a metáfora é que quanto mais luz, mais dor. você era um raio solar em pleno meio-dia em horário de verão.
Nossas escapadas da faculdade tornaram-se frequentes.
Pegávamos seu carro, passaríamos em uma drive thru de um fast-food onde pediríamos combos de sanduíches e sorvete para sobremesa, em seguida ele dirigia até as ruas desertas que contornavam um parque florestal no final do bairro onde morava.
Ali, nós nos permitíamos ser o que quiséssemos.
Nunca houve beijos roubados ou toques indesejados.
Como poderia haver se ele já era dono de todo o meu ser?
Naquela altura, eu já estava tão atrelado a ele que perdia-me em mim e só me encontrava no brilho oblíquo de seus olhos.
— Seu rosto é assimétrico — um comentário desleixado de uma criatura que pouco se importava com convenções sociais.
Minha aparência foi algo que me atormentou durante alguns anos, só deixei de me ferir com ela no meu último ano do ensino médio. Pessoas se aproximavam de mim em busca de se sentirem melhores consigo mesmas. Seja amigo do esquisito e isso fará de ti alguém mais próximo da normalidade. Junte-se com um bando de menos afortunados e tu te tornarás o próprio Midas.
No meu primeiro ano da faculdade, logo no começo do semestre, minha mãe e pai enriqueceram. De uma vida relativamente humilde eu passei a morar numa mansão dentro de um enorme condomínio, ganhei um carro zero e houve uma mudança significativa no meu guarda-roupa. Não posso dizer que dinheiro compra beleza, mas ele permitiu que eu tivesse acesso a todos os meios para que conseguisse me encarar no espelho sem temer a acidez de minha própria consciência.
Mas... no geral... tingir meu cabelo de cinza platinado foi a coisa mais diferente que eu já fiz.
— E isso é ruim? — não permiti que um pingo de insegurança pudesse ser aferido em minha voz.
Um riso de lado. Um balançar de seus ombros enquanto ele sentava no banco do motorista, corpo totalmente voltado para mim, cabeça apoiada no vidro da janela atrás dele, gotas da chuva que precipitava lá fora escorrendo por ela, cabelos escuros caindo em ondas desordenadas até a metade de suas bochechas. Uma cicatriz lhe conferia aquele resquício mínimo de humanidade, a única coisa que o separava do status de divindade.
Não era possível que deuses carregassem máculas em seus corpos. Mas, se pudessem, Jeon Jungkook seria a prova disso.
Ele estendeu a mão até colocá-la sobre o topo de minha coxa, a calça jeans que eu usava pouco fazendo para impedir que eu sentisse todo o calor e poder delas, dedos que apertavam e subiam sem reservas e, no entanto, eram seus olhos que me hipnotizavam.
Me encaravam seriamente, íris negras tão mais escuras que a matéria a compor o próprio universo, exerciam uma força de atração que, mais do que parecer enxergar o âmago da minha alma, parecia puxá-la completamente para dentro dele.
Eu de fato não era mais dono de mim.
Raios rasgavam os céus iluminando brevemente o interior do carro, trovões ricocheteando no solo em arrombos e estouros, nada era mais violento do que a força tempestuosa que havia em seu toque. Em seus beijos.
Lascívia fumegando em minha carne.
Os sussurros libidinosos de sua doce voz em meu ouvido enquanto me gratificava por eu, nas palavras dele, sentar tão gostoso.
Dentes lacerando a pele de meu ombro, dedos castigando meus quadris enquanto os apertava e arremetia impiedosamente em mim.
Sua risada rouca me arrepiando quando conseguia arrancar gemidos de dentro do meu peito, orgulhoso de seu efeito catastrófico sobre mim.
A forma como ele me tomava no banco de trás do seu carro, a forma como desnudava minha alma, se apossava de tudo de mim, em nada diferenciava do céu amaldiçoando o mundo lá fora.
Jungkook era um amante impiedoso e cruel.
E eu o adorava como povos antigos adoravam deuses pagãos.
Um misto de desvairada luxúria e absoluto temor.
Você me fere a alma:
sou metade agonia,
metade esperança.
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Poesia sobre pequenas coisas | jjk + kth
Fanfic[concluída] Jeon Jungkook é para Kim Taehyung aquilo que o Sol faz com as flores.