realmente pode não estar viva agora. — ele engoliu em seco e deu um aceno com a cabeça.

— Amh... Claro!

— E a equipe A-2, já voltaram?

— Sim — ele respondeu se virando pra mim. — você estava organizando os arquivos do último caso, não quis atrapalhar.

— Eles encontram algo?

— Só as mesmas marcas que o senhor disse ter visto. — respondeu encolhendo os ombros. — Seguiram até o fim dos rastros do acidente e não encontraram nada. 

— Nada?

— Nada.

— Mas e o carro?

— Ninguém sabe. — ele respondeu fazendo uma careta.

Suspirei alto passando a mão por meus cabelos curtos.

— Bom, já está na hora. Você vem?

— Claro!

Peguei minhas coisas e saímos e fui em direção a porta com Izaac logo atrás de mim. Morávamos bem perto, então ele sempre acabava me acompanhando.

Izaac quase não falou durante todo o percurso, estava muito pensativo. Talvez ainda fosse aquela coisa da floresta ser assombrada, apesar de ser um ótimo investigador, ele era muito medroso com relação ao sobrenatural.

— Então, — falei assim que paramos em frente ao meu apartamento. — quer fazer as honras? — perguntei estendendo o diário de Elly em sua direção.

— Não! — ele falou empurrando de volta pra mim. — Não quero essa coisa perto de mim!

— Tem certeza?

— Absoluta!

— Se cuida Izaac! — falei rindo.

— E boa sorte com esse troço! — ele falou indo embora.

Revirei os olhos e entrei indo direto pro terceiro andar. Deixei minhas coisas junto com o diário em cima da escrivaninha e fui tomar banho.

Não sei porque, mas a imagem daquele senhor não saía da minha cabeça. Ele parecia estar tão atormentado... E pior ainda foi o estado em que ele deixou Izaac. Mas, por que ele falaria aquelas coisas? É muito suspeito. Talvez seja só coisa da minha cabeça, mas se eu sequestrasse e matasse alguém escondendo o corpo na floresta, eu também faria as pessoas ficarem com medo de tal lugar, e inventaria boatos para afastar qualquer um.

É, talvez seja só uma ideia errada...

Terminei meu banho e fui vestir uma roupa fresca. Eu não tinha muito o que fazer, e resolver logo o caso de Madrielly era minha única prioridade.

Peguei o diário, nossa única pista, e me sentei na cadeira da escrivaninha. Abri o mesmo e uma sensação horrível revirou meu estômago.

Não tinha reparado. Mas o mesmo fedia a cemitério e as manchas de sangue estavam presentes e fortes nas folhas escritas.