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A nova jornada de trabalho de Jimin rendeu várias coisas inimagináveis para ele.

O que algumas horas a mais de sono não faz para um ser humano?

Primeiramente, Jimin se sentia mais disposto desde o primeiro dia em que conseguiu dormir mais de quatro horas por dia. Foi unânime. Era esse seu problema desde que as coisas começaram a seguir um rumo que não queria: a insônia.

Uma semana depois do início da nova rotina, Jimin se sentia com a energia que um jovem de vinte e três anos deveria ter de verdade. Isso foi tão perceptível que até mesmo Ahra notou — e se tinha algo que era quase impossível de acontecer, era a avó de Jimin comentar algo sobre ele mesmo.

"Você parece saudável, Jiminie", foi o que ela disse na noite em que Jimin chegou em casa, um pouco depois de ter ido fazer as compras no mercado.

Podia ser exagero da parte dela, mas Jimin não comentou e apenas agradeceu o elogio. Ainda havia algumas coisas na sua vida que apenas noites reguladas de sono não resolveriam. Ele tinha uma idosa em estado frágil para lidar ainda, mesmo ela dizendo que estava bem o tempo inteiro. Talvez fosse coisa de família; estava em seu sangue negligenciar a si mesmo.

Após uma dor de cabeça que foi tentar livrar Ahra dos antigos remédios — os que ela não conseguia parar de tomar por conta própria sem intervenção médica —, Jimin pensou que poderia voltar a praticar algum hobby esquecido. Não a dança porque isso ainda exigia muito de si, mas algo que o fizesse sair de casa por pelo menos duas horas sem surtar. Estava com isso na cabeça há um tempo, mas não tinha ideia do que fazer.

Ao menos, pelas manhãs, Jimin se sentia... em paz.

O que era totalmente surpreendente quando até uma semana atrás suas manhãs consistiam em correr e não ter um ataque no meio da rua. Chegar alguns minutos adiantado no ponto de ônibus lhe rendeu menos ansiedade e, talvez, um novo amigo.

Jimin não sabia se podia chamar Yoongi de amigo, mas eles conversavam todos os dias.

E com essas conversas era possível quase chamá-lo de amigo, pois os tais amigos atuais de Jimin sabiam muito menos sobre si do que Yoongi já sabia pelas conversas. Um pouco bizarro, mas Yoongi era fácil de conversar.

Na manhã seguinte em que eles haviam interagido brevemente, Jimin estava certo em pressupor que encontraria o Min mais vezes a partir dali. Ele estava lá, no mesmo lugar com seu case de violão e fones de ouvido pendurados no pescoço. Para Jimin sempre foi fácil iniciar conversas e, embora tenha ficado com um pouco de medo de estar sendo chato e inconveniente, Yoongi não demonstrou desconforto algum com a sua iniciação. Um "bom dia" agradável, alguns comentários sobre o movimento da rodovia, outros sobre a estação e clima que estavam, tudo isso rendeu a Jimin uma coragem e conforto para continuar dialogando com Yoongi pelos próximos dias, já que parecia que o homem sempre estaria naquele ponto de ônibus.

Foi no terceiro dia que Yoongi subiu no mesmo ônibus que Jimin, deixando-o confuso.

— Eu descobri que esse ônibus passa por uma rodovia muito mais próxima do meu trabalho, não sabia disso antes — Yoongi disse quando viu o rosto confuso de Jimin, logo após subir atrás dele no ônibus. Ele riu levemente da confusão em seu semblante. — Desculpe, é que eu ainda sou novo em Seul.

— Oh, eu sabia que você não era daqui! Às vezes você fala em um dialeto diferente — Jimin expôs o que ele pensou nas breves conversas matinais com o Min.

— Eu sou de Daegu — E essa foi a primeira informação que Jimin recebeu dele, tirando seu nome.

A partir daí, Yoongi não era mais considerado um completo estranho.

sereno | yoon.minOnde histórias criam vida. Descubra agora