Prisoner

2 - Why can't you just let me go?

"Prisoner, prisoner, locked up

Can't get you off my mind, off my mind

Lord knows I tried a million times, million times

Why can't you, why can't you just let me go?"

Draco sabia que não poderia evitar Blaise por muito tempo; contudo, considerando sua raiva e pelo bem da amizade dos dois - isso se sobrasse alguma depois daquela notícia e daquele fatídico acontecimento -, decidiu que deveria ficar alguns dias afastados. Em contrapartida, era de bom-tom que fosse pedir desculpas e esclarecer o porquê daquela situação toda em algum momento, afinal fora Draco quem desferiu o soco. Zabini tampouco se esforçou para entrar em contato, mas o Malfoy não poderia julgá-lo; na realidade, passado seu descontrole, conseguia compreender o amigo. Para seu alívio, Blaise era discreto e, portanto, o ocorrido não chegara aos ouvidos de Nott, Crabbe, Goyle ou pior, Pansy.

Ele possuía um relacionamento complicado com Pansy Parkinson, que consistia em um histórico instável de idas e voltas. Definitivamente, ela não ficaria nada feliz em saber que, o motivo pelo qual foi dispensada, tinha nome e sobrenome. Draco tinha certeza de que Pansy desconfiava que existia outra mulher; porém, não dizia nada, apenas se limitava a continuar vivendo sua vida, como se acreditasse se tratar apenas de uma fase do Malfoy. Apesar disso, ele tinha certeza de que a Parkinson não ficaria quieta diante daquela notícia. Pansy perguntaria com cinismo: "Para que tanto segredo, Draco? No fundo, não somos amigos?" E ele não saberia responder a nenhuma das duas perguntas.

Agora, sentado em seu escritório, tentando, sem sucesso, catalogar alguns objetos novos para sua coleção de antiguidades, ele só conseguia pensar em uma coisa: por que, inferno, havia dado um soco em seu melhor amigo por conta de Astoria? Draco supunha que, não necessariamente, era por conta de Astoria. Talvez apenas fosse a tensão e a adrenalina do momento, mas, no fundo, se fosse ser franco, não possuía lá tanta certeza.

Gostava de transar com Astoria? Muito. Gostava de Astoria? Ele não sabia. Nunca havia precisado ponderar sobre o assunto e, mesmo naquele instante, evitava cavar esse sentimento a fundo. Tudo o que sabia era: cometeu um erro com o melhor amigo e precisava repará-lo. E, mais do que isso, necessitava esclarecer que loucura estava acontecendo entre os dois. À vista disso, horas posteriores, decidido a resolver seus problemas no mesmo dia, aparatou próximo ao Ministério da Magia, perto do horário em que sabia que Blaise estaria mais tranquilo no departamento de Leis e Execuções da Magia.

Entrou na repartição sem muitos problemas, porquanto era comum que visitasse o amigo uma vez ou outra. Era justamente por isso que ficara tão irado. Como Blaise poderia ter ficado noivo de Astoria no intervalo de dez dias - que havia sido a última vez que se viram antes da noite desastrosa - e não contado para ele? Ou tudo acontecera com celeridade, ou já estava sendo premeditado por debaixo dos planos há muito tempo.

A segunda opção o irritava profundamente, pois talvez tudo pudesse ter sido evitado se ambos tivessem sido abertos um com outro: Draco contanto que estava saindo com Astoria e Blaise que estava participando de um suposto casamento arranjado. Ou, na pior das hipóteses, também estava saindo escondido com Astoria. O pensamento o fez estremecer, ainda mais porque a hipótese de ter algo sério com Astoria vergonhosamente não havia lhe ocorrido e era provável de um jeito cruel que ela possuísse razão nas palavras jorradas. Não tinham nada e nem nunca tiveram. Mas isso significava que nunca teriam? Ele não gostava de pensar naquilo, muito embora imaginasse que, se não fosse Blaise, acabaria sendo outro. Destarte, usaria esse trunfo a seu favor e convenceria Zabini a não se casar com Astoria.