Angustia

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Conturbada. Essa é a palavra que define essa semana.
Lucrécia e Vanessa não trocavam mais palavras, nem mesmo o essencial, e isso deixou o clima da casa insuportável.
Lucrécia também não estava falando comigo direito. Apenas respondia algumas perguntas bobas do cotidiano.
Por mais que eu tentasse abraçá-la, ela retribuia com frieza e isso me deixava ainda mais preocupado.
Para piorar ainda mais a situação, eu estava morrendo de saudades do Lucas. Por causa do que aconteceu lá em casa, decidi dar uma afastada dele. Mandei uma mensagem dizendo que não poderíamos nos ver naquela semana e para não me ligar. Lucas respondeu a mensagem demonstrando preocupação comigo e querendo saber o que havia acontecido. Não respondi. Apenas disse que precisava de um tempo.
Na quarta-feira à noite, recebo a seguinte mensagem de Lucas.
"Rogério, o que está acontecendo? A gente tava tão bem. Vc até disse q me amava. Agora sumiu. Pô, cara. Vc só me fode. Tu sabe que eu te amo e me trata desse jeito. Vc tá pisando no meu coração "
Ao ler a mensagem fiquei pensando nos conselhos do Marcos e Tânia, pensei em Lucrécia e Vanessa, em tudo que poderia perder se caso a minha relação com o Lucas fosse descoberta.
Todavia, pensei em como é bom estar com ele. Do prazer que sinto com a sua presença. Não somente nos momentos de prazeres carnais, mas também em cada detalhe em que ele me faz feliz.
É reconfortante tê-lo nos meus braços e ouvir a sua linda voz, ver o seu lindo sorriso. Gosto até mesmo de me irritar com as suas bobagens, quando escuta aqueles funks insuportáveis. Gosto de como ele fecha os olhos para sorrir e o seu jeitinho doce de menino desperta o melhor em mim.
Gosto de mim quando estou com ele…
Mas que merda é essa que estou falando?!
O Marcos tem razão. Eu me tornei um cara babaca, apaixonadinho por um garotinho da idade da minha filha. Logo eu que sempre odiei o Humbert Humbert.
Durante mais um jantar entediante, eu anunciei para as minhas meninas que no próximo fim de semana viajariamos para Orlando. E ao contrário do que eu esperava, elas não demonstraram entusiasmo. Permaneceram em silêncio e isso me irritou muito.
Eu joguei o garfo no prato e levantei da mesa.
_ Aonde você vai? Perguntou Lucrécia.
_ Para um lugar, onde eu possa falar com as pessoas ela me responderem. Eu não aguento mais esse clima pesado desta casa.
Fui até o meu quarto trocar de roupas. Lucrécia entrou em seguida.
_ Vai atrás da sua amante? Por que você não fica com ela de uma vez, já que a ama?
_ Eu não tenho caralho de amante nenhuma. Você criou essa fantasia e isso está me deixando puto.
_ Aonde você vai?
_Eu vou pra casa da minha irmã.
_ Eu vou contigo.
_ Não vai porra nenhuma. Eu vou pra lá porque eu quero paz. E você trate de ficar dentro de casa, caso contrário eu vou ficar ainda mais puto contigo, mulher dos infernos!
Eu me vesti rapidamente, peguei a minha carteira e as chaves, saí de casa sem olhar para trás.
Toda aquela situação estava estressante demais para mim. Eu estava me enrolando nas minhas próprias mentiras. Estava saturado demais.
E o pior de tudo era a saudade que eu sentia do Lucas, que só aumentava.
Liguei para Tânia e pedi para que confirmasse que estava em sua casa, caso a Lucrécia ligasse.
Liguei para para o Lucas. Foda-se!
_ Eu quero te ver agora. Me espera na esquina da sua rua.
_ Não vai dar, Rogério.
_ Como assim não vai dar? Que porra é essa, Lucas? Não vai me dizer que você tá com outro? Porque se tiver, eu te mato! Você ouviu? Eu te mato. Porra, tu não sabe o perrengue que eu estou passando por sua causa e …
_ Calma, Rogério! Não precisa dar um ataque de histeria. Eu não vou poder te ver, porque estou no pronto-socorro.
