O6.

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Uma das coisas que sua mãe lhe ensinou enquanto estava viva, era que homem nenhum tinha direito sobre uma mulher. E Yumi nunca se esqueceu desse ensinamento, principalmente por conviver com alguém como seu pai.

Para ser sincera, quando cruzou a porta de sua casa e percebeu que tanto seu pai quanto sua madrasta haviam sumido, ela se sentiu aliviada.

Podia até ser ruim pensar isso do próprio pai, mas ela não era ingênua, não havia nascido no dia anterior. Yumi sabia que havia sido ele que matou sua mãe, apesar da própria polícia dizer o contrário. E apesar de ter estado o tempo inteiro durante o acontecimento, quem iria acreditar em uma criança?

Aguni se afastou minimamente do corpo da mulher, mas permaneceu com o olhar preso em seu rosto. A japonesa não moveu um músculo se quer, não sabia se estava assustada com a aproximação repentina do homem ou seu instinto dizendo para ela não fazer nada a respeito naquele momento.

— Ela não serve. - Foi tudo o que o maior falou, finalmente desviando o olhar e começando a andar em passos lentos. A milícia voltou a segui-lo, com exceção de Niragi, que possuía uma feição confusa no rosto e ao mesmo tempo, raivosa.

— Ela não serve? Ela é perfeita. - Seu tom era acusatório, enquanto apontava para a mulher com a mão livre. Yumi ergueu uma sobrancelha, sem entender o que os dois discutiam sobre ela.

— E não é confiável. - Aguni proferiu, parando de andar. — Niragi, ela não fará parte da milícia. Não era nem para ela estar aqui. - E com isso, ele finalizou. Então era isso, eles discutiam para ver se ela havia ou não passado no teste para a milícia. Teste esse que Yumi não lembrava de ter feito.

— Com licença. - Sua voz chamou atenção de todos, incluindo dos membros da praia que a olharam assustados, provavelmente a achando louca por se meter. — Eu não consegui deixar de notar, mas vocês estão tentando decidir algo que eu nem havia escolhido? Não se preocupe, não quero entrar na sua milícia. - Ela falou a última frase diretamente para o homem forte, mas seus olhos permaneciam em Niragi, com um semblante irritado.

Olhou por cima de seu ombro, notando que ele havia parado de andar novamente, mas dessa vez, decidiu não retrucar. Ao virar, um colidir de ombros a fez dar um passo para trás, tentando não se desequilibrar. Os passos de Niragi eram rápidos, fazendo-o chegar na milícia rapidamente.

Yumi ignorou todos os olhares em si e adentrou novamente o local, passando direto por Kuina que estava ao lado de Chishiya no batente da porta.

Era noite de game, talvez devesse dar uma descansada antes ou treinar algo.

               Algumas horas depois, Tokyo - Japan

Juntou-se com um pequeno grupo perto da porta, notando que Kuina e Niragi estavam no meio. Aproximou-se da menina, e ambas preferiram não falar nada naquele momento. Era sempre a mesma tensão antes dos jogos, não tinha como evitar.

Foram levados até o local do game, e notaram que se tratavam de uma praça. E após uns minutos, lembrou-se de vir até aquele local com sua mãe após seu trabalho, já que ela tinha que acompanhá-la por não ter ninguém em casa.

Só que dessa vez, a praça parecia estar coberta por um cinza triste, haviam carros destruídos em lugares aleatórios do local, algumas pilastras quebradas estavam deitadas em certos locais, como se tivessem sido colocadas a dedo.

Caminharam até uma mesinha, onde os celulares estavam. Yumi pegou um e esperou que o reconhecimento facial fosse feito, andando até o lado de Kuina novamente.

— O que acha que vai ser esse? - A mais alta perguntou, olhando na direção da outra.

— Esse lugar está parecendo um campo de batalha de um jogo, Call Of Duty. - Deduziu, dando de ombros. É, ela não fazia ideia do que podia ser. Mas talvez tivesse dito aquilo cedo demais.

RAINHA DE COPAS | Alice In BorderlandOnde histórias criam vida. Descubra agora