Depois de me salvar, Jorge me ajudou a tratar de minhas feridas.
Nada muito grave para dizer a verdade.
Com exceção dos dois dentes perdidos, não havia nenhum dano permanente em meu corpo.
Como seguíamos na mesma direção, decidimos ir juntos pela estrada.
Jorge me contou a história de como se tornou um paladino e jurou proteger os fracos.
Como é? Querem ouvir essa história? Talvez um outro dia.
O que importa é que num ponto onde a estrada atravessava um bosque nosso caminho foi bloqueado, mas não por bandidos.
Era uma figura que flutuava no limiar entre o cômico e o assustador.
Um homem alto, de pele bronzeada, muito musculoso que carregava um bastão e vestia apenas uma tanga feita com pele de texugo.
"Quem é você e o que quer?" perguntou Jorge num tom autoritário.
"Quem usa armadura não se garante na porrada" retalhou o homem numa voz grave, mas com um sotaque um pouco abobalhado, "eu quero um duelo com você."
"Um duelo?" perguntou Jorge perplexo.
"Sim, você usa meu outro bastão, lutamos até alguém desistir."
Achei que Jorge não aceitaria aquilo, a cena era ridícula demais até para alguém acostumado à histórias como eu. Mas ele aceitou.
Jorge deu sua espada em minhas mãos, pegou o bastão que lhe foi oferecido e avançou.
O duelo foi um incrível embate de força bruta.
Teria sido um combate épico, digno de uma canção, se não fosse a clara falta de vontade de ambos de causar algum ferimento ou de levar aquilo a sério.
Pareciam dois garotos brincando. Ambos riam enquanto se atingiam mutuamente com golpes que facilmente quebrariam alguns dos meus ossos.
Depois de mais de meia hora de combate, o homem já estava cansado e Jorge conseguiu aproveitar a redução dos reflexos do adversário para lhe acertar um golpe na perna e derruba-lo.
O homem caiu rindo e fazendo um gesto de rendição.
"Muito bom, vocês de armadura geralmente não sabem erguer uma arma, mas você sabe como lutar. Gostei de você."
E foi assim que descobrimos que aquele homem se chamava Draric, um morador de um pequeno povoado na região. Ele nos convidou para passarmos a noite como seus hóspedes e nós ficamos agradecidos por não termos de dormir ao relento.
Contamos algumas histórias, ouvimos outras e na manhã seguinte era comum acordo que Draric se juntaria a nós em nossa viagem.
Para onde iríamos?
Em frente, sempre em frente.
Pois havíamos colocado nossos pés na estrada e perdido o controle sobre eles e agora nada poderia nos fazer parar.
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O Bardo
FantasiaO bardo é um meio elfo que ganha a vida cantando as histórias que viveu junto a um grupo de aventureiros.