Capítulo 13

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— Noah, abre a porta, por favor. — Sofya bate na porta mais uma vez. Nenhuma resposta foi ouvida. Savannah e ela se entreolharam, preocupadas, ele não saiu do quarto desde a noite passada.

— Ele ainda não quer sair? — Joalin chega no corredor. As duas balançam a cabeça negativamente.

— Não o julgo por isso. — Savannah comentou. — Josh, Bailey e Any exageraram. Aqueles três parecem que não tem coração. Se eles querem uma coisa, eles conseguem, mas não se importam de passar por cima ou machucar alguém no processo.

— Por isso eles sempre conseguem. Passar por cima, definitivamente, não é a melhor estratégia, mas sempre funciona. — Joalin encara a porta de madeira branca sem saber o que fazer. Já tinham tentado de tudo para fazê-lo sair, e já estava tarde.

— Ele deve estar com fome — Sofya disse. Talvez um prato de comida o fizesse ceder e abrir a porta.

— Pedi para trazerem o jantar para ele, mas disseram que ele nem respondeu. — Savannah suspirou, chateada. Isso não estava certo. Ela e as irmãs se esforçaram para fazer Noah se sentir bem e querido, aí vem seus irmãos e Any e estragam tudo.

— Vocês deveriam ir dormir, está tarde. — As três se viram ao som da voz de Bailey no topo da escada. A postura estava reta e séria como sempre, intimidadora, como se não desse espaço para questionamentos. — Vocês duas têm aula amanhã. — Ele disse, se referindo a Sofya e Savannah.

— Não acho que você tenha alguma credibilidade para nos mandar fazer alguma coisa. — Sofya rebateu. Bailey suspirou, irritado, mas deu de ombros com indiferença e passou por elas, indo para o próprio quarto.

— Eu vou tentar falar com ele, será que alguém tem a chave do quarto? — Savannah perguntou.

— Acho que as chaves reservas estão lá na cozinha, eu vou buscar. — Sofya desceu as escadas depressa, o robe de seda rosa e os cabelos loiros soltos balançando ao vento. Joalin riu baixinho quando ela quase tropeçou no penúltimo degrau, mas logo se recuperou. Ela entrou na cozinha, e as outras duas a perderam de vista.

— Acha que Josh sentiu algum arrependimento de ter feito aquilo? —Savannah perguntou. O irmão sempre foi muito frio e indiferente ao sentimento alheio, isso não era novidade para ela, ela só queria que alguma vez na vida Josh mostrasse empatia por algum outro ser humano.

— Difícil dizer quando se trata do Josh, mas acho que sim. Ele fugiu disso. Ele nunca foge das coisas. Normalmente eles só nos ignorariam com total desdém e seguiria a vida — Joalin morde o lábio inferior, pensativa. Ela estava deixando passar algo. Algo importante. Ela só não sabia o quê.

— Achei a chave! — Sofya sorri, orgulhosa de si mesma. Savannah arranca o pedaço de ferro moldado de sua mão e destranca a porta. Mesmo com a brecha, ela bate na porta duas vezes e diz:

— Noah, é a Savannah. Estamos preocupadas com você. — Nenhuma resposta. Ela virou a cabeça para olhar as duas irmãs, se perguntando o que deveria fazer. As duas deram de ombros sem ideias e ela suspirou. — Olha, eu vou entrar. Não precisa falar comigo se não quiser, só quero ter certeza de que você está bem — ela avisou. A garota abriu mais a porta e se esgueirou para dentro do quarto. Noah estava todo empacotado nos lençóis grossos de costas para ela. Por um momento Savannah pensou que ele estivesse dormindo, e por isso não havia respondido, mas ela ouviu os soluços baixinhos que ele soltava e atravessou o quarto, parando na frente dele.

Savannah se abaixou, observando o rosto inchado e vermelho do moreno e esticou a mão para fazer um carinho em seus cabelos. Noah olhou para ela com os olhos grandes e vermelhos, já pesados de tanto chorar.

— Olha, Noah, eu entendo você. — Noah soltou um resmungo baixo.

— Como você pode entender? — Ele perguntou em um fio de voz.

— Eu sei que o que eles fizeram ontem te deixou triste por causa do que você já passou.

— Não me olhe assim. Detesto que sintam pena de mim. — Ele disparou. Savannah sorriu levemente, assentindo com a cabeça. — Eu só... eu sei que o seu irmão é difícil e eu não sou parte da família de vocês. Mas eu me senti traído. Eu confiei nele. — Noah realmente estava se sentindo mal. Era mais do que se sentir triste. Parecia que Josh o tinha apunhalado bem no coração, e que essa ferida não parava de sangrar.

— Essa família é complicada. Acho que todos nós temos a nossa cota de traumas. — Savannah soltou uma risada sem humor. — É uma merda. O Josh é um idiota, mas ele é assim mesmo. Sempre foi. — Noah sentiu o coração doer mais ainda. Ele agiria sempre assim então? O decepcionando e o traindo? Ele não gostou disso.

— Ele sempre foi idiota assim? — Ele perguntou, amargo.

— Sim. — A garota não pôde evitar de se entristecer por isso também. Josh nunca foi o melhor irmão do mundo. Mas ele também não se esforçava para ser minimamente bom. — O que acha de descer e assistir um filme comigo? — Ela sorriu, esperançosa. Noah apenas puxou os cobertores mais para cima e balançou a cabeça negativamente. Savannah entendeu que ele queria ficar sozinho e não insistiu mais. — Josh vai ficar fora por um tempo. — Noah nem se moveu. — Vou passar aqui amanhã antes de ir para o colégio. Vamos tomar café da manhã juntos, o que você acha?

— Parece legal. — Savannah vê aquilo como um avanço e sorri brevemente antes de sair do quarto, deixando Noah sozinho com seus próprios pensamentos.

...

— Bom dia. — Josh sorri de canto quando a garota abre a porta ainda de pijama. Heyoon olha ele de cima a baixo e ergue uma sobrancelha.

— O que está fazendo aqui?

— É assim que você recepciona seus amigos? — Ele perguntou, sarcástico. Ela revirou os olhos, impaciente e entrou no apartamento, deixando a porta aberta para que o loiro entrasse. Josh arrastou a mala para dentro do apartamento e fechou a porta atrás de si usando o pé. Ele seguiu o cheiro de panquecas quentinhas até a pequena cozinha e se sentou no balcão ao lado da coreana que comia sem se importar com a presença do outro.

— São 10 horas da manhã. Por que está aqui? — Ela perguntou, sem tirar a atenção das suas panquecas com cobertura de chocolate e morangos picados. Josh praticamente babou olhando para as panquecas sentindo seu estômago roncar.

— Aconteceram algumas coisas no Canadá, não estava afim de ficar lá. — Ele continuou fitando as panquecas, meio hipnotizado. — Não vai me oferecer nada para comer? Você já foi mais educada — ele provocou.

— O que aconteceu? — Ela ignorou as farpas, se virando para analisar o velho amigo.

— Nada que eu queira conversar. — Heyoon deu de ombros. Não importa o que ela quisesse saber, ou importunasse Josh para saber, ela não conseguiria.

— Tudo bem. — Ela arrastou o prato com as panquecas quase intocadas pela bancada, deixando-o na frente de Josh que não esperou muito para atacá-las com vontade. — Vai ficar por quanto tempo por aqui?

— Acho que umas duas semanas. Ressurgiu um problema que preciso de ajuda para cuidar.

— Sabia que a sua visita não era por pura saudade. — Ela provocou. Josh sorriu malicioso para ela.

— Sabe que eu sinto saudades de você. — Heyoon revirou os olhos, percebendo a malícia no olhar do loiro.

—Como estão todos? — Ela mudou de assunto. Josh fez uma careta e revirou os olhos.

— Insuportáveis como sempre. — Heyoon inclinou a cabeça para o lado, desconfiada. Tinha algo acontecendo e o loiro não iria a contar, pelo menos não enquanto ele estivesse ali, mas ela iria descobrir.

Verde, Azul e DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora