Capítulo - 01 - Retorno

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O sol da sexta-feira se ofuscava pelas nuvens enormes, fazendo com que o clima ensolarado parecesse mais frio do que realmente estava, os passos largos de Ethan Shaw, fez Diana respirar um pouco mais tranquila, enquanto ela estava sentada na bancada vendo o quadro, com retratos e linhas vermelhas do que parecia ser uma investigação.
- Alguma novidade? - Ethan entrou na sala com dois copos de café bem quente.
- Ainda nada, Ethan. - Ela pegou um café da mão dele e agradeceu. - Eles parecem fantasmas, nenhum rastro, nada que possa ajudar nesse caso.
- Por isso essa facção ainda não foi desmascarada. - Ele a olhou com o rosto levemente baixo. - Seja lá quem forem, são profissionais.
- Mas eu vou encontra-los! - Diana disse com a voz firme e deu uma golada em seu café.
- Relaxa. - Ethan sorriu dando mais uma golada em seu café. - Porque não saímos a noite, e relaxamos um pouco, para tirar esse peso das suas costas?
- É, talvez, - Diana relaxou os ombros e tornou a olhar para o quadro pensativa sem dar importância para que Ethan falava.

...

A limusine preta chegava a enorme Mansão de pilastras brancas dos Tanner, Dona Scarlet e sua filha, Ashley esperavam o filho na entrada vestidas com roupas longas e estilosas, parecia que estavam esperando um príncipe sair da limusine. O motorista parou e saiu do veículo para abrir a porta, mas antes que ele chegasse, a porta traseira se abriu e um homem saiu dela sorrindo.
- Senhor... - O motorista fez uma reverência.
- Não precisa, obrigado. - Vincent Tanner acenou para ele, ajeitou a sua camisa listrada cinza e caminhou em direção das mulheres.
- Meu filho! - Scarlet o abraçou com força, passando a mão em seus cabelos escuros. - Que saudade de você, faz tanto tempo, olha só como você cresceu, está, tão... bonito. - Ela parecia chorar ao reencontra-lo.
- Muita saudade minha mãe. - Vincent se virou para a irmã. - Quem cresceu foi Ash, está enorme! - Ele abraçou a irmã. - Da ultima vez que a vi era, apenas uma garotinha, está com quantos anos?
- Dezoito. - Ela respondeu com uma certa timidez, como se o irmão fosse um estranho.
- Nossa, faz tanto tempo, mas isso aqui, não mudou nada. - Ele disse olhando para as pilastras e o lindo jardim da Mansão. - Continua igual.
- Vamos entrar querido, deixa que Josh leva as suas malas.
- Não, não quero que ninguém leve minhas coisas não! - Vincent foi até o motorista que pegava as malas no porta malas. - Deixa, pode deixar que eu levo!
- Tem certeza, senhor? - O motorista olhava um pouco intimidado.
Vincent não queria ter que repetir, mas soltou um "sim", baixo e foi pegando as suas malas, colocando no chão, e foi arrastando elas até a Mansão.
Quando ele entrou, olhou encantado para tudo aquilo, os móveis nos mesmos lugares, e do mesmo jeito que estava quando ele foi embora, aquela mobília arcaica, parecia ser tradição da familia, era como o pai dele gostava de ver a casa. Ele foi subindo com as malas, com uma certa dificuldade, de passar com toda essa bugiganga pelo corredor, repleto de estantes e vasos de decorações, chegou ao seu quarto, e jogou tudo lá de qualquer jeito.
- Deixamos do jeito que você deixou, quando saiu para o intercâmbio. - Ashley entrou no quarto.
- Estou vendo, parece que não tocaram em nada. - Vincent pegou em alguns carrinhos de metal que ele tinha como decoração. - Senti sua falta, na Inglaterra, eu não tinha irmã mais nova que entrava em confusão e me chamava para resolver. - Vincent sorriu para a irmã.
- Senti sua falta. - Ela abraçou ele mais forte. - Aqui não tinha você para me proteger das confusões.
- Não se meteu em muita confusão, né mocinha?
- Não... - Ashley disse rapidamente e sem muita convicção, não passando tanta confiança em sua voz.
- Venham. - A mãe deles surgiu pela porta do quarto. - A mesa está pronta para o café.
Vincent e Ashley se sentaram. - Isso parece uma delicia mesmo. - Ele pegou um prato e começou a se servir.
- Como foi na Inglaterra, querido? - Scarlet perguntou enquanto dava uma golada no café.
Ele pegou o seu café, olhou para elas. - Foi meio solitário... Mas eu aprendi bastante coisa. - Ele sorriu suavemente. - Eu queria voltar para casa porque as pessoas estavam com saudade de mim, e não por ter que gerir a empresa do meu pai.
- Vince! - Scarlet disse se sentindo atacada. - Acha que não sentimos saudades também? Não a um dia sequer que eu não tenha sentido saudades.
- É Vince, senti muito sua falta! - Ashley disse soltando a xícara no pratinho com uma certa força.
- Eu sei meu amor. - Vincent passou a mão nos cabelos da irmã. - Não estava falando de você. - Ele se virou para a mãe. - Como o papai morreu?
- Ele parece ter adquirido alguma doença muito mortal, não deu tempo nem dele sentir muitos sintomas.
- Mas o pai que eu conheci, sempre foi tão preocupado com a sua saúde, e com a própria empresa, acho estranho.
- Mas foi o que aconteceu! - Scarlet pareceu por um momento se exaltar, até que a porta da entrada se abre.
- Fiquei sabendo que alguém voltou de viagem!!!! - A voz eufórica parecia repercutir um eco por todo o salão.
Vincent levanta e sorri ao ver o grande amigo da infância. - Andrew!! - Ele abraça forte o amigo.
- Que saudade que eu tava de você! - Andrew o abraça com muita força. - Sinto muito pelo seu pai, sabe que sinto...
- Obrigado. - Vincent olhava para o rosto do amigo. - Dá última vez que te vi, era um menino chorão, e agora tá esse homem, é?
- Eu? E essa barba aí? Quanto tempo se passou? Vinte anos?
- Foram apenas oito. - Vince sorriu de canto de boca.
- Oito anos! Tem tanta coisa nova na cidade para te mostrar, tanta mulher nova para você conhecer.
- Acredito que ele vá fazer tudo isso mais tarde, não, é? - Scarlet disse em tom de bronca.
- Desculpe, Dona Scarlet. - Andrew olhou para a mulher em tom de humor. - Mas isso não pode esperar não. - Ele tocou no ombro de Vincent. - Vá se arrumar bonitão, hoje tem uma festa daquelas, e você não vai querer perder!

