I - Sophie

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Eram 7h da manhã e o meu despertador estava a tocar, ou seja, um dia completamente normal. Não me apetecia levantar da cama, por isso deixei-me ficar, pensei que uns 5 minutos a mais deitada não iriam fazer mal nenhum. Fechei os olhos e quando voltei a abri-los estava o meu telemóvel a tocar, era o Oliver, e se ele me estava a ligar era sinal de que estava atrasada. Decidi nem olhar para as horas, não valia a pena, só me ia fazer entrar em stress. Levantei-me num pulo, corri para o meu armário que fica mesmo em frente à minha cama e comecei à procura daquilo que haveria de vestir e, como sempre, estava indecisa, não sabia o que vestir. Ia tirando peças de roupa, encostava cada peça a mim mesma em frente ao espelho, mas nada parecia acertado, parecia que tudo me ficava mal. Finalmente, após uns longos 10 minutos, encontrei a minha camisa comprida às riscas azuis e brancas. Vesti o top preto e só depois a camisa, vesti as calças de ganga clara, calcei as meias e os ténis brancos e azuis. Desci as escadas a correr, peguei no estojo de maquilhagem que estava dentro da mala, fui para a casa de banho e comecei. Primeiro, lavei a cara, de seguida o creme na cara, depois a base, o lápis pretos nos olhos, o rímel preto nas pestanas, o baton vermelho nos lábios. Não me apeteceu comer, normalmente nunca como de manhã. Saí de casa a correr. Já sabia o que ia ouvir dos meus amigos, sempre o mesmo sermão, moro a 10 minutos da escola e mesmo assim consigo chegar sempre atrasada. Estava a imaginar tudo na minha cabeça e só me conseguia rir. Apressei o passo, não queria chegar muito atrasada, não queria ter de ouvir os meus queridos amigos e também o professor. Assim que cheguei à escola lembrei-me que não sabia a sala, aliás nunca sabia, onde ia ser a aula. Mandei mensagem à Andrea, eu sabia que ela me ia responder, ela chegava sempre a horas e respondia tão rápido que parecia já estar à espera que lhe mandasse mensagem. Era no pavilhão 7, fui o mais rápido possível para a sala. Quando lá cheguei, vi que a minha turma ainda não tinha entrado e senti um alívio enorme, mas assim que vi o olhar do Oliver, da Andrea e da Marie cravados em mim já sabia que ia ouvir o tal sermão. Quando cheguei perto deles, começou. Só me apetecia rir. Não é que não os levasse a sério, mas parece que nunca entra nada na minha cabeça.

A parte da manhã era cheia de aulas e à tarde ia para casa atualizar-me nas minhas séries. Como sempre, os intervalos eram animados. Eu gostava do nosso grupo, conseguíamos sempre divertir-nos e nunca existiam momentos parados, era sempre uma animação, mas eu rezava sempre para que a última aula chegasse para me poder ir embora. Acho que alguns dias passavam mais rápido que outros e aquele era um dos que passavam rápido. A última aula chegou. Quando acabou, saímos da sala, saímos da escola e despedimo-nos uns dos outros. Cada um ia para sua casa sabe-se lá fazer o quê. Quando cheguei a casa atirei a mala para a cadeira e dei por mim a sentir alguma fome, mas preguiçosa como sou, não me apetecia cozinhar, por isso fiquei-me com os restos do jantar do dia anterior. Aqueci no micro-ondas e fui sentar-me no sofá. Não estava a conseguir decidir-me sobre que série ver, mas lembrei-me que não tinha visto o novo episódio da The Walking Dead, por isso procurei e pus play. Ia comendo e, ao mesmo tempo, ia vendo a série. No fim do episódio, levantei-me e fui pôr o prato na cozinha, lavei-o, lavei os talheres, lavei o copo e voltei para o sofá. Reparei que o meu telemóvel estava a piscar. Tinha uma mensagem no whatsapp, quem seria? Abri a aplicação. Era um voice do Oliver. Mas o que quereria ele? Ouvi. Estava a convidar-me para o concerto do David Carreira, um cantor que ele adorava, mas que a mim não me dizia nada. Ele não queria ir sozinho, queria companhia. Acabei por dizer que sim e fui pesquisar músicas do tal David Carreira. Admito que gostei de algumas e até achei o rapaz bastante atraente. Para minha surpresa, acabei por ficar um pouco ansiosa para o concerto. De certeza que me ia divertir, adoro concertos.

(...)

O dia do concerto tinha chegado. Eu e o Oliver tínhamos decidido ir para lá mais cedo, pois quanto mais perto melhor, não é verdade? O pai do Oliver deu-nos boleia até ao Coliseu dos Recreios onde iria ser o concerto. Quando chegámos já lá estavam algumas pessoas, mas existiam duas filas, ficámos um pouco confusos. Fui perguntar onde era a fila e explicaram-me que era uma fila para cada porta. Estudámos um pouco as filas para ver qual era mais curta, até que nos decidimos pela primeira porta. O dia foi passando, fomos falando com algumas pessoas que estavam na fila, tirámos umas selfies e quando se estava a aproximar a hora do concerto puseram um cartaz do tal David Carreira ao pé de uma mesa. Fiquei a olhar para o cartaz e a pensar que o rapaz não era nada mau, estava a ficar mais interessada nele a pouco e pouco. Ele ia dar uma sessão de autógrafos depois do concerto, mas tinha que ser com algo oficial dele. Fiquei a pensar, mas porquê? Eu, obviamente, não tinha nada e o Oliver tinha CDs mas queria comprar o CD francês dele. Acabei por comprar duas fotografias, afinal achava-o bastante hot e queria estar mais perto dele, falar com ele por momentos, o Oliver comprou o CD francês e também umas fotografias para ele poder assinar. Passado algum tempo, começaram a deixar avançar pessoas. Pediram-nos que nos juntássemos dois a dois, íamos entrar para a sala onde ia ser o concerto. Comecei a ficar cada vez mais nervosa, nem sabia bem porquê, mas tinha um bom feeling em relação ao concerto e àquela noite. 

Eu e o Oliver fomos avançando e quase fomos parados pelo segurança, mas conseguimos ficar no primeiro grupo que iria entrar. Tínhamos decidido que íamos ficar no balcão, pois, provavelmente, a plateia ia estar a abarrotar. Chegou a hora. Os que estavam à nossa frente começaram a entrar, nós fomos avançando, passaram os nossos bilhetes e entrámos. Fomos quase a correr, fomos com o passo tão apressado que o meu coração parecia que ia saltar pela boca. Quando chegámos à sala vimos que a plateia tinha poucas pessoas, logo ficámos na plateia, na 2ª fila. O concerto estava quase a começar e eu cada vez mais nervosa. De repente, começa a música, ele entra e a minha boca abriu-se. Ele não podia ser real.

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