Segunda-feira. 1 de abril de 2020. 12h50min.
Meu relato acabou. Paro de tocar e encosto o violão ao lado da cadeira onde estou sentado. As lágrimas estão queimando em meus olhos e ameaçam cair... mas eu ás contenho. Ás contenho porque não vejo nada nos olhos de Wagna. Nenhuma solidariedade. Nenhuma compreensão. A única coisa que brilha em seu olhar e me ofusca a visão... me deixa cego de tristeza... é a incredulidade.
Eu confiei em você. Confiei minha história a você. Confiei minha VIDA a você e... você não acredita em mim.
Wagna balança a cabeça como se quisesse tirar da sua mente tudo o que ouviu de mim.
- Sinto muito, Sr. Potter. Sinto muito mesmo.- Wagna... – minha voz treme – Por favor...
- Não, Jyonfew. Isso... – e suspira – Isso é impossível. É irreal demais. Olha... eu vou falar com o policial Kenedy... e acredito que você vai ser interrogado. Nós... temos uma sobrevivente. Alguém que acho que você esqueceu de matar.
- Eu não matei aquelas pessoas! – estou chorando. Não aguento mais conter as lágrimas que queria ter derramado desde o momento em que acordei aqui, neste mundo, no meio de um monte de gente morta e... eles me acusaram – Eu juro! Por favor, Wagna... Tem que acreditar em mim!
- Jyonfew... Não dá, tá bom? Eu... tenho palpites. Um distúrbio mental que você não sabia que tem, talvez? Talvez você não seja o real culpado pelas suas ações. Não tenha consciência total disso. Um psicótico. Que mata por impulso. – e segura minhas mãos – Se for isso... há uma saída, meu rapaz. Tratamento. Cabe a você aceitar ser tratado.- Não estou doente! – agora estou com raiva.
- Ou talvez você só seja um psicopata mesmo. Mata por prazer. Um assassino muito bom em mentir e que é viciado em estudar história! Só pode ser isso então!
- Não!- Agora chega. – ela se levanta e caminha até a porta. Abre-a. Está prestes a sair – O Sr. Kenedy ouvirá essa sua história absurda e certamente pensará o mesmo que eu. Talvez ainda haja uma esperança para você. Um escape... ou a morte certa. Uma sobrevivente. Uma sobrevivente que certamente você sabe o nome. Você tentou matá-la também?
- Quem...?
- A garota que eu te mostrei. A moça que você chamou de Marion.
Então ela sai da sala... mas as palavras que ela acabou de dizer estão ecoando em meus ouvidos de uma maneira quase enlouquecedora.
Uma sobrevivente.
A garota que você chamou de Marion.
Ela está viva.
A mulher por quem sou apaixonado sobreviveu.Marion.
Marion.
Marion.Minha vida está em suas mãos agora.
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A Música Mortal
FantasyO ano é 2020. Jyonfew Andrez Potter é acusado de assassinato. Como qualquer um que recebe tal acusação, ele insiste em dizer que é inocente. Entretanto, o que as pessoas envolvidas nesse caso mal sabem, é que a história por trás do que ficou conheci...