Nessa hora o meu coração disparou de preocupação. O que será que houve com o meu loirinho?
_ O que aconteceu, meu amor? Você sofreu algum acidente?
_ Não. Eu tive mais uma briga com o meu primo, mas dessa vez ele caprichou nas porradas.
_ O quê?! Você está muito machucado?
_ Só com o olho roxo e o rosto um pouco inchado. Mas, eu já fui medicado. Só estou esperando a minha amiga vir me buscar, porque não posso ir pra casa hoje.
_ Eu vou aí te buscar. Me diz em qual pronto-socorro você está.
Eu imaginei que a lesão fosse ainda mais grave do que realmente era. O olho de Lucas estava contornado de uma coloração roxa e um pouco inchado.
Não aguentei vê-lo naquele estado e o abracei e beijei a sua boca, sem me importar com os olhares condenadores das pessoas em volta.
Naquele momento eu estava pouco me fodendo para manter a minha masculinidade. Eu só queria cuidar do Lucas.
Sentir-me um inútil por não ter protegido-o.
Enquanto, eu estava no conforto do meu lar, jantando com a minha família, Lucas estava sendo espancado por um vagabundo. Fiquei com muito ódio do seu primo. Uma coisa é certa, ele não iria sair impune pelo o que fez.
Levei o Lucas para o meu apartamento e desliguei o telefone para não ser perturbado por Lucrécia, que aquela altura já estava na vigésima tentativa de me ligar.
Lucas relatou-me que o motivo da violência sofrida foi por conta do dinheiro que ele se recusou a dar a sua tia.
O agressor chama-se Josias, um deliquente de dezenove anos, que se recusa a trabalhar e tem o autoritarismo como uma das principais características.
É incontestável que às vezes sou grosseiro com o Lucas, mas não admito que outro seja. Esse garoto e a vagabunda da mãe dele ainda me pagam. Mas, isso eu resolveria depois, no momento eu precisava cuidar do Lucas, que além de machucado estava triste.
Quando chegamos no apartamento, ele foi direto para o quarto deitar na cama e chorar.
Deitei ao seu lado e pus a sua cabeça no meu peito e fiquei acariciando os seus cabelos.
Ele me disse o quanto sofria naquela casa e que desejava muito sair de lá, mas não fazia por não ter para onde ir.
Disse também que sentia muita falta da mãe e sonhava em que ela voltasse para buscá-lo. E isso me deixou com muita pena dele. Ela não iria voltar, o que talvez seja até melhor. Pois uma mãe que abandona o seu filho por causa de macho é um lixo de ser humano.
O Lucas era só no mundo e por isso as pessoas abusavam dele.
Senti-me um lixo por não saber de nada daquilo. Há meses tenho relações sexuais com o Lucas e nunca tive interesse na sua vida. Só me satisfiz com o seu delicioso corpo e em nenhum momento dei espaço para ele se expressar. Como fui um estúpido! Se eu soubesse de tudo isso antes, eu teria salvado o meu amado daquele gente inescrupulosa.
_ Você não vai mais voltar para aquela casa.
_ Como assim, Rogério? Eu não tenho para onde ir.
_ E a sua amiga que iria te buscar?
_ Ela mora com os pais. Ela até queria me dar abrigo, mas não pode. Eu só iria dormir lá hoje.
_ Você vai morar aqui.
_ O quê?! Você está falando sério?
_ Tu acha que eu sou algum moleque para fazer uma brincadeira estúpida numa hora dessas?
'Ainda falta comprar algumas coisas como panelas, pratos, talheres … coisas de uma casa. Eu não comprei este apartamento com a intenção de morar aqui, por isso precisa de algumas coisas. Eu vou te dar dinheiro e você compra amanhã. Aproveita e compra algumas roupas para você não precisar voltar naquele lugar. Os seus documentos estão com você?
_ sim.
_ Menos mal.
