Por Roseanne Park
— Vamos, Roseanne! Já faz meses que eu quero te comer. — a voz de Katinha estava alterada enquanto ela socava a porta.
Minhas lágrimas embaçavam toda a visão. Eu estava com medo. Desde que tudo aconteceu era sempre assim, mas hoje estava muito pior.
— Abra essa merda dessa porta, Roseanne!
Sentei-me na porta do banheiro trancado tentando não soluçar, mas o medo fazia meu coração acelerar.
Eu não conseguia acreditar em como Katinha era realmente por trás da máscara. Como ela conseguia esconder tudo de ruim que ela era, numa pose de boa moça?
Eu estava devastada. Ela estava fazendo da minha vida um pequeno inferno particular.
É engraçado como só pensamos em Deus quando estamos num momento de dificuldade, mas nesse momento eu já pedia pela décima vez pra que ele me ajudasse.
— Roseanne, eu vou arrombar essa porta! — gritou com raiva.
Ela estava drogada, como das últimas vezes em que nos encontramos. Sempre que ela se drogava, nas últimas semanas, ela ficava agressiva, mas dessa vez ela estava descontrolada.
— Eu vou contar até três Rosinha, abra a porta como uma boa garota. — disse em seu tom sarcástico tanto me enjoou nessas últimas semanas. — Um, dois, três. É sua última chance.
Meus soluços já eram audíveis, eu estava tremendo e as marcar vermelhas no meu corpo ardiam como o inferno.
De repente senti um baque na porta. Ela iria arrombar. Meu Deus, por favor me ajude! Senti mais um baque na porta.
Olhei para o espelho do banheiro e uma ideia me atingiu: Levantei-me do chão, peguei a toalha de rosto enrolando em torno do meu punho. Mais um baque na porta e eu tomei a coragem necessária para dar um soco com toda a força do meu corpo no espelho, que se partiu na hora. Adrenalina e o medo me deram força.
Os cacos de vidro se espalharam pelo chão, e eu peguei o que parecia mais afiado.
O tempo que eu me afastei da porta até a parede foi o mesmo do qual Katinha conseguiu arrombar a porta. Os olhos vermelhos e arregalados era só mais um dos efeitos das drogas.
Ela estava fora de si, o que me assustava ainda mais. Depois de todo esses dias sofrendo nas mãos dela, eu finalmente sabia do que Katinha era capaz.
— Fique aí ou eu vou te machucar. — ameacei com a voz trêmula. Ela riu maldosa, preenchendo o lugar. Por favor meu Deus, me ajude!
— Você vai me matar Rosinha? — ela disse se aproximando de mim passando a mão pelo meu rosto.
Meu estômago embrulhou me deixando sem forças. Apertei o pedaço de vidro em minha mão sentindo meu próprio sangue escorrer por ela.
— Você é fraca Park, não tem coragem. — ela sussurrou perto do meu rosto. Meu peito subia e devia rapidamente, enquanto ela passava a mão pelo meu corpo.
O nojo, o medo e a vergonha de estar naquela situação me levou a fazer o que nem mesmo eu acreditei. Enfiei o vidro afiado em seu braço, ouvindo seu grito agudo de dor.
Empurrei ela pra trás enquanto ela ainda gemia, e corri até porta. Eu precisava sair daqui.
— Você não vai em lugar nenhum, sua puta. — ela disse com a voz embargada me puxando pelo braço e me jogando conta o chão. Senti vários pedacinhos de vidro espetando meu corpo.
Ela tomou o pedaço de vidro com facilidade da minha mão e pressionou contra o meu pescoço. Fechei os olhos sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto.
— Ia me matar com isso? — senti a dor quando ela afundou mais o vidro contra meu pescoço. — Parece mais fácil eu te matar com isso, não acha?
Meus lábios tremiam, meu rosto estava completamente molhado e suado enquanto os fios do meu cabelo grudavam na minha testa.
Senti uma gota de sangue escorre pelo pescoço. Katinha tinha coragem o suficiente de me matar, e eu sabia disso.
Pensei em Lisa e em como eu morreria sem nem poder falar com ela sobre tudo o que aconteceu depois daquele dia. Eu queria ter tido a chance de pedir ajuda, mas não queria meter ela nisso. Ela estava certa o tempo todo. Katinha era perigosa.
— O que? Eu não sou boa o suficiente pra te comer? — sussurrou passando a mão pelo meu corpo. — Você queria que fosse a Lisa, não queria? — alterou a voz — NÃO QUERIA? — gritou raivosa, me fazendo soluçar de novo.
Katinha continuava sussurrando no meu ouvindo palavras nojentas, mas eu me forçava a pensar em outras coisas.
Seu sangue misturado com o meu estava por toda parte no chão do banheiro, deixando tudo ainda mais assustador.
Fechei meus olhos com força enquanto ela tentava a todo custo beijar minha boca. Eu estava travada, minhas lágrimas desciam incansavelmente, meu corpo não tinha mais forças para tentar empurrá-la.
Eu havia me entregado para o pior que pudesse acontecer. Sem nenhuma esperança de que isso acabasse. Eu só rezava para que acabasse logo.
Sua língua passeou pelo meu pescoço e suas mãos tentavam a todo custo desabotoar minha calça, quando de repente o corpo dela se afastou brutalmente do meu.
Ouvi um estrondo e abri os olhos assustada a tempo de ver Katinha sendo arremessada contra a pia do banheiro e Lisa desferindo diversos socos na cara dela.
Eu tentei gritar pra que ela parasse, que Katinha não valia a pena, mas eu não conseguia. O horror da cena de ver o rosto da garota, que quase me matou, encharcado de sangue me apavorou. Lisa gritava a cada soco que desferia com força.
Minha visão ficou turva e tudo começou a girar.
— LISA JÁ CHEGA! — a voz de Jisoo foi a última coisa que eu ouvi antes de apagar.
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Street Racer 🏁 Chaelisa version
Hayran KurguA fama das Manobans sempre deu o que falar em Miami. Sempre unidas e com as típicas jaquetas de couro e óculos escuros, todos conheciam aquelas quatro. De dia eram alunas normais cursando o final do ensino médio. De noite, atrás dos volantes, disput...