Delirium

Capítulo 3 - Ciúmes

Delirium - Por Laysa Ferreira

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Capítulo 3 – Ciúmes

          — Eu posso te beijar outra vez? — indagou Andy.

          Naquele momento, talvez Jack devesse ficar feliz com a pergunta. Mas haviam coisas demais em jogo para isso. Jack direcionou o olhar para encarar os olhos de Andy, confuso e temeroso. Ao mesmo tempo em que fez isso, acreditava que Andy esboçaria alguma dica em sua expressão que fosse capaz de explicar a razão de ele estar pedindo aquilo. E, sem saber o que dizer ou o que responder, Jack apenas perguntou de volta:          

          — Por que isso de repente? — embora a voz dele relutava em manter-se firme a princípio, Jack conseguiu manter-se vestido naquela máscara de imponência costumeira.

          — Por causa das coisas que você me disse ontem... Ninguém nunca me disse aquele tipo de coisa antes... – respondeu Andy, sério, determinado e tímido ao mesmo tempo.

          Para Jack, aquilo ainda era inusitado demais e tudo o que ele conseguiu fazer foi associar o pedido do Andy como algo ligado a curiosidade ou talvez alguma brincadeira. É claro que em paralelo, ele também pensou na possibilidade de Andy estar se dispondo a uma tentativa de retribuir aos sentimentos que Jack sentia. Mas naquele instante, Jack ouviu apenas seus achismos negativos.

          — Andy, eu não sou um brinquedo e caso não tenha percebido, eu não sou uma garota – disse Jack em resposta.

          — Eu não estou brincando! E é óbvio que você não é uma garota! Eu não sou cego! – exclamou Andy.

          — Você não está raciocinando direito – insistiu Jack.

          Andy sentiu-se frustrado porque ele sabia que não esteve brincando em nenhuma das vezes em que fez o pedido inusitado do beijo. No entanto, o rapaz não conseguiu responder. Por alguns instantes, ambos se encararam e, ao sentir que Jack daria as costas novamente, Andy tentou prolongar o assunto mencionando que Elliot – amigo de ambos – estivera ali mais cedo.

          — Elliot esteve aqui – disse Andy.

          — O Elliot...? E o que ele queria? – indagou Jack, percebendo a mudança repentina de assunto.

          — Ah, ele veio até aqui para te ver. Ele e eu conversamos sobre você... E graças a isso, eu entendo melhor sobre o momento que você está passando agora – Andy começou a esboçar preocupação em sua voz – Você está apenas tentando se proteger. E eu respeito isso. Elliot também me contou que você gostou de mim desde o primeiro instante em que me viu pela primeira vez na escola...

          — Maldito Elliot... – resmungou Jack.

          — Faz dez anos, Jack! Porra! Dez anos! É tempo pra caralho!

          Jack quis chorar: Ele sentiu seus olhos arderem, mas o rapaz recusou-se a derramar suas lágrimas na frente ao Andy. Então, Jack virou as costas mais uma vez e deu alguns passos rumo à escadaria, onde se prontificaria a subir para o andar de cima.

          —Jack! Pare de me dar as costas! Mas que porra! – reclamou Andy.

Jack para, porém manteve-se de costas para o rapaz já que se sentia incapaz de encará-lo.

          — Andy... Apenas me deixe em paz, por favor... – resmungou Jack.

          — Jack..., por favor, eu... – Andy é interrompido por Jack.