Há um impostor entre nós?

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Já eram quase uma da manhã,  corria pelo Palácio para chegar ao Jardim de Frigga o mais rápido que podia ou chegaria atrasada.

As vezes eu esquecia o quanto era grande o palácio. Nossa estou correndo uma maratona.

O barulho dos meus pés batendo com força no chão pela velocidade que eu corria era ecoado pelos corredores largos e longos, que pareciam não ter fim.

Assim que cheguei no Jardim, fui direto para a Yggdrasil, onde eu e ele costumávamos resolver nossas brigas ou desentendimentos.

Me sentei nas raízes da árvore que unia os mundos, encostando minha cabeça em seu tronco e fechei os olhos, eu espero ter paciência para conversar.

Começo respirar fundo e tentar relaxar, para me manter calma e paciente para explicar tudo sem querer xinga-lo ou insulta-lo.

Sinto uma mão gelada tocar meu ombro, me fazendo abrir os olhos calmamente, por já saber de quem se tratava.

Olho em sua direção e direciono meus olhos para o meu lado, sinalizando para que ele sentasse.

-Por que me tratou daquele jeito? -ele pergunta sem sequer me olhar.

-Você me usou e na frente da Astrid me tratou como se nada tivesse acontecido. -respondi engolindo o choro, o peso de amar tanto alguém é que qualquer ação dela pode te machucar.

-Quem disse? -percebo pela minha visão periférica que ele me olhava incrédulo.

-Você, ontem de manhã, quando fui lavar-me -respondi deixando uma fina e quase imperceptível lágrima sair.

-Não fui eu. Por que eu usaria a única pessoa que eu consigo confiar? -ele vira o rosto para o horizonte, observando o jardim, que estava sendo iluminado pela enorme lua que se encontrava no centro do céu.

-Não sei. Você mesmo disse que foi um erro, não devia ter feito. -suspirei e me levantei, fiquei de costas para limpar meu rosto, eu já não conseguia segurar meu choro.

-Não chore por algo que sabe não ser verdadeiro. -sua voz ecooa pelo jardim em tom rouco e tão frio quanto a brisa daquela madrugada.

-E por que eu acreditaria em você? É o deus da mentira e da trapaça, apunhalou mais de cinquenta pessoas pelas costas. -esbravejo e viro de uma vez, dando de cara com ele, que não estava muito longe.

-Porém você sabe quando eu minto ou não, sou um livro aberto para ti -ele refuta gesticulando as mãos.

-Justamente, é um livro aberto para mim. -ele ia argumentar mas faço um sinal de mão que faz o mesmo parar- E naquela hora, nunca o vi sendo tão verdadeiro comigo. Me pergunto se é uma espécie de manipulação, me enganas para estar ao seu lado não é?

-Como? -ele franze o cenho incrédulo com o que acabara de ouvir.

-Você me manipula, me faz pensar que sei exatamente o que sente, que sei quando mente ou não, finge ser um livro aberto com falsas emoções para eu me sentir importante, sentir que realmente o conheço. Me manipulou por mais de mil anos. -passo minhas mãos no rosto para limpar a porcaria das minhas lágrimas que não paravam de cair- O QUE CUSTAVA DIZER QUE NÃO SENTE O MESMO?

Narradora on

Ele então fechou os olhos, suspirou o mais fundo que pôde, massageou suas têmporas e pensou, pensou em como falaria tudo pra ela, pensou em medir as palavras para não a ferir e mostrar que o que sente é real.

Por que sempre acontece com ele? Toda Asgard o odiava, com excessão do seu irmão e ela, todos desacreditavam de suas palavras e até mesmo de seus gestos

30 anos depoisOnde histórias criam vida. Descubra agora