octo

61 9 86
                                    

Até o dia que eu ficar sem fôlego
Eu não poderei deixar você ir novamente
Porque nós vamos ficar juntos em cada momento
Não se afaste de mim

- Deja Vu, Dreamcatcher

O chão oscilou e tudo tremeu, como se um terremoto estivesse acontecendo, todos se abaixaram e se apoiaram onde puderam, esperando o que quer que fosse passar. Chan não conseguiu perceber se bateu a cabeça ou se chocou-se com a parede com uma força exagerada, mas tudo escureceu à sua frente. A sensação era de que dormia, como se estivesse em um sono profundo, como se caísse em um sonho. Daquela vez, ele não era parte do sonho, apenas observava tudo, como expectador, em um ângulo estranho, como se estivesse em um dos cantos superiores da parede.

Ele viu a si mesmo sobre uma mesa de jantar, vestido em um pijama branco que parecia bem maior que seu corpo, havia uma série de runas complexas a sua volta, entalhadas sobre a superfície da mesa, além de algumas entalhadas em pedras, que estavam sobre suas mãos e uma em seu peito. Ele viu Soonyoung se aproximar com um sorriso bobo nos lábios, só então entendendo que não se tratava de um sonho, eram as memórias do outro Chan. Observou-o erguer um pouco a cabeça alheia, despejando um líquido, provavelmente uma poção, por entre seus lábios. Assim que terminou, ele saiu do cômodo.

A cena mudou por um momento, estava acontecendo uma celebração, pela decoração e o bolo bem elaborado sobre a mesa, era um aniversário, o outro Chan estava conversando animadamente com Mingyu, então Soonyoung pôs a mão em seu ombro, ele se virou imediatamente, o sorriso e o olhar que eles trocaram dizia muito sobre o que sentiam um pelo outro. Seria muito diferente se aquilo tivesse sido consigo? Ele teria conseguido chegar tão perto de derrotar Jeonghan se não tivesse ganhado um coração partido do Kwon de sua realidade?

Outra mudança. Ele estava sozinho, arrumando tudo após a comemoração, Chan não conseguia ouvir as cenas, mas sabia, sabia bem o que fizera aquele Chan olhar para trás como se alguém tivesse o chamado. Ele passou alguns instantes naquela posição, olhando por sobre o ombro, o cenho franzido, como se esperasse uma confirmação de que não estava ouvindo coisas, então ele foi na direção em que o som vinha, caminhando pelo corredor vazio relutantemente. Aquele fora o primeiro contato com Jeonghan, não precisava ser um gênio para entender que se tratava disso.

Jeonghan. Ele estava mostrando-lhe as memórias do primeiro Chan a ser envolvido naquilo? Bem, era o que parecia.

E então, dolorosamente, ele também assistiu o primeiro pesadelo e, naquele momento, percebeu que tinha sorte se comparasse seu medo com o daquele Chan. Ele viu o garoto caído ao chão de uma sala, parecia chorar, como se acabasse de brigar com alguém, de pé, à sua frente, estava Soonyoung, o olhar frio e desapontado na direção do Lee. Foi um momento longo de silêncio, a faca nas mãos do Kwon foi jogada aos pés alheios, que se encolheu um pouco mais. Os lábios articularam algo que não pode ouvir, mas daquela vez a voz de Jeonghan veio do fundo de sua mente, explicando o que havia sido dito.

"Você não consegue destruí-lo, não passa de uma criação frustada. Nem sequer tirar sua vida vale a pena. Era o que Chan pensava de si mesmo, eles lhe deram uma segunda chance de viver e ele só precisava salvá-los."

Ele observou horrorizado as cenas que se seguiram: Chan levantou-se, as lágrimas caindo aos montes enquanto Soonyoung saía dali, pegou a faca e, depois de um momento de relutância, cravou-a em seu peito. Tudo voltou à escuridão, o ar perdera o rumo dos pulmões e o Lee precisou de um momento para processar tudo.

nightmareOnde histórias criam vida. Descubra agora