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Quando uma Entidade Celestial se apaixona por uma Estrela um planeta acaba sendo resultado desse amor, e nesse caso, Andrômeda é esse planeta, minha casa.

–Victoria Moore!

Acordei assustada com o meu nome sendo gritado pela minha professora de História dos Mundos. Ultimamente não estou conseguindo dormir direito e a aula da Srta. Kinsley – embora seja interessante – parece ser o único momento em que consigo dormir tranquilamente, quer dizer, tranquilamente até ela perceber e me acordar brutalmente como fez agora.

–Já que você está prestando tanta atenção na aula, por que não lê para a classe o texto da página 58?

–Tudo bem – concordei ao abrir meu livro e começar a ler o que ela havia pedido, ainda meio desnorteada por ter acabado de acordar, escutando umas risadinhas ao meu redor e sob o atento olhar da mesma o tempo todo, que parece aborrecida por eu ter dormido na sua aula.

O texto é conhecimento comum, uma parte da história do nosso planeta que todos os professores de história parecem gostar de passar todo ano: um trecho do Diário de Bordo dos humanos da Terra, quando eles estavam fazendo a sua grande imigração. W. Johnson, narra todos os lugares que ele passou durante a viagem, detalhando o Espaço, as estrelas, os planetas, os meteoros e meteoritos que vagam pelo vazio e tudo pelo o que a Arca passou antes de chegar em Andrômeda. A Arca foi uma enorme espaçonave criada pelos humanos para saírem da Terra depois que a destruíram ao ponto de não ser habitável mais. Assim como no conto de uma de suas religiões, eles colocaram os sobreviventes e um casal de cada animal que ainda não havia sido extinto, só que ao invés de enfrentarem um dilúvio enfrentaram espaço a dentro em busca de chegar em um planeta habitável que os cientistas haviam descoberto um tempo antes.

No Diário de Bordo é mostrado também como foi crescer dentro da Arca, o que ele fazia na mesma quando não ficava observando o espaço, e como imaginava que a Terra era antes do Homem a destruir com toda a poluição, queimadas, desmatamento e todas as outras coisas que aqui em Andrômeda, tentamos ao máximo evitar. E então, ele narra a tão esperada chegada no novo planeta que eles iriam viver, se surpreendendo ao encontrar vida quando chegam, e...

Vai ser história pra depois, porque felizmente o sinal bateu indicando os fins das aulas de hoje.

Glória aos Deuses!

Guardei as minhas coisas o mais rápido que pude, louca para chegar em casa logo e...

–Victoria, poderia esperar um momento, por favor? Gostaria de falar com você – Srta. Kinsley pediu com a voz calma.

Droga.

Claro – respondi meio hesitante esperando todos os alunos saírem da sala, ao mesmo tempo em que a professora guarda as suas coisas e desliga a tela de projeção que estava usando para dar sua aula.

–Eu percebi que você tem estado muito dispersa nas minhas aulas – ela finalmente começou – Na verdade, conversando com os outros professores eles também me falaram que você também está assim nas outras aulas, o que me leva a crer que o problema não é a minha aula.

–Sua aula é ótima, professora – garanti a ela – Eu que não estou conseguindo dormir muito bem à noite.

–Como assim?

–Estou tendo uns sonhos esquisitos ultimamente e por causa deles não consigo dormir a noite toda – expliquei meio relutante, me recostando em uma das mesas de aluno.

Ah sim, imagens muito rápidas e distorcidas, vozes de pessoas que parecem estar falando comigo, barulhos estranhos e flashes de lugares que eu nunca vi na minha vida, a única coisa que eu sei é que no final eu sempre acordo sobressaltada por alguma parte assustadora do meu sono que eu não consigo me lembrar.

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