A formatura

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Dew era sempre muito mal-humorado, mas desde que soube que Win passou a noite fora e que estava contando mentiras para si, alguma coisa mudou dentro dele. Não era ciúmes agora. Era preocupação. Não queria se intrometer completamente na vida do caçula, afinal, Win tinha os seus direitos, mas Dew sabia que havia algo errado. Um pressentimento nada bom crescia cada vez mais dentro de si. Ele não conversava direito com Win há semanas, e mesmo que conversassem, não era a mesma coisa.

O plano de Win era contar tudo para o irmão. Conversaria sério com ele, apenas os dois, e, para ser sincero, não estava apavorado. Nervoso, sim, mas não com medo. Estar com Bright não poderia ser tão ruim aos olhos de Dew. O ciúme que sentia não era grande coisa, Win achava. No entanto, como sempre acontecia, o plano de Win não aconteceu. Ele não sabia exatamente há quanto tempo não se encontrava com Bright, ou falava com ele. Duas semanas, quem sabe. Se afastou para conseguir melhorar a relação com o irmão. Não deu certo. Ele e Dew eram como dois desconhecidos, e a saudade de Bright aumentava cada vez mais. Como se não bastasse toda aquela confusão, Bright decidiu aparecer na casa de Win, procurando por ele. Bright não se importou se Dew abriu a porta. Estava farto. Contaria toda a verdade. Era agora ou nunca.

— Não temos ensaio hoje. — Disse Dew, nem mesmo o cumprimentando. Estar de mal com o irmão só fazia o seu mau-humor piorar.

Os ensaios da banda haviam voltado e os integrantes decidiram que a garagem da casa de Dew era o melhor lugar para ensaiar. Bright não se animou com os encontros escondidos entre ele e Win e contaria para Dew sobre tudo, antes que enlouquecesse para valer.

— Eu quero ver o seu irmão.

— Quem? O Win?

— Você tem outro irmão?

Dew formou uma careta, saindo de dentro da casa e fechando a porta atrás de si. Ele andou devagar até a garagem ao lado, chamando Bright de forma indireta para ele segui-lo. De braços cruzados agora, e ainda com uma carranca no rosto, Dew se virou e olhou Bright de perto.

— O que você quer com o Win?

Bright estava disposto a conversar com Dew. Não hesitaria em falar a verdade ou brigar, se fosse necessário. Não havia conversado com Win sobre aquela ideia, mas estava sendo difícil não o ver todos os dias e continuar com ele às escondidas. Dew precisava saber. Se aceitasse ou não, não era problema de Bright ou Win.

— Você é muito possessivo com ele.

— E o que você tem a ver com isso, guitarrista?

— Olha. Eu quero conversar com você, não brigar. Dá para ir com calma?

— Você sabe como eu sou. Ainda não se acostumou?

— O problema em questão aqui não é você, Dew, é o Win.

Dew soltou um riso, sem entender. Ele estava perdendo um pouco da paciência a cada segundo.

— Eu ainda não entendi o que você quer com o meu irmão.

— É simples. Eu e o Win estamos juntos.

Os braços de Dew se descruzaram e o rosto suavizou. Bright sabia que ele não estava tranquilo. Por dentro, tudo estava uma bagunça. Ele estava prestes a ter um ataque de loucura e Bright desejou ter Win por perto. Nem mesmo sabia se ele estava em casa. Mas ele estava. Win apareceu na garagem alguns segundos depois, alegando que ouviu a campainha tocar. Os pés travaram antes que chegasse mais perto quando viu Dew e Bright conversando. Win não gostou nem um pouco do olhar assustado de Dew em sua direção.

— Repita. — Dew mandou, esperando que Bright repetisse, embora olhasse diretamente para Win.

— Eu e o Win estamos juntos.

Em SintoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora