O almoço

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Apesar do momento maravilhoso com Bright no carro, Win não conseguiu ficar tranquilo. Dew estava desconfiado. Receber o olhar sério dele era uma coisa nova para Win, porque ele nunca era uma pessoa séria com o irmão mais novo. Dew era só carinhoso e cuidadoso. Contudo, aquilo havia mudado, e agora, Dew rondava Win, além disso, o ciúme com o caçula pareceu ficar maior. Ainda assim, não incomodava Win. Não por enquanto.

Os dias haviam passado e Dew, apesar de guardar a desconfiança e ainda não fazer ideia do que se passava na vida pessoal de Win, continuou a amar o irmão como sempre amou. Win sabia disfarçar bem, principalmente porque encontrava com Bright muito pouco, o que fazia a saudade de ambos os lados aumentar cada vez mais. Não havia mais encontros no quarto frequentemente e Bright parou de buscar Win na faculdade para passarem um tempo a sós na estrada, porque o próprio Dew teve a ideia nada genial de buscar o irmão depois das aulas. Aquilo, sim, estava começando a incomodar o garoto.

Dew e a mãe estavam no sofá. O filho mais velho ainda mostrava as fotos do último show da banda para ela. Dew recebia apoio total dos pais, e não só ele, mas Win, também, embora Win fosse muito mais pé no chão do que o irmão mais velho.

— Quem é esse rapaz? — A mulher perguntou.

Ele não precisou olhar por muito tempo para responder, revirando os olhos. Ainda não entendia como Bright conseguia deixar as fãs tão malucas. Talvez fosse culpa da guitarra.

— É o Bright.

Win, andando da cozinha até a escada, parou os passos ao ouvir o nome do guitarrista. Ele andou até a sala, interessado, e parou perto da família, ouvindo a conversa.

— É um rapaz muito bonito.

— Qual é, mamãe? Vai me dizer que esse pamonha é mais bonito do que eu?

— Os dois são muito bonitos. Você não acha, Win?

Em geral, Win conseguia disfarçar quando estava com problemas ou quando queria esconder algum segredo. Naquele momento, porém, ouvir a pergunta da mãe sobre Bright o fez se engasgar com a própria saliva. Ele olhou Dew, que já o olhava de volta, com os olhos estreitos e desconfiados, e encarou a mãe novamente.

— Como disse, mamãe?

A mãe mostrou a tela do celular para ele, e a foto, Win já havia visto. Era Bright, em cima do palco, suado, com a guitarra vermelha pendurada nos ombros. O cabelo não estava em pé como ele costumada usar. Os fios caíam na testa. Win piscou algumas vezes, se recompondo.

— Ele não é grande coisa. — Foi o que disse, e percebeu como Dew relaxou, enquanto a mãe não se importou com a sua resposta.

— Eu simpatizei com esse garoto. Não sei. Ele é... fofo.

— Ele me estressa. — Dew rebateu, emburrado. — Me dê o celular, mamãe. Chega de tecnologia por hoje.

Pensativa, a mãe dos meninos ofereceu uma proposta.

— Dew, chame o Bright para almoçar aqui, qualquer dia.

— Como é?

— Você ouviu. — Disse ela, séria. — Eu não tenho o direito de conhecer os amigos do meu filho?

— Beleza, mamãe. Eu vou convidar o pamonha para vir até aqui, e você irá se arrepender.

— Não o chame assim. Amanhã. O que acham, garotos?

Win estava em estado de choque para responder à mãe. Ele deixou que Dew resolvesse. Desanimado, Dew abaixou a cabeça e encarou as próprias mãos.

Em SintoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora