Capítulo 3 - Amuleto da Sorte

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Os soldados não foram muito receptivos quando Calebe entrou no galpão de treinamento naquela manhã. 

Ele sabia o motivo de estarem se comportando daquela maneira, ele havia descumprido ordens e isso era algo vergonhoso para alguém em sua posição. Mesmo assim, Calebe tentou agir como se nada importante tivesse acontecido e iniciou sua série de exercícios.

Toda a confusão teve início quando um objeto importante desapareceu do acervo dos feiticeiros. Pelas informações que ele tinha descoberto, se tratava de um mapa, que continha informações detalhadas de todo o território de Mística. Porém, quando questionou o Conselho sobre isso, não conseguiu receber os detalhes sobre a gravidade que o roubo traria para todos.

Procurando pistas, Calebe acabou sabendo que o principal suspeito responsável pelo roubo se tratava de Leone. O feiticeiro era líder dos Renegados, um grupo rebelde que nos últimos tempos havia revirado Mística de cabeça para baixo. Nenhum vigilante, por mais habilidoso que fosse, havia conseguido capturar o sujeito e isso revoltava toda a Ordem dos Feiticeiros.

Como se não bastasse, também ficou sabendo que Marco Guerra estava tramando junto com Leone. 

Para investigar mais a fundo e quebrando alguns protocolos de segurança, ele conseguiu chegar até a Costa Leste, o território era comandado pelas fadas e um lugar onde Marco podia agir livremente.

Quando finalmente o encontrou, Calebe fez questão que Marco contasse tudo que sabia. Contudo, não tinha sido fácil obter as respostas daquela fada venenosa, pois ele era esperto e suas informações eram indiretas, carregadas com grande ironia.

Marco seguia seu próprio código de comportamento e não agia conforme a moral de Mística, além de ter um humor mordaz e cruel. Ele se deleitava particularmente quando enganava os vigilantes, no entanto, Calebe fora esperto o suficiente para não cair em suas armadilhas e manipulações, acabando obtendo a resposta que queria.

O episódio que revirava sua mente tinha acontecido duas noites atrás, quando ele invadiu o Porto da Discórdia durante uma barganha. Ele agiu com cautela, à procura de pistas que incriminassem o feiticeiro Leone, mas só não esperava encontrar ela.

Acontece que um grande rumor havia se espalhado por Mística. Todos comentavam ter conhecido uma jovem humana, que trabalhava como assistente de Leone e realizava negócios ilegais por toda a cidade. Eles a chamavam de "caçadora de feitiços", mas ele pensou que isso se tratava de uma manobra do feiticeiro para que desviasse a atenção sobre a investigação que estava fazendo. Até que finalmente naquela noite, ele viu a garota com os próprios olhos.

Ela não aparentava ser uma criatura frágil, assim como os feiticeiros comentavam que os humanos fossem. Naquele porto, Calebe viu uma inimiga confiante e habilidosa.

Ele lembrou como seus lábios abriram em surpresa ao vê-lo e seus olhos num tom amarronzado brilharam em determinação.

Seu erro foi justamente ter subestimado a garota, ela foi rápida e inteligente para fugir dele. Também estava em vantagem por conhecer o território das fadas melhor do que ele, tornando sua fuga mais fácil.

Mas o pior veio depois, quando o Conselho descobriu o que Calebe andava fazendo, isso lhe deixou em sérios apuros.

– Ei! Está me ouvindo capitão? – chamou Tomas, desanuviando os pensamentos de Calebe.

Recém chegado no grupo dos vigilantes, Tomas não se conteve ao verbalizar vários comentários maldosos para ele. O jovem alto e com cabelo curto, mantinha um sorriso depravado no rosto enquanto gargalhava com seus companheiros. É claro que Calebe tinha ouvido falar sobre ele, segundo alguns relatos, Tomas tinha mais músculos do que cérebro.

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