Que roupa eu coloco?
Acabo vestindo uma calça jeans e uma blusa preta. Prendo o cabelo num rabo alto e às 13h o interfone toca. Que pontual! Certa de que é ele, não atendo. Que tente de novo. Dez segundos depois, toca novamente. Sorrio. Pego o interfone e pergunto indiferente:
— Sim?
— Desce. Estou te esperando.
Uau! Nem um bom-dia, nem nada.
O Senhor Mandão está de volta!
Depois de pegar minhas coisas e minha bolsa, saio de casa esperando que meu look com jeans não lhe agrade nem um pouco e que ele desista de sair comigo. Mas fico maravilhada quando chego à rua e o vejo de calça jeans e blusa preta ao lado de uma espetacular Ferrari vermelha que me deixa sem palavras. Ah, se meu pai visse isso!
O sorriso volta a meus lábios. Adorei!
— É sua? — pergunto, aproximando-me de Serkan.
Dá de ombros e não responde.
Então presumo que o carro é alugado e me apaixono à primeira vista por aquela máquina imponente. Passo a mão com delicadeza, enquanto sinto que Serkan olha para mim.
— Posso dirigir? — pergunto.
— Não.
— Ah, vaaaaaai — insisto. — Não seja desmancha prazeres. Deixa, por favor! Meu pai tem uma oficina mecânica e te garanto que sei o que fazer.
Serkan olha para mim. Eu olho de volta.
Ele suspira e eu sorrio. Por fim, nega com a cabeça.
— Me mostre um lugar que goste e, se você se comportar direitinho, talvez eu deixe você dirigir. — Isso me empolga e ele continua: — Eu dirijo e você me diz aonde ir. Então, aonde vamos?
Fico pensando um minuto, mas em seguida respondo:
— O que acha de irmos a um lugar onde possamos comer e depois ver o por do sol?
Não responde, então dou a direção e mergulhamos no trânsito. Enquanto ele dirige, aproveito o fato de estar numa Ferrari. Surreal! Aumento o volume do rádio. Adoro essa música da Natasha Bedingfield. Aumento de novo. Ele abaixa mais uma vez.
— Assim não consigo ouvir a música! — protesto.
— Está surda?
— Não... não estou, mas um pouco de animação dentro de um carro não é nada mau.
— Mas também tem que cantar?
Essa pergunta me pega tão de surpresa que respondo: — Qual é o problema? Você não canta nunca?
— Não.
— Por quê?
Contrai a expressão do rosto enquanto pensa... pensa... e pensa.
— Sinceramente, não sei — responde, enfim.
Espantada com isso, eu olho para ele e digo:
— Mas ouvir música é uma coisa maravilhosa. Minha mãe sempre dizia que quem canta seus males espanta, e algumas letras podem ser tão significativas pro ser humano que até são capazes de nos ajudar a entendermos nossos sentimentos.
— Você fala da sua mãe no passado. Por quê?
— Morreu há alguns anos.
Serkan toca minha mão.
— Sinto muito, Eda — murmura.
Faço um gesto de compreensão com a cabeça e, sem querer parar de falar sobre a minha mãe, acrescento:
— Ela adorava cantar e eu também adoro.
— E você não tem vergonha de cantar na minha frente?
— Não, por quê? — respondo, dando de ombros.
— Sei lá, Eda. Talvez por pudor.
— Que nada! Sou viciada em música e passo o dia cantarolando. Sério, eu recomendo. Volto a aumentar o volume e, demonstrando a pouca vergonha que tenho, mexo os ombros e cantarolo:I got a pocket, got a pocketful of sunshine
I got a love, and I know that it's all mine, oh
Do what you want, but you're never gonna break me
Sticks and stones are never gonna shake me, noIsso me dá confiança e eu continuo cantando, música após música. Ao chegarmos ao centro da cidade, paramos a Ferrari num estacionamento subterrâneo, e eu olho com tristeza para o carro enquanto nos afastamos dele. Serkan percebe e sussurra ao pé do meu ouvido:
— Lembre-se. Se você se comportar bem, vou te deixar dirigir.
Minha expressão muda, e um tremor de alegria me domina por completo quando eu o ouço rir. Finalmente! Ele sabe rir! Tem uma risada muito bonita. É algo que ele não faz muito, mas, nas poucas vezes que faz, é encantador. Após sair do estacionamento, me pega pela mão com firmeza. Isso me surpreende e, como me agrada, não a retiro. Vejo que ele se maravilha com tudo o que vê, enquanto continuamos nosso passeio. Quando chegamos está fechado e, como a fome começa a bater, sugiro almoçarmos num restaurante italiano de uns amigos meus.
Ao chegarmos, meus amigos nos cumprimentam encantados. Logo nos acomodam numa mesinha meio afastada das outras e, depois de pedirmos os pratos, eles nos trazem algo para beber.
— É boa a comida daqui?
— A melhor que tem. Giovanni e Pepa cozinham muito bem. E posso te garantir que todos os produtos vêm diretamente de Milão.
Dez minutos depois, ele comprova o que eu disse ao degustar uma saborosa mozarela de búfala com tomate.
— Uma delícia.
Tira mais um pedaço e me oferece. Aceito.
— Não é? — digo. — Eu te falei.
Faz que sim com a cabeça. Pega outro pedaço e volta a me oferecer. E eu aceito de novo, entrando no seu jogo. Agora sou eu que tiro um pedacinho e dou a ele. Comemos da mão do outro sem nos importarmos com o que as pessoas ao nosso redor estão pensando. Terminada a mozarela, Serkan limpa a boca com o guardanapo e olha para mim.
— Quero te propor uma coisa — diz.
— Hummmmm... Vindo de quem vem, tenho certeza de que é algo indecente.
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Peça-me o que quiser
Fanfic+18 História da estagiaria Eda Yildiz e seu chefe, Serkan Bolat. Recém-chegado ao comando da empresa Art Life, antes dirigida por seu pai, Serkan tem uma atração instantânea pelo jeito divertido de Eda e exigirá que ela o acompanhe nas viagens de tr...