...

Vincent se olhava no espelho, enquanto vestia a sua camisa azul marinho, e apenas pensava em o quanto ele estava diferente, e o lugar parecia continuar o mesmo. Colocou a sua calça jeans bege, e uma jaqueta de couro marrom por cima da camisa, passou o seu melhor perfume, e desceu as escadarias de sua casa que mais parecia um castelo. Quando chegou na sala de estar, viu alguns homens engravatados conversando com a sua mãe, Vincent olhou estranho, e apenas acreditou que fosse colaboradores da empresa do pai. - Boa noite, estou de saída.
- Boa noite, divirta-se. - Scarlet disse com uma voz bastante carinhosa.
O porsche prata estava parado a sua porta. - Vamos logo! - Andrew disse dentro do carro. - Tenho que passar em um lugar ainda.
Vincent sem responder apenas entrou no carro.
- Olha só, como está bonito, acho que vai roubar a mulherada toda pra você. - Ele brincava enquanto olhava para o vidro de trás para fazer a manobra e sair da mansão. - Deixa algumas para mim, ok?
Vincent sem dizer nada apenas sorriu e colocou o cinto.
- Meu amigo, tenho tantas novidades para te contar, que nem sei por onde começar.
Vincent olhava ao redor das ruas e parecia que pelo menos do lado de fora, muita coisa havia mudado, as ruas não eram as mesmas de oito anos atrás.
- Ainda gosta de ver a mulherada treinando vôlei? - Andrew disse.
- Andrew, fazíamos isso na adolescência, você continua indo nos treinos?
- Bom sim... Sua irmã começou a treinar lá agora.
- Que? Você não vai lá para ver minha irmã, né?
- Que isso, claro que não, só comentei que ela vai treinar também.
- Não, acho que não tenho mais interesses em ver treinos de vôlei femininos, tenho outros interesses agora.
- Boates? - Ele disse com euforia. - Eu abri uma, você vai ter que ver como ficou.
- Bem, não era boates que eu estava dizendo.
- Desde quando você ficou esse chato? Você tem a obrigação de ver a boate.
Vincent só revirou os olhos e ficou sem responder.
- Cheguei, só preciso conversar com uma pessoa aqui, mas juro que é rápido. - Andrew abriu a porta e foi ao que parecia ser um estabelecimento, porém fechado pelo horário, ele bateu em uma portinha que havia do lado, alguém abriu e ele entrou.
Vincent ficou olhando a rua ao redor, e estava completamente deserta, até os postes da rua estavam apagados. Ele olhou o relógio. - Rápido, né, fazem quase vinte minutos. - Ele disse irritado. - Odeio que me faça esperar, e você sabe disso, merda. - Vincent saiu do carro para chamar Andrew.
Quando ele bateu a porta do Porshe e se aproximou do estabelecimento, ouviu um barulho bastante alto de pneu cantando atrás dele, e uma luz muito forte do farol em seu rosto, ele forçou os olhos para enxergar, mas não viu praticamente nada, apenas algumas silhuetas escuras mascaradas, sentiu um tiro no seu pescoço. Vincent tocou no pescoço e sentiu o que parecia ser um dardo, ele foi perdendo os sentidos e caindo no chão.
Ele sentiu as figuras se aproximando e pegando o seu corpo, a sua visão embaçada era difícil de ver alguma coisa, sentiu o seu corpo sendo jogado em uma espécie de furgão, a última coisa que ele conseguiu ouvir antes de apagar completamente era o motorista dizendo.
- Porque a facção quer esse playboy de merda?
- Não sei, dirige, dirige, dirige!

Obsessão Possessiva (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora