Capítulo 4 - Uma aliança

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- Menina tola - disparou Nino. - Não invadir desse jeito, não pode.

Elisa teve que manter o controle para não puxar as orelhas grandes de Nino, nem dar um belo soco no nariz torto que tinha, aquele troll metido estava doido por uma briga.

- Não seja ridículo, Nino, claro que vai dar certo - ela disse irritada. - Faz dois dias que estamos planejando esse ataque.

- Não ir tão longe - murmurou ele.

Os dois estavam escondidos atrás da barreira de arame farpado, esperando o momento certo de atacar o lugar secreto de Marco. Com seus dedos esverdeados, Nino traçou na terra um novo trajeto para que seguissem. Ele era muito esperto, apesar de ser um pouco ranzinza.

O troll baixinho pertencia à família dos trolls que habitavam o subsolo de Mística, eles tinham uma sociedade bem estabelecida nas colunas de pedra da cidade mágica, por isso dificilmente apareciam em público. Seus parentes da floresta por outro lado... se comportavam de maneira selvagem, mais forte e brutal, apesar de Nino simplesmente os mencionar como os "primos da floresta."

Claramente, Nino era uma exceção a regra por ter optado a ficar junto com o grupo dos Renegados.

- Aquele trapaceiro - rosnou Elisa, se inclinando para frente, como se quisesse esticar as mãos através do desenho de Marco que Nino tinha feito no chão. - Quando pegá-lo sozinho...

Ela tinha que pegar o mapa, não importava a que custo. Por que se Marco havia mentido para eles, o mapa poderia cair em mãos erradas ou pior, os vigilantes poderiam recuperá-lo e isso era muito ruim.

- A fada é esperta. Não ficar desprotegido no território - contou Nino.

- Acho que está certo, seu plano é razoável - disse Elisa, depois de alguns minutos.

Nino exibiu seus dentes pontudos, quando sorriu.

- O menino lobo. Nino não gostar dele - confessou.

- Eu sei que o Adamo é um idiota - falou Elisa. - Mas ele acabou de formar uma aliança com Leone e sabe que não é bom fazer inimigos, quando a luta por território está ficando tão feia.

Como que em resposta, houve um barulho perto deles, e os dois giraram para ver Adamo escorregar sorrateiramente, com os olhos arregalados e cabelos desgrenhados.

- O pessoal está pronto - anunciou.

De repente, as luzes ao redor tremeluziram, houve um grito e o barulho de alguma coisa caindo no chão se espatifando. Elisa ficou em alerta, com os pulsos firmes nas laterais do corpo, mas Adamo não parecia perturbado.

- O que está acontecendo? - falou ela.

- A alcateia entrou em ação - disse Adamo alegremente.

- Tá. Mas a gente vai pela direita, Nino acha mais seguro.

Os três caminharam por trás de um grande armazém, dava para escutar as vozes dos guardas não muito longe de onde estavam. Provavelmente, os lobisomens estavam acabando com eles antes que Marco tomasse conhecimento do que ocorria. Elisa puxou uma porta de ferro que abriu com um rangido, em seguida fez um sinal para que os outros a acompanhasse.

Adamo, Nino e Elisa seguiram pelo estreito caminho, preenchido por caixotes de madeira até que tiveram de diminuir suas passadas ao escutarem Marco falar.

- Garoto inútil! - gritou ele.

Elisa tapou a boca com a mão para interromper o ruído, ela não estava preparada para ver aquela cena.

Foi um tanto esquisito observar aquele menino amarrado na cadeira, mas no instante em que seus olhos pousaram na feição dele... ela sabia quem o jovem era. Tinha sido o mesmo que roubou a bolsa de Vanessa no tumulto ocorrido na cidade.

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