O som estava baixo, a cabeça dele estava deitada no meu colo enquanto o vento balançava calmamente a copa da árvore naquele final de tarde. Seus olhos estavam fechados enquanto eu observava o vai e vem das pessoas que faziam alguma atividade física no parque ou simplesmente estavam passeando.
A palma da minha mão acariciou os cabelos de Quico. Ele deu um leve sorriso e abriu os olhos me olhando. Abaixei levemente e lhe beijei os lábios. A sensação de tê-lo tão perto e estar com ele não havia preço. Eu estava feliz por estar com ele. Finalmente, mas havia um assunto que que precisávamos resolver.
- Posso saber porque está com essa cara tão séria?
Ri brevemente. Não era nada que devesse ser complicado, mas era necessário.
- Chiquinha. - disse por fim.
Ele deu um sorriso e se levantou, limpou as mãos na bermuda jeans, olhou para o horizonte por um instante e me estendeu a mão. Eu não estava entendendo o motivo pelo qual ele estava sorrindo.
- Então vamos sr. Rodrigues. – disse ele com um leve sorriso nos lábios.
- Porque está rindo? – perguntei encafifado com aquela expressão de estar se divertindo com alguma coisa.
***
Ele desceu do carro e me esperou que eu desse a volta e ficasse do seu lado, estendeu a mão e eu a segurei. Atravessamos o portão e fomos direto para a casa do sr. Madruga. Ele me olhou com o mesmo sorriso enquanto eu batia na porta de madeira.
A porta se abriu e sr. Madruga apareceu na porta, abriu um largo sorriso ao me ver, mas olhou brevemente para a minha mão segurando a de Frederico. Ele piscou algumas vezes e olhou brevemente para cima, olhou para nós dois e para as nossas mãos. Dei uma pequena risada, porque a cara de confusão do sr. Madruga era nítida. Ele olhou para nós e engoliu em seco e tirou o chapéu da cabeça e pôs perto do peito.
- Meninos, vocês estão juntos?
- É. Estamos sr. Madruga.
- Poxa vida, é que eu nunca vi de perto assim, digo sei que existem muitas pessoas como vocês – ele estava sem jeito e nervoso.
- Não se preocupe, ainda somos as mesmas crianças que o senhor viu crescer.
- Isso eu sei, na verdade é que eu tenho uma curiosidade sobre... É quem que...
Quico e eu começamos a rir, quando ele deu um pulo ao ouvir a voz de Chiquinha, saindo do quarto.
- Papaizinho lindo meu amor! – ela faz uma pausa e vê que estamos na porta – Ah entrem pessoal, o que fazem do lado de fora. Papai hora do seu remédio.
Sr. Madruga coloca o chapéu novamente em sua cabeça e se vira indo e direção a Chiquinha. Ele pega o pequeno comprimido branco e o copo de água e toma o remédio. Eu me sento na cadeira da velha mesa de madeira de quatro lugares enquanto Quico se senta do lado oposto, ela nos olha e se senta.
- E que cara são essas? Quero dizer, que cara é essa sua Chaves?
Quico parecia claramente está se divertindo com toda a situação, mas eu não via o motivo para tanto.
- É que eu quero falar que eu... – começo a dizer.
- Gays? Ah isso eu já sabia... – diz ela olhando para mim com uma cara seria. – E...
- Como assim você já sabia?
- Se as bochechas de buldogue é, e vocês chegarão de mãos dadas, porque ainda não estou cega. Imaginei que fosse isso. – disse ela enquanto Frederico ria ao fundo.
- Então...
- Ele estava com ciúmes de você Chiquinha... – disse Quico em meio aos risos.
- Só não é mais burro porque chegou atrasado na fila de cérebros. – disse ela enquanto se levantava e pegava um copo com água.
- Mas eu vi vocês dois, imaginei...
- O que? Que eu e o Quico estávamos juntos? – ela riu – Eu só estava ajudando-o fingindo ser namorada dele.
- Porque não me disse isso Quico? – perguntei confuso.
- Você não perguntou, besta.
- Já se vê que sua comunicação não mudou muito Chaves. – diz ela enquanto bebia e se sentava novamente. – Se era isso nem se preocupe, somos só amigos.
- E como você descobriu?
- Peguei ele e o Nhonho se beijando escondido. Popis caiu dura no chão quando viu – disse ela rindo.
- Pera seu primeiro beijo foi com o Nhonho? – olhei sério para Quico.
- Não faça drama, em mim que você não deu seu primeiro beijo.
- Então eu fiquei preocupado à toa. Pera você não é lésbica ou é?
Ela gargalhou.
- Nãããããão!
Meu celular começa a vibrar dentro do bolso, o pego e atendo automaticamente a voz de minha mãe e de meu pai saem juntas como um coro quase quando me ligam.
- Então filho, quando vamos conhecer os pais do seu namorado? Precisamos falar dos nossos netos.
- Mãe! – falo em protesto.
- Nem adianta reclamar já estamos a caminho da vila para um chá. Estou tão animada!
- Querida, eles estão só namorando – diz meu pai em meio a uma gargalhada.
- Querido eu entendo dessas coisas, já até contratei um escritor para escrever um livro. Precisamos deixar essa história registrada. Meus netos vão adorar saber.
- Mãe! – digo em protesto.
- Tá, tá, tá, não seja tão antiquado filho. E a propósito um rapaz te ligou, Nhonho. Disse que precisa falar com você... – ela faz uma pequena pausa – Preciso desligar querido o policial não quer eu dirija ao telefone. Até já, já.
Apenas ouço o som de bips consecutivos e desligo o telefone. Quico me olha com um semblante preocupado e pergunta:
- O que houve?
- Meus pais estão vindo para cá.
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A Velha Vizinhança | Fanfic BL do Chaves
ФанфикJá fazia oito anos que ele não pisava naquele pátio, onde todas as suas lembranças de repente vieram a tona. Ele havia crescido e mudado assim como todos ali. Ele esperava encontrar apenas os amigos daquela época, mas ele acaba encontrando o amor.