O aniversário

700 118 21
                                    

Apesar de estar encantado por Bright, Win não estava nervoso com o encontro dos dois naquela noite. Mesmo sem saber para onde iria com o guitarrista e o que iriam fazer, Win só estava... ansioso. De uma forma totalmente boa. Sabia que Bright conseguiria surpreendê-lo de qualquer jeito. Ele tinha aquela coisa de ser imprevisível e era uma parte da sua personalidade que Win adorava.

Win aproveitou a tarde para estudar. As últimas provas da faculdade estavam se aproximando e ele não poderia perder nenhuma matéria. Finalmente iria se formar. Daria adeus às noites mal dormidas e ao cansaço excessivo. Ele se concentrou para valer nos estudos. Quando os pensamentos encontravam a imagem de Bright, Win fechava os olhos com força e balançava a cabeça, expulsando tudo o que pudesse desconcentrá-lo. Deu certo.

Ainda era cedo quando Win terminou de jantar. Na casa, a família não se reunia para comer todos juntos, a não ser que fosse uma ocasião especial. Todos tinham os seus afazeres e os seus próprios horários. Win, naquele dia em questão, decidiu jantar mais cedo do que o normal, e ninguém perguntou o motivo, porque, aquilo não era nada fora do comum. Nem mesmo Dew ficou em seu pé.

O garoto não havia trocado o número de celular com Bright, porque ambos os rapazes não usavam com frequência o celular. Não era uma coisa ruim, apesar da saudade. Infelizmente, já que não tinham como se comunicar, Win não soube em qual horário Bright apareceria, e não pôde combinar com ele porque Dew apareceu exatamente na hora errada. Win decidiu, então, se sentar na janela e esperar que Bright desse algum sinal de vida. O guitarrista apareceu na calçada por volta das oito da noite. Win pensou por um segundo que ele não apareceria, mas, ele apareceu, e Win abriu um sorriso enorme ao vê-lo. Bright não estava diferente, dentro do carro, acenando. Win sabia como era o comportamento dele. Ele era muito mais carinhoso e calmo com Win do que com os outros. Aquilo meio que massageava o ego de Win.

Não era tarde da noite ainda, então Win não sabia se alguém estava na sala. De qualquer forma, ele arriscou, porque não havia mesmo outro jeito de fugir. A janela era muito alta. Na ponta dos pés, Win saiu do quarto e trancou a porta, assim, ninguém conseguiria entrar e ele voltaria antes que alguém sentisse a sua falta. Win andou sem fazer barulho pela casa e mais rápido do que pensou, estava na calçada, correndo em direção ao carro de Bright. No banco, já com o carro andando, Win conseguiu respirar.

— Que garoto desobediente.

Embora Bright tivesse toda aquela aparência que deixava qualquer pessoa encantada, Win sabia que, no fundo, ele era só uma pessoa adorável. Claro, as provocações ditas em voz alta tinham um efeito sobre si. A voz sempre em tom baixa e o olhar firme e o sorriso divertido em sua direção, tudo aquilo, com certeza, deixava qualquer um de pernas bambas. Mas, Win o conhecia, e sabia como Bright era só... bom. Ele era mesmo uma pessoa boa.

— Eu não quero estar perto quando o Dew descobrir que não estou em casa.

— Ele precisa parar com isso. Nem mesmo eu tenho ciúmes de você. Mas o seu irmão precisa ter. Isso é tão antigo.

— Você está mesmo frustrado com isso, não está? — Win perguntou, achando graça. — Hoje, mais cedo, pensei que você sairia no soco com ele.

— Eu e o seu irmão somos mesmo amigos. Eu não teria coragem de bater nele. Talvez o contrário. Ele sabe que eu sou irritante.

— Você não é nem um pouco irritante para mim.

— Isso porque eu ainda não o tirei do sério.

— Você deveria me tirar logo do sério.

Bright freou o carro e olhou para um Win risonho. Desde a primeira conversa, no quarto de Win, no dia da festa, Bright percebeu que ele não era o típico nerd que o irmão fazia questão de apresentar. Win era muito mais do que roupas engomadinhas. Ele já havia tido muitas experiências, além de ser esperto e inteligente. E o melhor, sabia provocar quase tão bem quanto Bright.

Em SintoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora