III - Sophie

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Mas que tom era aquele? Seria a minha cabeça a imaginar o tom de voz dele ou ele estava mesmo a falar daquela maneira? Olhei para o Oliver e estava a rir-se, só não sabia se se estava a rir de mim e da minha figura ou da situação. O David tinha falado comigo, tinha de lhe responder, não queria parecer uma parva, saiu-me:

- Olá - comecei a sentir-me mais quente. De certeza que estava a corar e aquela palavra tinha saído ao mesmo tempo que um risinho muito estúpido. Mas o que estava eu a fazer?

- Então, gostaste do concerto?

O quê? Han? Mas estás a falar comigo outra vez? Estás a continuar a falar comigo? Estava nervosa, assustada, tímida e muito mais, tudo ao mesmo tempo. O pior é que estava com aquele sorriso parvo na cara. Oh Sophie, mas o que se está a passar contigo?

- Sim, gostei. Foi o meu primeiro concerto.

Okay, já estava a conseguir proferir mais do que uma só palavra. As coisas estavam a melhorar, já estava um pouco menos nervosa, pelo menos o suficiente para conseguir falar alguma coisa de jeito. Ele estava tão giro e tão... Nem sei. O tom de voz dele continuava a ser mais sensual do que o normal, talvez fosse isso que me estava a deixar maluca. Enfim, o importante é que estava a correr tudo muito melhor, estava a ficar mais à vontade.

- És muito gira.

Mas? Não foi para mim de certeza. Era a voz do David? Olhei para ele e vi que os olhos dele estavam nos meus. Meu deus, tinha sido mesmo para mim. O que é que haveria de fazer? Agora que me estava a sentir mais à vontade ele lança uma destas? Voltei-me para o Oliver, este estava a sorrir e a rir. Mas que sorte a minha! Acabou por me sair um obrigado muito baixo, muito tímido, mas acompanhado por um sorriso. Eu nem conseguia parar de sorrir! Uma mulher, nem sei quem era, da equipa dele, suponho, disse que tirava a fotografia e assim foi. Consegui pôr o papel onde tinha o meu número no bolso do casaco dele. Tive medo que ele me apanhasse ou que as pessoas da equipa dele me tivessem visto e que dissessem alguma coisa. Felizmente, ninguém disse nada e já estava. O papel estava no bolso dele, estava com ele. Era só rezar para que ele o visse e não decidisse deitar fora. Mostrei as fotografias ao David e pedi-lhe que assinasse uma delas e do nada, nem sei bem o que me deu na cabeça, falei:

- Tem de ser um autógrafo especial. É a primeira vez.

Ele riu-se e eu quase dei uma chapada a mim própria para me castigar por ter deixado aquelas palavras escaparem da minha boca. Perguntou-me o nome e eu respondi que era Sophie, ele voltou a sorrir e disse:

- Muito gira Sophie.

Outra vez? Este rapaz quer deixar-me maluca ou é só impressão minha? Agradeci outra vez e ele voltou a rir-se. Será que a minha cara estava vermelha que nem um tomate? Eu sentia que sim, mas não tinha a certeza. Lembrei-me que tinha maquilhagem e... será que estava borrada? Será que ele estava a ser irónico? Não... Ele não ia fazer isso, muito menos naquele tom, naquele tom sensual. Afastei-me um bocado, era a vez do Oliver e era a minha vez de me rir dele. O Oliver estava tão nervoso quanto eu e, como sempre, o David foi super simpático. Quando a vez do meu querido amigo chegou ao fim, saímos do pavilhão. O Oliver mandou logo para o ar um comentário sobre a maneira como ele me tinha falado. Afinal não era mesmo da minha cabeça, tinha tudo acabado de acontecer. Nem queria acreditar. Acho que o Oliver estava a gozar comigo e eu só me conseguia rir, não tinha outra reação. Ele começou a ler o autógrafo e eu apercebi-me que nem sequer tinha lido o meu. O Oliver disse que, provavelmente, estava escrito "beijinhos Sophie, David Carreira", porque era o que ele normalmente escrevia, assim como o do Oliver dizia "abraço Oliver, David Carreira", que era o que ele normalmente escrevia para os rapazes.  De qualquer maneira decidi ler, ia imaginá-lo a dizer o que lá estava escrito naquele tom de voz com que me tinha acabado de falar. Comecei a ler:

- Love Sophie, David Carreira.

Não sei bem porquê, achei a coisa mais adorável de sempre e consegui imaginar na perfeição o David a dizê-lo no tal tom de voz sensual e a olhar-me com um toque, também, sensual. O Oliver começou a rir-se. Afinal, não tinha escrito o que normalmente escreve, mas o que estava a acontecer neste mundo? O que é que aquele rapaz me estava a fazer? Só pensava no papel que lhe tinha posto no bolso, iria ele ver o papel? Iria ele dizer alguma coisa? Era um mistério na minha cabeça. Rapidamente o Oliver disse:

- Não fiques com esperanças que ele veja o papel... Eles às vezes nem ligam aos bolsos e há muita roupa que usam quase uma vez por ano.

Parecia que conseguia ler os meus pensamentos. Este rapaz sabia sempre quando dizer a coisa certa e, apesar de sermos opostos de personalidade, dávamo-nos super bem e sempre tinha sentido confiança no Oliver. Sempre achei, desde que me tinha começado a dar com ele, que íamos ser grandes amigos. Dei-lhe razão. Ele tinha razão! Não valia a pena estar a imaginar que ele me ligava ou que me mandava mensagem, porque isso só seria pior para mim. Tentei tirar a ideia da cabeça, mas estava complicado. Finalmente, chegámos ao carro. Nessa noite ia dormir no sofá em casa do Oliver. Chegámos a casa dele e fomos dormir. Claro que sonhei com o David.

Acordei com o Oliver a abanar-me e a dizer que eram horas de acordar, porque a mãe dele ia servir o almoço. Fui à casa de banho vestir-me e sentei-me no sofá. Pensei no David e no que tinha acontecido na noite anterior, aliás há umas horas atrás. Almoçámos e depois lembrei-me que tinha telemóvel e que devia dizer alguma coisa à minha mãe. Peguei nele e vi que tinha uma mensagem, de certeza que era a minha mãe a perguntar se estava tudo bem ou a que horas ia para casa, a segunda hipótese era a mais certa. 

Estranho. Era um número desconhecido. Abri:

- Encontrei o teu papel.

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