A rosa ameaçada

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O balançar suave da carruagem acalentava o ômega sonolento. Zitao mantinha sua cabeça encostada na parede enquanto seus olhos curiosos observavam a paisagem através da pequena janela. A marca em seu pescoço já não estava mais dolorida igual nos primeiros dias, e apesar de seu lobo interior estar carente quanto a ausência de Yifan, já não estava tão sensível quanto antes. Seus pensamentos estavam presos no alfa durante todo o trajeto, relembrando a cada segundo a sensação de estar nos braços do Wu, esperando que daquela forma conseguisse suprir seus sentimentos de saudade. Para seu contentamento, o aroma de licor estava bastante forte na carruagem, ajudando a amenizar a separação.

Estava voltando para o Templo a fim de terminar seu período como discípulo. Diferentemente das outras vezes, não estava contente como geralmente ficava. Iria reencontrar com Qian e seus outros amigos, e isso com certeza o deixava feliz, mas também significaria um bom tempo longe do líder dos dragões, mesmo que o Wu garantisse que o visitaria periodicamente. Juntando todos os acontecimentos nas últimas semanas, Zitao se sentia inseguro. Embora tivesse certeza o suficiente sobre seus sentimentos por Yifan e dos sentimentos do próprio alfa, ainda tinha receio quanto às ameaças que o cercariam juntamente com a sua família, entretanto, confiava no líder da família Wu para os proteger tal como lhe foi prometido pelo alfa em sua última noite juntos.

E foi este sentimento de confiança que o fez ignorar o aperto em seu peito no início, mas que agora crescia cada vez mais. Franziu as sobrancelhas, incomodado com a sensação de raiva e medo que se apossou de si, levando sua mão esquerda até a marca em seu pescoço, que aos poucos começava a arder, o preocupando ainda mais; Yifan estava chamando por si. Tal atitude não passou despercebida pelo alfa sentado em sua frente.

— Aconteceu algo? —Yang questionou, impassível.

O alfa havia sido designado por Yifan para o acompanhar durante o percurso até o Templo. A princípio, desconfiou, afinal, o Wu não havia comentado nada consigo, entretanto, considerando que Yang parecia ter a confiança do líder, Zitao não se importou. No fundo, seu corpo foi tomado por uma sensação boa ao ver que Yifan estava cuidando de si.

— Há algo errado! — o ômega murmurou, endireitando-se no assento enquanto a queimação em seu pescoço se abrandava. — Yifan precisa de mim, temos que voltar.

O pequeno sorriso de canto do alfa o alarmou mais do que deveria, o passando a impressão de que Yang sabia mais do que deixava transparecer. Durante o tempo que passou na casa dos dragões, Zitao havia notado que o alfa possuía alguns traços diferentes do restante dos membros da família. Embora seus cabelos fossem escuros como o de Yifan, suas características o destacavam do restante dos dragões, tal como seus olhos mais claros e o nariz um pouco mais largo, além do sorriso ladino que, ao contrário do de Yifan, Angela, Xiuqin ou até mesmo Luhan, possuía uma malícia diferente, quase como sádica.

— É a primeira vez que você e meu primo se separam desde que ele o marcou. Tenho certeza de que não é algo urgente. — sugeriu, observando a feição preocupada do ômega.

— Talvez seja melhor garantirmos... — Zitao propôs. Os olhos vacilaram por alguns segundos antes de se voltarem novamente para o alfa.

— Yifan sempre foi possessivo, Zitao, não há o que temer. — insistiu, estreitando os lábios em uma linha reta.

— O senhor parece o conhecer bem... — Tao sussurrou, arqueando a sobrancelha ao ver o alfa rir soprado.

— Sou sete anos mais velho, o conheço desde que era um bebê. — Yang disse em um leve dar de ombros. — Sou filho do irmão mais novo do pai de Yifan, embora minha mãe fosse de uma Casa diferente. Os dragões me acolheram quando completei três anos, após minha mãe falecer.

O ômega que domou um dragão [wyf+hzt]Onde histórias criam vida. Descubra agora