V - David

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A conversa começou, senti uma atração pela sua voz, perguntava-me se estaria a ficar in love.

Apesar de não a conhecer e ser reservado com a minha vida, não gosto de me expor para os outros, com ela era diferente, sentia que podia falar sobre tudo. Só esperava não estar errado. Falámos sobre tudo e sobre nada, eu só a queria ouvir, apercebi-me que desejava estar com ela, eu necessitava de sentir o seu cheiro.

- Sophie ... - Apesar de ser um rapaz tímido ia dizer-lhe o que estava a sentir, estava nervoso, inquieto.

Mas fui interrompido por ela:

- Eu sei, eu sei. Não posso deixar-me levar. - A sua voz expressava tristeza, não era aquilo que eu queria dizer, mas a coragem fugiu.

Continuámos a falar, eram 03h da manhã, disse-me que precisava de ir dormir porque tinha de se levantar às 07h, eu compreendi e despedi-me, ela retribuiu e eu correspondi, repetimos as despedidas umas quatro vezes e logo surgiu um novo tema de conversa, nenhum de nós queria desligar.

Nunca tinha falado tanto tempo e sobre tanta coisa sobre mim com uma pessoa que mal conhecia, mas a Sophie era diferente, era especial.

Eram 04h da manhã quando nos despedimos, disse-lhe que também tinha de trabalhar no dia seguinte, ia dar uma entrevista e não podia demonstrar o cansaço, mandei-lhe um beijo e pedi-lhe que sonhasse comigo, pois eu sonharia com ela.

08h30 da manhã, já estava no estúdio para a entrevista, tiravam-me algumas fotografias para a revista e redes sociais do programa. O apresentador chegou, deu-me as boas vindas e disse-me para ficar confortável, era um tipo porreiro. 

Resolvi ligar à Sophie para saber como estava, eu tinha de a ver, rejeitou-me a chamada e logo depois recebi uma mensagem a dizer que estava em aulas, perguntei o nome da escola e quando recebi resposta fui à net procurar o número. Liguei para lá, demoraram algum tempo a atender, depois quando ouvi uma voz do outro lado inventei uma história. Era um amigo que vinha do estrangeiro mas não sabia o horário dela nem a turma, a mulher do outro lado não foi muito simpática, então tive de lhe explicar que os pais dela estavam a trabalhar e que eu ia ficar em casa dela durante uns dias. Disse-lhe que estava no último ano e que se chamava Sophie, ao fim de algum tempo a mulher regressou com duas raparigas, perguntou-me se sabia o nome de algum colega e lembrei-me do Oliver, calculei que devessem ser da mesma turma. Segundos depois ouvi o que queria, saía às 13h, agradeci e desliguei. Enviei mensagem para ela a combinar um encontro, "Às 13h está no portão com o Oliver".

Faltavam poucos minutos para o programa começar a gravar, sentámo-nos nas cadeiras, antes de começar perguntou-me se havia algum assunto que eu não quisesse falar, pensei e disse que podia perguntar o que quisesse. Estava na altura.

- Olá, sejam bem vindos a mais um Fragmentos. Hoje tenho como convidado, David Carreira. Olá David. - Começou ele.

A entrevista estava a correr bem abordava vários temas, pessoais, profissionais e sobre o mundo em geral, era uma entrevista diferente. Tinha passado uma hora.

- E para concluir ... O que quer o teu coração? - Aquela era a pergunta que ele fazia a toda a gente, só me lembrei da Sophie, do sorriso dela.

Depois da entrevista recebi uma chamada para ir ao estúdio, precisavam de decidir umas cenas para o novo álbum, olhei para as horas e vi que não ia estar a tempo à porta da escola. Pedi à produtora para enviar um carro até à escola para os ir buscar, aceitaram sem perguntas.

Tinha resolvido os problemas e estava a ensaiar, olhei para o relógio, eram 13h30, não deviam demorar muito.

Estava a testar um novo som, "Só Teu" quando ouvi um estrondo ...

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