Capítulo 1 - Maldita chuva

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Olho para fora e vejo o céu acinzentado enquanto encho a xícara de um cliente com chá, meus olhos ficam tanto tempo presos na janela que eu quase transbordo a xícara, o homem me julga com o olhar

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Olho para fora e vejo o céu acinzentado enquanto encho a xícara de um cliente com chá, meus olhos ficam tanto tempo presos na janela que eu quase transbordo a xícara, o homem me julga com o olhar.

Eu não tenho dormido muito bem esses dias, a faculdade toma todo o meu tempo e o que sobra eu tenho que trabalhar. Tiro o meu celular do bolso da calça para conferir a hora e faltam apenas cinco minutos para o fim do meu turno. Entro na cozinha e tiro o meu avental quase que de modo automático.

— Laura, você não quer levar um chá? — Gavin, o barrista, me pergunta.

— Não obrigada — lhe dirijo um sorriso cansado — Não quero correr o risco de manchar os meus desenhos — levanto a pasta preta que estou segurando.

Ele apenas assente e volta a sua atenção para o que estava fazendo.

Visto o meu casaco estilo trench e quando deixo a cafeteria sinto o vento gelado cortar a minha pele e bagunçar os meus cabelos, uma confusão de fios dourados me impede de enxergar por algum tempo. Olho para cima, o tempo está totalmente nublado e já posso sentir uma gota d'água cair na minha testa. "O tempo de Londres é maravilhoso" escuto uma provável turista falar, ela diz isso porque não mora aqui.

Escondo a pasta com os meus desenhos por dentro do meu casaco e acelero o passo na esperança de chegar em casa antes que essa tempestade comece, mas uma chuva fina já cai sobre mim. Qual a dificuldade de trazer um guarda-chuva, Laura?

As pessoas passam apressadas para se esconder debaixo das marquises ou de toldos, outras abrem seus guarda-chuvas e eu continuo caminhando a passos largos e abraço a mim mesma na tentativa de proteger a pasta com os meus desenhos. A chuva começa a engrossar e eu já posso sentir o cheiro do asfalto molhado, Mia vai rir da minha cara quando me ver toda molhada. Estou quase chegando em casa quando um homem esbarra em mim, e por conta da minha velocidade, eu sou jogada ao chão.

— Ei! — ele nem faz questão de olhar para trás para ver se estou bem.

Sinto o tecido úmido da minha calça ainda mais encharcado e bufo de frustração enquanto me levanto, tateio a parte de dentro do meu casaco e percebo que a minha pasta caiu.

— Não, não, não... — começo a repetir em desespero.

Vejo o plástico preto mais adiante e corro para pegá-lo, quando o seguro os meus desenhos caem e são levados pelo vento. Saio correndo desesperada, com uma mistura de pânico e tristeza por todo o meu trabalho perdido, me abaixo e começo a juntar as folhas ensopadas.

— Você quer ajuda? — um homem pergunta parando do meu lado com um guarda-chuva sobre sua cabeça.

Eu assinto de leve com a cabeça, não estou em posição de negar ajuda, ainda mais quando a vida dos meus preciosos desenhos está em jogo. Ele se abaixa e me ajuda a colocar os desenhos de volta na minha pasta, que aperto contra o meu peito.

Naquela Noite De ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora