Capítulo 7

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Olá coelhinhos!
Demorou mais saiu! Estava enrolada com o lançamento de Marca-me na Amazon mas agora vim com dois capítulos novos!!

Pegue sua Coca-Cola com gelo porque vai esquentar o clima!!!!🔥🔥🔥🔥

Ricardo

Eu não conseguia parar de olhar para a mesa a minha frente. Robson sussurrava sem parar ao meu lado. Estava tão chocado que não conseguia entender absolutamente nada do que ele dizia.
Me virei para ele aí da boquiaberto e perguntei.
— Você não sabia que ele estudava aqui também?
— Lógico que não! — sussurrou mais alto— Tô tão chocado quanto você!
— Como pode isso? Você conhece muita gente aqui! Como não viu ele?
— Acho que você se esqueceu que passamos os últimos meses fugindo do refeitório.
— Mas nem pelos corredores você esbarrou com ele?
— Provavelmente o curso dele é diferente do nosso Ric. E nem vou questionar o fato de você não ter visto também, já que sempre andava se esgueirando pelos cantos.
Essa frase foi dita com um tom de escárnio . Agora mais do que nunca estava muito claro tudo que perdi por culpa de Michel.
Não, por minha própria culpa. Ele nunca me pediu para fazer isso, mas o medo de alguma forma atrapalhar sua vida na universidade me fez agir assim .
— E sinceramente Ric, você acha que se eu tivesse visto um homem desses aqui não ia ter notado? Seria a primeira coisa que gritaria na Fight.
— Shiiiiiii!
Quase gritei no meio do refeitório.
— Não podemos falar sobre isso esqueceu?
Robson deu de ombros fingindo não se importar, mas olhou para os lados disfarçadamente.
— Enfim, o lutador gostoso é da nossa facul! E ele não para de olhar pra nossa mesa.
Eu nem precisava virar a cabeça para saber disso. Desde o instante em que ele tirou capuz, conseguia sentir seu olhar intenso sobre a gente.
— Será que ele sabe que estávamos lá no sábado?
— Rob, isso é surreal. O lugar tava cheio de gente. E ele só apareceu na hora da luta. É quase impossível ele ter visto a gente lá de cima.
— Mas imagina essa cena, o lutador novato gostoso lutando com o ex do seu affair por sua honra! Vingando seu interesse amoroso e roubando seu coração!
As vezes Robson perdia o senso da realidade. O mais provável nisso tudo era que ele deveria ter ouvido algum rumor sobre nós sermos gays e estava curioso.
Não era tão incomum ter pessoas homossexuais na faculdade, mas sempre tinha alguém que agia como se fossemos animais em um zoológico ou alguma espécie a ser estudada.
Por pura sorte nunca fui ojerizado por isso, mas acredito que meu tamanho tenha grande influência nessa situação. E automaticamente Robson também estava fora dos círculos de bullying por ser meu amigo.  Mas sei que muitas pessoas ali não tem a mesma sorte.
Robson seguiu com sua fantasia louca com o lutador sexy. Isso ainda incluía beijos em cima do ringue e sexo quente no camarim.
— Porque você não escreve um livro? Faria muito sucesso naquele site que você costuma ler.
— Que ideia ótima! Vai que alguém lança e fico rico com sua história de amor?
Robson podia ser o rei do sarcasmo, mas era péssimo em notar quando não era ele quem falava.
— Robson, não existe minha história de amor. — falei entre os dentes— O único lutador que passou pela minha vida era um filho da puta mentiroso e traidor.
— Esquece esse merda. Ele é passado agora. Só falta você falar que não quer sair com mais ninguém por causa dele.
Fiquei em silêncio. Eu não sabia o que eu queria fazer ou que era o melhor nesse momento. Meu cérebro ainda estava processando tudo que aconteceu no fim de semana. Era algo muito recente para estar fazendo planos futuros.
Eu de fato nunca havia pensado em nada a longo prazo com Michel. Coisas como morar juntos e dividir uma vida a dois por exemplo.
Era como se eu inconsciente já sabia que essa relação seria temporária. Ou apenas não queria sonhar tão alto para a queda não ser tão grande.
E mesmo assim eu caí muito feio. Muito mais do que estava mostrando.
