quinque

47 8 72
                                    

Às vezes, as ações que tomamos são decididas muito antes do presente, bem além do que é possível imaginar.

30.12 - Colégio Luminus

Soonyoung estava sentado ao lado de Lee Chan, as costas apoiadas na cabeceira da cama do mais novo enquanto o observava ressonar, desta vez, ao contrário da última e única vez que se permitiu estar ali, o Lee parecia estar tendo um sono tranquilo. O Kwon deslizou as costas da mão pela bochecha alheia, seu olhar se detendo nos lábios bonitos que permaneciam inocentemente entreabertos. Mingyu fora designado para cuidar de Chan, por conta do incidente na floresta, mas Soonyoung pediu para ficar ali com o mais novo, às lagrimas e soluçando, por simplesmente não conseguir ignorar o fato de que ele estaria morrendo dali algumas horas. Claro que tinham esperanças de trazê-lo de volta, claro que entendiam como fazer o processo contrário e teriam como comunicar-se com o Lee depois que ele se fosse. Mas o Kwon sentia que algo não estava certo, algo não lhe parecia bem encaixado naquele plano todo.

- Hyung? - Chan murmurou fraco, assustando o outro.

- Céus, como se sente? Algo dói? Consegue lembrar do que aconteceu? - perguntou, checando a temperatura e o pulso do mais novo.

Instintivamente, lágrimas passaram a cair de seus olhos, o Lee quase sorriu com aquilo, pelo menos faria falta, afinal. Ele negou com um aceno, apoiando-se nos braços alheios para conseguir sentar-se no colchão.

- Eles... Eles querem que seja hoje a noite. Não acham que você pode resistir a mais quatro doses, então será tudo hoje. - sussurrou, fungando ao fim da frase - Eu não posso te perder.

- Você não me tem. Sim, já teve. Mas não mais. Você me deixou escorrer por seus dedos e fez sua escolha. Eu fiz a minha também, vou fazer a passagem hoje. - disse fraco, evitando os olhos que clamavam pelos seus.

Soonyoung levantou-se em silêncio e saiu do quarto sem sequer olhar para trás, não queria ser machucado, mesmo sabendo que merecia tudo aquilo. Ele desceu as escadas até a cozinha, onde Junhui e Jihoon preparavam o restante da poção enquanto conversavam baixo, conversa esta que foi interrompida imediatamente após sua chegada. Havia um prato com batatas e carne sobre o parapeito da janela, esfriando na sombra que fazia naquele momento.

- É pra ele. Pode levar? - o Wen perguntou, recebendo um aceno negativo.

- Não posso voltar lá. - sussurrou, passando as mãos pelas lágrimas que insistiam a descer por suas bochechas - Ele está bem. Não vai ter problemas quanto a fazer isso hoje.

- Eu vou levar a comida. - Junhui disse simples, seguindo até o prato antes de sair do cômodo.

Na floresta, os outros faziam os prepararivos para o ritual. Wonwoo e Mingyu substituiam os bonecos do primeiro ritual por novos que haviam feito naquela manhã, ao passo que Minghao ia desenhando as runas nas árvores mais uma vez. Naquele dia, tudo estava estranhamente calmo, como se fosse um dos primeiros dias após chegarem meses atrás, Jeonghan não aparecera e nem fizera nada com os que estavam ali. Ainda assim, a sensação de que algo não corria bem permanecia rodeando o lugar.

- Hao, terminamos aqui, vai precisar de ajuda? - Wonwoo se aproximou junto com Mingyu, hoje ele carregava consigo o coelho de pelúcia pequeno com a runa de proteção que o Jeon havia feito especialmente para si.

- Essa é a última. - murmurou fazendo os últimos entalhes na madeira da árvore.

Assim que terminou, uma baixa névoa passou a se formar dentro da área que as runas cobriam, sem passar para o restante da floresta. Os três caminharam para fora do local, seguindo pelo gramado até o casarão. Quando entraram, os outros quatro estavam pondo a mesa, Chan parecia um pouco menos doente agora, como se dormir um pouco tivesse lhe dado alguma saúde. Após lavarem as mãos, todos sentaram-se a mesa, com exceção de Junhui. Seu semblante parecia um misto de tristeza e frustração, todos sabiam sobre o que ele falaria, mas o deixariam falar mesmo assim.

nightmareOnde histórias criam vida. Descubra agora