6. The Bad Death

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Sangue fluiu para todos os lados, encharcou os dois. E ainda assim, eles não pararam de se olhar, como poderiam? Estavam apaixonados. Aquele ato... aquele ato... ficou bem claro para os dois.... fora um erro, não era Gerard, ele não havia feito aquilo. Como teria feito? Way queria passar toda a sua vida com seu doce Frankie. Vê-lo engasgar em seu próprio sangue, com olhos confusos e assustados, nunca fez parte de seu plano. Ele mesmo se espantou, fazendo o que não deveria fazer para tentar salvar a vida de seu amado, arrancar a tesoura cravada em sua garganta como se arranca um dente mole. Oh não... aquilo só piorou tudo. O sangramento agora parecia escorrer como se vindo de uma torneira quebrada. Seus olhos âmbares estavam escancarados, sua boca bem aberta como se estivesse buscando por um ar que apenas o fazia se sentir mais intoxicado com a vida.

"Frankie!" Gerard exclamou, envolvendo as mãos ao redor da garganta dele, com a nobre intenção de estancar o sangramento; não funcionou. "Frankie, não!"

Ele piscou em sua direção, e movimentou a boca como se quisesse dizer algo, mas não disse nada, não conseguia, ficou calado, encarando-o daquele jeito desesperado. Gerard sentiu a maior das aflições, ver o amor de sua vida indo embora era como ver uma enfermeira amputando sua perna depois de uma guerra não vencida. Havia tanto tremor e tanta confusão no ar, que Way não fora capaz de pensar racionalmente, como sempre fazia. Seu coração estava se quebrando em um milhão de pedaços, pois ele sabia o que viria, e o que não tardou a vir: um último suspiro, uma última olhada, sem uma última palavra.

Uma dor aguda, quase debilitante, rugiu por todo o corpo de Gerard, e uma sensação de desfalecimento o dominou completamente;
ele lamuriou alto o bastante para que cada poro de seu corpo tivesse consciência do que havia feito; gritou como um amante desolado no leito de sua mais bela preciosidade, sem entender o que de fato havia ocorrido.

Seus braços tremiam, quando se aproximou dele para balançar seu ombro. "Frankie?" Chamou uma última vez, em choque; ele não se movia, seus olhos... estavam abertos e congelados em seu rosto, os últimos resquícios de quem ele foi, cravados em Gerard como se este fosse o único capaz de salvo-lo; estava tudo errado, Way se negava a acreditar no que estava vendo.

Gerard grunhiu, ao sentir uma vibração esquisita em seu estômago, algo como um sopro de ar, dançando através de sua camiseta e deixando seu corpo. Sentiu calafrios com aquilo, e pulou no sofá, ao ver uma massa se dispersar no ar, uma coisa preta, parecida com uma nuvem. O que diabos era aquilo? Só podia ser o resultado de seu mais novo trauma, deixando seu corpo para assombrar sua vida.

Frank não merecia aquilo. Não merecia uma morte ruim; a morte ruim era o fenômeno de morrer uma morte indigna e traumatizante. Como ter um ar condicionado caindo em sua cabeça, ou uma multidão pisando em sua cabeça. Iero teve uma das piores mortes que se poderia ter, o tipo de morte que provinha dos pesadelos mais sangrentos. Como ele poderia imaginar, que seu amante, sob influências malignas cravaria uma tesoura em sua garganta? Como poderia imaginar tal traição vinda de alguém que lhe jurava amor eterno?

Gerard mesmo não entendia, ele não conseguia juntar as peças; não fora o responsável por aquele desastre, de forma alguma! Pensou se não estava louco, lentamente sucumbindo a um estado de inconsciência que o levasse a fazer aquilo. Pensou em tantas coisas, que não viu o tempo passar.

Uma, duas, três horas...

Nu e trêmulo naquele sofá, segurando seu querido como se nada mais existisse naquele mundo, sentiu os primeiros raios de sol antingirem seu rosto, esquentando seus ombros e iluminando a sala. Acariciou seu belo rosto, hesitantemente fechando seus lindos olhos sem vida com mãos trêmulas. Logo mais, pessoas chegariam, e se alguém o encontrasse, seria seu fim.

The Morgue's Ghost † Frerard Onde histórias criam vida. Descubra agora