A Minha Última Esperança

#6

"Mamã!" Risos. "Mamã!"

Chloe olhou para a menina aturdida. As primeiras palavras da filhinha. "Sim bebé, a mamã está aqui." Ela pegou a menina. Alguém bateu à porta, a batida destinta de Lucifer Morningstar. "Está aberta!" Chloe diz um pouco mais alto.

Lucifer entra. "Tenho a certeza que não é seguro deixar a porta destrancada."

"É completamente seguro aqui Lucifer."

"Não estou tão certo, apenas duas mulheres sozinhas e indefesas." Ele diz.

Chloe trocou o peso da perna. "LU!" A menina no seu colo gritou. Chloe sorri.

"Ela acabou de dizer mamã e Lu. Que fofa. Sim bebé é o Lucifer." Ela aproxima a menina dele.

"Por favor, não." Lucifer afastasse.

"LU!" A menina grita.

"Vá lá! Apenas uma vez."

"Ela não estava doente?" Ele pergunta.

"Ela já está bem hoje." Lucifer olhou apreensivo para a menina e por fim aceitou pegá-la ao seu colo. A menina balbuciou feliz e Chloe sorri para ele que parecia petrificado com o à-vontade da criança em explorar a textura da sua roupa. "Eu estive a pensar e não tens de aceitar, mas eu gostava de perguntar algo porque eu não sei como pode ser o futuro e eu estou aqui sozinha com ela..."

"O que se passa?" Ele interrompe o seu devaneio, ela estava nervosa e a enrolar. "O que se trata?"

Ela fica séria. "Se algo me acontecer, algo hipotético, e eu não conseguir cuidar da Beatrice. Tu ficarias com ela?"

Lucifer olhou para ela espantado e parecia um peixe fora de água.

"Esquece... é ridículo." Ela diz rapidamente.

"Não..." Ele quase sussurrou.

"Não?"

"Não é ridículo." Diz ele. Ele olha entre ela e a filha. "Vocês são incrivelmente frágeis." Chloe inclinou a cabeça não percebendo bem o que isso queria dizer. "Eu tenho vindo a afeiçoar-me a ti e à prole. O que eu quero dizer é que se algo acontecer Chloe, eu prometo que cuidarei bem dela." Ele ficou um momento em silêncio. "Como se fosse minha eu prometo."

Com isso ela emocionou-se, ela sabia que ele não quebrava promessas. Ela sabia que ele odiava crianças, mas ali estava ele pegando a filha dela como se fosse o pai dela prometendo que cuidaria dela numa eventualidade. "Obrigado! Isso significa muito para mim."

oOo

Lucifer, Chloe e Trixie estavam fora de casa no jardim. O dia soalheiro, o céu azul e a brisa suave. Chloe sentia-se diferente perto de Lucifer. Ele tinha aceitado o seu pedido e isso significou muito mais do que ela podia pensar.

Chloe olhava para ele ocasionalmente enquanto falava de algum facto da sua convivência com outras pessoas a quem concedia favores. Ela aprendeu ainda mais sobre o seu desejo em livre-arbítrio.

"Então tudo se resume a desejos?" Ela pergunta.

"Claro, porque não podemos ter o que mais desejamos?"

"Nem sempre é tão simples."

"Diz-me talvez te possa ajudar, querida." Ele mordeu o lábio esperando a resposta dela.

"Sonha." Ela riu. Ela sabia que ele queria um convite para passar uma noite na sua cama. "Isso faz-me pensar. Acho que a vida não teria metade do sabor se eu apenas te dissesse o que desejo. Tu nunca mais virias... já não seria um desafio ou um mistério."

Ele olhou para ela atentamente, mais perto do que normalmente se permitia. "Hum... podemos testar essa teoria. O desafio não é a única coisa que me traz aqui."

"Então o que mais pode ser?" Ela provocou.

Antes que ele respondesse Beatrice fez um som. "Papá!" Lucifer e Chloe entreolharam-se quando Trixie balbuciou para ele. "Papá." A menina esticou os braços para ele.

"É o Lucifer querida." Chloe corrige casualmente sem fazer grande alvoroço.

Lucifer parecia indignado pela insinuação, mas não comentou. "Desculpa Lucifer, não sei como ela..."

"Tudo bem." Ele descartou rapidamente. Não querendo fazer observações. Por dentro ele sentiu-se estranhamente quente e desejado. Seguindo a sua conversa anterior ele não sabia bem o que o fazia voltar cada dia, mas não era apenas o mistério entre eles.

A criança soprou para ele e riu. A menina via-o como um exemplo masculino (perfeito) para seguir, ele tinha um certo orgulho desse reconhecimento. Mas ao mesmo tempo ele estava assustado com a responsabilidade. Na curta "infância" depois da sua criação Lucifer queria um Pai presente, que respondia às suas perguntas e curiosidades... em vez disso foi empurrado para fora como um boneco. Ele nunca faria isso com Beatrice e tem a certeza de que isso é o suficiente para ser um bom pai. Espera... pai? A responsabilidade seria dele apenas se algo acontecer com a mãe. "Eu disse que cuidaria dela. Como um pai faria, certo?" Lucifer disse simplesmente como se não fosse um grande problema. O sorriso dele foi brilhante como sempre, mas por dentro ele era uma mistura confusa de emoções.

Chloe concordou. "Eu vou-a ensinar de qualquer forma, ela não pode simplesmente sair por aí e chamar todos os homens de pai." Ela sorri nervosa. Ela tinha a certeza de que Lucifer não se envolveria até ao momento. Ouvi-lo dizer aquelas palavras sobre a filha, que cuidaria da filha dela como dele fazia o seu coração bater mais depressa. Podia ela estar a ler mal os sinais? Ele parecia interessado nela desde o início, mas podia ser verdadeira paixão? Podia Lucifer Morningstar estar apaixonado por ela?

oOo

"Tu importas-te muito com a Chloe. Ela é humana... ela vai partir mais cedo ou mais tarde e depois? Vais ficar aqui para sempre e cuidar da descendência?" Maze pergunta.

"Não é assim Maze... a criança mal fica de pé. Quando for adulta pode cuidar de si mesma." Lucifer diz.

"Tu estás diferente... já não te divertes como antes... onde estão aquelas longas noites de sexo? Agora só podes falar da Chloe e cheiras a leite." Os olhos de Lucifer piscaram vermelho com raiva. "Eu pergunto-me o que aconteceria que ela descobrisse o que realmente és."

"Não me testes Mazikeen." Ele diz baixo e ameaçador.

"Sim... papá!" Com isto o corpo de Maze voou pela sala batendo na parede de pedra que não sofreu qualquer dano. Ela aterrou de pé com raiva e pronta para um ataque. "Já trocaste uma fralda ou a alimentaste?" Maze cospe. "Tu estás gentil, mole... não podes voltar ao inferno assim."

"Eu não vou voltar!" Ele diz com raiva. "Foi por isso que cortei as asas, eu não quero mais ser o brinquedo do Pai e não aceito ser Rei do Inferno."

"Ela está a mudar-te... mas ela nunca te aceitará como eu..." Diz Maze.

"Tu? TU não aceitas a minha mudança."

"Porque tu não és assim."

"Tu conheceste-me de uma forma diferente, eu tinha acabado de cair. Estava com raiva." Lucifer diz. "Eu estou cansado de fazer um papel que não é o meu... eu não quero ser Rei do Inferno, nem um Anjo... eu quero ser eu, apenas eu... eu importo-me com os humanos e gosto de me envolver... eles aceitam-me."

"Aceitam? Se soubessem apenas fugiriam... Vais esconder-te para sempre? Ela vai envelhecer, tu não... as pessoas vão comentar e vais ter de te mudar. Vais te afastar dessas pessoas que gostas de qualquer maneira."

Isso despertou algo em Lucifer. "Tens razão... eu deveria contar-lhe, mas..." ...eu não a quero perder. Ele queria completar. Como ele podia manter tudo como estava? Ele queria continuar a sentir-se bem e ver a Chloe todos os dias. O seu coração parecia ganhar vida perto dela e perdia-a cada vez que saía. Ele ainda se lembrava delas as duas à porta. Chloe agitando o pequeno braço de Beatrice para lhe fazer adeus. Ele sorri com o pensamento.

"Sentimentos... ridículo." Maze bufa.