_Bom, eu preciso buscar os meus materiais escolares e a foto da minha mãe.
_ E para que tu quer foto daquela vadia? Ela te abandonou e nem quer saber se você está vivo ou morto. E os materiais escolares você compra outros. Você está proibido de pisar naquela casa, entendeu? Se eu souber que você foi lá quem vai te meter a porrada sou eu. E vou fazer um estrago bem maior do que o merdinha do seu primo fez.
_ A gente vai morar juntos?
_ Claro que não! Esqueceu que eu sou casado?
'Eu sempre vou vir aqui te ver.'
Lucas me olhava daquele jeito doce que eu amo. E beijá-lo foi inevitável.
Fui deslizando a mão pelo seu corpo o despindo com a minha mão e quando estava só de cueca, a tirei com a boca.
Deslizei a minha língua nas suas pernas as abrindo e deixando o seu cuzinho a mostra.
Peguei o lubrificante que estava na gaveta da escrivaninha e tirei a minha roupa. Retornei para a cama e seguir beijando o meu amorzinho, lubrificando a sua cucetinha.
Enquanto eu dedava aquele boraquinho, motivo da minha felicidade, eu o olhava, admirando o verde dos seus olhos, que mesmo machucados permaneciam lindos e doces.
À medida em que eu ia penetrando ele gemia baixinho.
_ Eu te amo tanto, Lucas. À partir de hoje eu vou cuidar de você, meu pequeno.
Lucas acariciou o meu rosto. Era bom demais sentir aquela mãozinha macia na minha pele.
_ Você não sabe o quanto eu rezei para derreter esse seu coração, Rogério. Tive que gastar muito fogo para isso. Ele disse sorrindo e me fez sorrir também.
_ Agora, você terá que usar esse fogo quase sempre. Principalmente neste exato momento.
Beijei o seu pescoço e metia mais fundo o meu dedo na sua bunda.
_ Eu estou um pouco dolorido.
_ E eu estou morrendo de tesão. Prometo fazer bem devagarzinho.
Voltei a beijar a sua boca, em seguida a sua orelha e queixo. Lucas beijava o meu pescoço, me deixando todo arrepiado.
O meu pau já implorava para comê-lo. E como um bom dono, o obedeci. Abrir as pernas de Lucas, pondo-as nos meus ombros. Penetrei devagar. Não queria machacá-lo.
Iniciei o movimento e uma masturbação no seu pênis, me delicie com a sua carne e gemidos, o fazendo meu em meios as nossas respirações ofegantes até que antigimos o orgasmo.
Adormecemos abraçados.
Todos os meus medos e preocupações ficaram do lado de fora, ali não havia espaço para elas. Naquele quarto era só nós dois adormecidos com os nossos corpos saciados.
Levantei com cautela para não acordá-lo. Lucas teve o dia anterior conturbado e precisava descansar.
Fui até uma cafeteria comprar o nosso café da manhã: pães torrados e café expresso.
Quando retornei ao apartamento, Lucas já havia acordado e tomado banho. Estava enrolado na minha toalha branca. Geralmente, eu ficava puto quando alguém usava uma das minhas toalhas, mas ele poderia usá-la o quanto quisesse, pois me provoca fome pelo seu corpo.
Pensei em devorá-lo ali mesmo. Iniciei os beijos e amassos, mas fui interrompido pelo toque do seu celular.
Era Tânia e Lucas entregou o seu celular a mim.
_ Bom dia, Lucas. Eu poderia falar com o Rogério?
_ Sou eu mesmo. Pode falar.
_ Rogério, a Lucrécia esteve aqui as duas manhã. Veio te procurar e fez um escândalo ao perceber que você não estava aqui e ficou me perguntando quem é a sua amante. Eu fiquei com a minha cara no chão. Porra! Pra que tu foi me meter nessa furada?
'Cara, você precisa resolver essa história de uma vez por todas.'
Mais uma vez a minha paz foi interrompida.
Puta que pariu!

O namorado da minha filhaOnde histórias criam vida. Descubra agora