Eu ainda conseguia sentir o peso daquele olhar em mim e mesmo me esforçando muito para não retribuir, a curiosidade me venceu. Eu precisava saber se ele estava realmente olhando para nossa mesa.
Assim que virei meu rosto para lá, dei da cara  com um par de olhos castanhos me encarando.
Beast estava sentado confortavelmente apoiando seus cotovelos na mesa e mordendo uma maçã muito vermelha. Seu rosto ainda levava o sorriso debochado. Se o pecado tivesse um rosto, com certeza seria aquele.
Um pouco do suco da maçã escorreu pelo canto se sua boca o fazendo enxuga-la com o polegar e leva-lo a boca, onde deu uma longa lambida.
Não pude deixar se notar que sua língua era tão vermelha quanto a maçã e sua boca.
Não podia negar que  Robson tinha razão, ele de fato era muito gostoso. Eu odiava essa palavra, pois não gostava de tratar as pessoas como um objeto. Mas não tinha outra palavra que pudesse defini-lo.
Haviam algumas pessoas a sua mesa falando sem parar e tentando incluí-lo na conversa. Era como se ele fosse apenas um figurante sendo forçado ao papel principal.
Ele apenas sorria e respondia se forma automática. E tudo isso sem desviar sua atenção da gente.
Na verdade, sua atenção estava em mim. Mas eu não queria assumir isso. Seria bem mais fácil para mim acreditar que era apenas uma curiosidade da parte dele.
Tentei ver se alguma tatuagem aparecia através da sua roupa, mas seu casaco não permitia.
Algumas meninas o tocavam deliberadamente tentando conseguir alguma interação mais pessoal com ele, mas apenas recebiam acenos de cabeça.
Era impossível não comparar o comportamento dele com o de Michel.
Enquanto um ria alto e gesticulava vigorosamente, o outro tentava ao máximo ser discreto. Até suas roupas demostravam isso. Se eu não tivesse o visto lutando, jamais diria que ele tinha um corpo incrível, definido e repleto de tatuagens por baixo daquele moletom cinza.
Quando sei olhar seu tornou intenso demais, desviei meu rosto. Até aquele momento estava tão concentrado que não havia percebido que Robson continuou falando.
— Então o que acha? Bora?
— Pra onde?
— Não acredito que fiquei esse tempo todo falando com as paredes! — disse revirando os olhos— Sábado. Boate Law. Nós dois. Bebidas. Homens bonitos. Acho que consegui resumir tudo.
— Mas a Law não é um bar?
— Mas sábado terá uma festa incrível lá!
Eu não sei se seria uma boa ideia. Law foi aonde eu conheci Michel. Na verdade eu estava saindo de lá quando aconteceu. E eu sabia que em frente era o bar em que ele costumava ir com seus amigos.
Não me sentia emocionalmente preparado para vê-lo com alguém.
Mas infelizmente era o melhor lugar gay que existia nas proximidades. Não era um lugar escuro ou escondido. O ambiente era sempre agradável e propício para conhecer pessoas novas. Não posso negar que sai com alguns caras que encontrei ali. Então uma festa lá seria incrível. O lugar ideal para ocupar minha mente e me distrair.
— Pela sua cara tá óbvio que você gostou da minha sugestão. Fico real feliz de não ter que recitar um sermão de como você não deve se isolar do mundo. Mas se for necessário eu faço.
— Não precisa. —levantei minha mão impedindo-o de começar— Eu vou por livre e espontânea vontade.
— É bom mesmo. Mas só para garantir, vou pra sua casa cedo. Assim você não pode fugir.
Eu estava falando sério. Perdi muito tempo me privando. E não importava se Michel estivesse perto. Já estava sendo obrigado a vê-lo a semana toda. Mais um dia não faria diferença.
— Merda!
— Que foi Rob?
— Esqueci de entregar a porra do trabalho!
— Não era pra sexta passada?
—  Eu consegui estender o prazo até hoje.
— Tenho até medo de perguntar como.
— Não fiz nada impróprio. Juro.
Olhei-o repleto de desconfiança. Essa professora era muito rígida. Não conseguia visualizar nenhum cenário onde ela deixaria algum trabalho ser entregue após o prazo.
— Não precisa me olhar assim Ric. —falou sorrindo— Eu só falei que estava com o coração partido e não tinha conseguido me focar em fazer o trabalho a tempo.
— Coração partido? Sério? Há quanto tempo você e seu namorado romperam?
— Mas ela não precisa saber disso né?
— E ela realmente deixou você entregar depois só por isso?
— Você já viu a cara dela? É óbvio que alguém a  machucou . Ficamos ainda falando mal dos homens imprestáveis.
— Você é inacreditável Rob.
— Funcionou não? Agora eu preciso correr. — disse levantando da mesa— Nos vemos na próxima aula.
Acompanhei sua corrida desengonçada até a saída e refeitório rindo. Mas ao me virar para a mesa a frente percebi que Beast mantinha o olhar firme em mim.
Estava tão desconfortável com aquela situação que resolvi ir embora. Principalmente por ele ser muito meu tipo. Não ia dar a ele gostinho de me ver babando nele.
Recolhi minhas coisas e coloquei a bandeja no balcão antes de seguir para o corredor.
Ainda faltava um tempo para a próxima aula começar e para matar esse tempo segui para o banheiro do terceiro andar que era mais vazio. Esse andar estava passando por algumas pequenas reformas então não haviam aulas ali. E por ser último andar as pessoas tinham preguiça de ir até lá.
Após escovar os dentes e ajeitar meu cabelo, sai do banheiro. Nesse momento estava tão distraído que acabei chocando com uma pessoa.
Assim que levantei a cabeça para pedir desculpas, me deparei com aquele olhos castanhos que me vigiaram o almoço inteiro.
Beast estava bem na minha frente sorrindo.
Não sabia se sentia medo ou alegria por ter sido seguido.
Optei pela primeira opção e resmunguei um desculpe antes de contorna-lo para sair dali.
Mas assim que passei por ele , sua mão segurou meu braço me impedindo de fugir.
Que porra é essa?
Me virei para ele furioso.
— Você pode me soltar por favor?
Ele era um pouco mais alto que eu e também um lutador, mas se ele estava pensando em me intimidar não seria tão fácil assim. Eu podia até apanhar, mas ele tomaria alguns socos também.
— Eu quero falar com você.
Sua voz rouca era levemente familiar. Eu já havia ouvido antes mas não conseguia lembrar aonde.
— Cara, nunca vi você antes.— menti descaradamente— O que você poderia ter pra falar comigo?
— Você me deve.
Novamente, que porra é essa?
Me sentia sendo intimidado por algum cobrador agiota. E eu tinha certeza absoluta que não tinha pego nenhum dinheiro emprestado. Nunca. Eu tinha pavor de ficar devendo então nem  dinheiro que o banco deixava disponível eu pegava.
— Acho que você tá falando com a pessoa errada. Não devo nada a ninguém.
Soltei meu braço do seu aperto e o empurrei tirando-o da minha frente.
Assim que me virei para fugir dali, o mundo a minha volta girou e me vi encostado na parede cercado por dois braços fortes.
O gesto foi tão rápido que demorei alguns segundos para me situar.
— Você me deve sim. Acabei com o merda do seu namorado por você.
Novamente minha boca caiu aberta. Foi ele quem sussurrou no meu ouvido na Fight!
— Ah! Agora você lembrou né? —falou perto do meu ouvido— Eu vinguei você e agora você me deve por isso.
Eu estava completamente em choque. O que ele podia querer de mim? Pensei no dinheiro que tinha no banco mas não era muito. Só me falava essa! Eu ter contratado um capanga contra minha vontade e agora tenho que pagar por isso.
— Eu tenho alguma grana no banco. —falei nervoso— Não sei se será suficiente pra te pagar.
— Eu não quero seu dinheiro. — disse com um sorriso debochado nós lábios— Você pode pensar em algo mais interessante.
Filho da puta!  Ele sabia que eu era gay e queria saber me humilhar. Eu nunca aceitei ser intimidado por ninguém por minha orientação sexual e não seria agora. Se ele queria brincar com fogo, eu seria a porra do incêndio.
Sorri maliciosamente.  Eu já tinha ouvido sobre isso, caras héteros querendo mamadas de viados. Como se nós deveríamos ser gratos por estar tocando no pau deles.
— Agora eu entendi.
Desci minha mão pelo seu peito, alisando-o. Ninguém disse que não poderia tirar uma casquinha antes.
Quando estava quase tocando seu membro, olhei para seu rosto chocado. Me aproveitei da sua distração e com minha outra mão, puxei seu pescoço para mim colando meus lábios nos dele e o beijei com tudo que tinha.

Fight- Lute por mimOnde histórias criam vida. Descubra agora