Capítulo 7

92 12 8
                                    

ฅ^•ﻌ•^ฅ

Eram exatas 1:15am e até agora nada de David pensar em dormir.

Ele não queria dormir e nem me deixava dormir. Eu deitava ele no meu colo e o que ele fazia? Resmungava bravo. Estava passando pela nonagesima vez galinha pintadinha na televisão, eu estava a ponto de me jogar de cabeça na primeira ponte que eu visse pela frente.

Ao ver dar uma e meia da manhã e David nada de demonstrar estar cansado, eu coloco uma roupa mais quente, o agasalho, tranco toda a casa e pego seu carrinho.

- Uma boa caminhada de madrugada irá te ajudar. - falo olhando para o bebê que estava ocupado demais brincando com um brinquedo de pano.
Eu tinha certeza que essa bairro era seguro para dar essas caminhadas noturnas. Me lembro de Anthony pesquisando por incessantes dias um dos bairros mais seguros de Luisiana antes de comprar uma casa e esse ficou em primeiro lugar na sua lista.

Eu vestia apenas uma calça de moletom, uma blusa de moletom de zíper da cor cinza cobrindo o meu ridículo pijama de moranguinho e um chinelo qualquer nos pés. Já David estava idêntico a mim, a diferença é que ele estava com uma mantinha que o protegia da brisa fria.

- Sabe David, estamos juntos a um dia e eu percebi que nunca quero ter filhos. - comento empurrando o carrinho e David me olhava com atenção enquanto chupava uma chupeta preta - Você é mais difícil do que mulheres. - brinco e desço a calçada indo em direção ao asfalto - Mas pensando bem, não vou me sentir tão sozinha. Você concorda comigo, não concorda? - pergunto começando a andar na rua deserta que era iluminada pela luz dos postes e da lua.

Olho para o céu estrelado e respiro fundo. Olhar para o céu me dava paz, me deixava mais leve e calma. No último mês, olhar o céu me ajudou a passar pelo tsunami que surgiu na minha vida e eu esperava que isso surgisse efeito em David e o fizesse dormir.

- O seu pai dizia que cada pessoa que morre, vira uma estrela no céu. Acredita nisso? - pergunto olhando para uma brilhante estrela. Desvio minha atenção para David que agora olhava para
o céu - É, foi o que eu pensei. - afirmo com a cabeça virando a esquina.

- Você acredita que o único ser vivo que eu já cuidei e não morreu foi uma cachorra chamada Cleo? - continuo o olhando e ele desvia os olhos do céu para o meu rosto - Bom, ela não morreu comigo mas a minha ex vizinha do andar de cima a roubou quando ela escapou e não me devolveu até hoje. A filha dela me mandava fotos dizendo que ela estava sendo bem tratada e só por isso eu não entrei com um processo de sequestro canino. - solto uma risada baixa - Eu particularmente acredito que ela salvou a cachorra de mim mas sabe de uma coisa? Ninguém vai te salvar de mim, garoto. - estico meu braço e toco sua barriga o fazendo rir.

Continuo caminhando sem rumo com David atento no carrinho e uma mulher se roupão sentada na calçada me chama a atenção. Fico hesitante se devia correr para longe ou passar perto e dizer um simples boa noite.

Escuro a voz em minha cabeça me mandando continuar e assim eu faço. Vou conversando com David e ao passar pela mulher, a olho e digo:

- Boa noite. - meu tom sai baixo e assim que a mulher me olha, a reconheço e vejo que era Ohana.

- Boa noite, Mariana. - esboça um sorriso de lado e paro de andar - Caminhando essa hora? - pergunta abraçando as próprias pernas e eu faço careta negando com a cabeça.
- É essa bomba de fralda que não consegue dormir. - aponto para o carrinho e David grita, automaticamente eu deduzo que esse grito foi em protesto por tê-lo chamado de bomba de fralda.

- Entendo. - solta uma risada baixa e olha para o asfalto por alguns segundos antes de voltar a me olhar - Tirou boas fotos? - pergunta puxando assunto e me viro para ela apoiando apenas um braço no carrinho.

Querido DavidOnde histórias criam vida. Descubra agora