Capítulo I

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O barulho do salto alto modelo scarpin preto ressoava pelo assoalho de madeira brilhoso. A figura de altura baixa vestida com uma bela saia colada ao corpo chamava atenção dos jovens que estavam no corredor. Os olhares acompanhavam todo seu trajeto, como se estivessem em um desfile e aquela mulher fosse uma famosa modelo. Havia certa imponência em seu pisar, o som que ecoava conseguia transmitir confiança, talvez por isso todos prendiam sua atenção nela. Mas não, ela não era uma modelo, tão pouco famosa. Era uma anônima com uma vida normal como a grande maioria da população. Talvez pudesse se dizer que seu nome era reconhecido no mundo acadêmico e literário, mas fora disso, seu dia a dia era comum, com algumas poucas aventuras quando sobrava tempo.

Seu corpo marcado pela roupa deveras colada, porém sem ser vulgar fazia uma curva no final do corredor a direita parando em frente a uma porta de madeira avermelhada com um vidro fosco, na qual, através da vidraça era possível ver algumas sombras correndo. Os jovens que estavam pelo corredor já haviam se dispersado, parecia que tinham se reunido apenas para verem a mulher altiva desfilar. Um som de sino ecoava pelos corredores amplos. A mulher respira fundo e abre a porta da sala com um sorriso sem mostrar os dentes estampado em seu rosto.

- Bom dia turma - Ela fala colocando um livro e sua bolsa em cima da mesa localizada no centro da sala. Atrás de si, havia um quadro verde com algumas fórmulas escritas a giz. Ela começa a apagar o quadro enquanto espera seus alunos se organizarem.

- Professora, bom dia - Uma jovem garota de altura mediana morena e de cabelos compridos pretos lisos chama a atenção da mulher - recebi ontem esse comunicado da universidade sobre uma excursão prática, como faço para me inscrever? Vi que são poucas vagas.

- Rachel vou falar sobre isso daqui a pouco - A garota balança a cabeça e volta para sua cadeira na primeira fileira. Era uma das poucas alunas que realmente se empenhava.

- Pessoal, novamente bom dia - em uníssono todos lhe devolvem o bom dia - me chamo Waverly, só para relembrar aqueles que depois de 4 meses de aula ainda não decoraram meu nome - a turma ri.

A mulher de salto alto, saia colada na altura do joelho e camisa social branca estava de pé encostada na mesa de madeira centralizada no interior da sala. A luz da vidraçaria antiga iluminava o ambiente, mas principalmente aquela figura central, na qual a atenção dos demais estava concentrada nela.

A turma possuía um pouco mais de 20 alunos, todos nos últimos semestres da faculdade. Por vezes ela sentia que precisava instigar eles, já que o cansaço tomava conta daqueles últimos anos de universidade. Ela entendia esse sentimento, pois já havia passado por isso, apesar que estudar nunca foi algo entediante muito menos cansativo, sentia que a rotina repetitiva era o que lhe desgastava por isso sempre que podia inovava de alguma forma e não era diferente com seus alunos.

- Bom, a colega de vocês Rachel veio me perguntar sobre uma excursão, que acho que vocês devem ter recebido a mensagem da coordenadora do Departamento de História. Vou fingir que nenhum de vocês leu a mensagem mas como bons alunos que são eu tenho certeza de que todos leram - Ela sorri enquanto caminha pela sala se aproximando de alguns alunos - Teremos uma excursão daqui a uma semana para uma cidade próximo daqui, chamada Calgary. Confesso que não entendi muito bem a proposta do Departamento, mas estou aqui para cumprir ordens. Infelizmente, temos poucas vagas, serão apenas 5 pessoas que terão o prazer ou não de viajar comigo durante o final de semana.

- Terá que pagar alguma coisa, professora Waverly? - Um rapaz no fundo da sala com braço levantado perguntou. Ela procurava a voz entre os alunos, reconhecia todas as vozes e associava o nome sempre a um rosto. Possuía uma memória extraordinária.

- Não, senhor Clanton, tudo pago pela universidade. Já acrescentando a pergunta do Billy, as inscrições estão abertas no site da universidade, os 5 primeiros que responderem a um questionário irão na viagem. Eu sei que não é o final de semana dos sonhos de vocês, mas pode ser uma boa oportunidade para terem uma experiência mais prática de como é estudar História.

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