Capítulo 14 - XIV - Uma carta

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Na manhã seguinte, Gaara acordou. Sua cabeça doía muito. Seus olhos ainda estavam molhados. Provavelmente ele chorou mesmo dormindo. Gaara foi até o banheiro e entrou no chuveiro, deixando a água cair por seu corpo, para ver se se livrava daquela dor de cabeça insuportável. Sua dor de cabeça só não era mais forte do que a angústia que sentia em seu coração. Ele saiu do banho, pegou logo três comprimidos de analgésicos tomou. Ele sentou de frente para seu computador, pensando em enviar um e-mail a Lee, ou coisa parecida, para tentar se justificar, mas é claro, Rasa havia cortado sua internet. Quando ele disse que ele não falaria com Lee, ele falou sério. - Você é mesmo um desgraçado Rasa - Gaara pensou. Ele pegou um papel e uma caneta, e escreveu uma carta. Passou um bom tempo escrevendo. Derramou mais algumas lágrimas sobre ela enquanto a escrevia. Depois, ele a botou dobrada num pequeno envelope azul e escondeu no bolso. Ele precisava dar um jeito de fazer aquilo chegar a Lee. Ele desceu as escadas de seu quarto, e passou pela sala em direção a porta.

- Gaara! - Rasa o chamou - Onde pensa que vai?

Gaara suspirou fundo. É claro que Rasa estava em casa. Ele o vigiaria como um cão de guarda até ele entrar no maldito voo para Suna.

- Eu ia até a rua respirar. - Gaara disse

- Não vai sair dessa casa Gaara. Você tem muito a fazer! Encontrei um voo para você, para esta noite. Vá arrumar suas coisas. Apenas o necessário. O restante eu enviarei depois. Arrumei alguém para buscá-lo no aeroporto, que vai levá-lo direto para o colégio.

- Não vai nem deixar eu me despedir dele? - Gaara perguntou

- Eu disse que você não vai vê-lo de novo. - Rasa disse calmamente.

- E você sempre cumpre o que diz não é papai?! - Gaara disse sarcástico

- Sim! Eu sempre cumpro minhas palavras. Inclusive, já resolvi tudo com o pai de Sasori. Ele não vai prestar queixa contra o seu namoradinho, ele vai até mesmo trocar o filho de colégio, para que o tal Lee nunca mais tenha problemas com ele. E isso, é para que você veja que eu sou um homem de palavra, e que da mesma maneira que eu acabei com um problema, eu posso criar vários outros Gaara. - Rasa disse calmo e ameaçador.

Gaara apenas olhou para o pai com raiva. Ele nunca havia odiado tanto o pai quanto naquele momento.

- Não precisa me olhar com essa cara Gaara. Se você não me desafiar, não farei nada contra o pobre rapaz. Posso até ajudá-lo! Posso indicar o nome dele para boas faculdades, posso oferecer empregos melhores pros pais deles... Basta que você seja um filho obediente, que eu sempre quis que você fosse.

Rasa tinha mesmo achado o ponto fraco de Gaara, e o exploraria até o limite. Bastava ameaçar Lee, pra que Gaara fizesse tudo que ele queria.

- Tenho certeza quem nem o Lee nem a família dele precisam da sua ajuda. Só não os atrapalhe, e eu serei o filho submisso que você quer. - Gaara disse.

- Ótimo. Então por favor, vá fazer suas malas. Seu voo é essa noite.

E assim Gaara fez. Ele arrumou as malas para ir para sua "prisão" em Suna. Ele pensava desesperadamente numa maneira de entregar sua carta a Lee antes de partir. Aquela carta era sua despedida, já que, provavelmente nunca mais o veria.

Quando chegou a hora de partir, Gaara foi para o carro, seu pai sentou-se no banco de trás com ele, e Baki foi na frente dirigindo. Eles foram até o aeroporto em um silêncio ensurdecedor. Gaara não trocou uma palavra sequer com o pai, ou com Baki até o aeroporto. Ele despachou as malas, e ao chegar em seu portão de embarque Rasa disse:

- Meu motorista em Suna vai buscá-lo no aeroporto e o levar direto para a escola. Tenha um bom voo. - Rasa disse sem expressão.

Gaara apenas ignorou as palavras do pai, e foi em direção a Baki para se despedir dele. Ele estava um pouco afastado, mas Gaara foi até ele com um abraço. Baki o recebeu em seus braços, se despedindo daquele menino triste.

Gaara viu que essa seria sua única oportunidade. Ele segurou Baki num abraço, e sem que eu pai notasse, ele pegou o envelope do bolso de sua jaqueta, e pôs no bolso do terno de Baki, e sussurrou em seu ouvido:

- Baki, preciso que entregue isso pra alguém, sem que meu pai saiba.

Baki olhou para ele espantado. Não estava entendendo ao certo o que estava acontecendo, mas Gaara parecia triste e desesperado. Decidiu não questionar muito e apenas disse:

- Como vou saber pra quem entregar? - ele sussurrou

Gaara deu um sorriso meigo para ele

- O envelope está aberto. Vai saber pra quem é. - Ele disse com sorriso meigo, mas seus olhos transpareciam a mais pura tristeza.

Baki apenas o abraçou novamente e eles se despediram. Gaara entrou no avião e partiu.

Sob o Pôr do Sol - Uma história GaaLeeOnde histórias criam vida. Descubra agora