Missão

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TRÊS ANOS ATRÁS

- Vou ir sozinho? Cadê ela?

A voz de Damien, um dos traficantes que trabalhava para o cartel, fez com que umas garotas ao meu lado parassem de embrulhar o pó nos saquinhos transparentes. Eu não sabia porque elas agiam feito idiotas na frente dele. Ele era um imbecil. Então não parei de empacotar, e comecei a fazer mais rápido, para ser liberada mais cedo.

- Acontece que a Carla foi fazer um trabalho em Albuquerque e não volta até semana que vem – Georgina respondeu.

Era a mulher que tinha me salvado. Pelo que parece ela tinha respeito no cartel. Controlava a entrada e saída de mercadorias e ainda fazia alguns trabalhos diretamente para o chefe.

Ela o convenceu de me deixar ficar em troca de cama e comida. Era o suficiente para mim por enquanto. Então eu fazia o que me pediam, sem socializar com nenhuma das outras garotas que trabalhavam no depósito. Algumas semanas após minha chegada, me colocaram na rua como trocadora, mas como a região estava passando por um batimento policial, eu estava empacotando naquele dia.

Era horrível, eu odiava o cheiro daquele lugar.

- Tá, eu me viro – Damien respondeu de algum lugar atrás de mim.

- Espera – Georgina falou arrastadamente. – Ei. Você – algumas se viraram, eu não. – A novata – sem escolhas, me virei para eles. – Você vai com ele para fazer um trabalho.

Damien olhou para mim com o cenho franzido e depois para Georgina.

- Ela? Não. Obrigado.

- O que tem demais?

- Não vou carregar um peso-morto. Ela só vai me atrasar nas coletas.

- Não sou um peso-morto – respondi com raiva, mas se tivesse um pouco menos de impulsividade, teria ficado calada. – Eu sei me virar. Não preciso de babá. Mas posso ajudar se precisarem de mim.

Georgina arqueou uma sobrancelha de quem havia gostado da resposta.

- Está definido. Ela vai.

Damien me encarou por alguns segundos, eu semicerrei os olhos e ele revirou os dele.

[...]

- Vê se não vai vacilar – Damien estacionou o carro em uma vaga para caminhões e puxou o freio de mão da caminhonete.

- Preciso de uma dessas – apontei para a arma na cintura dele. Achei melhor não dizer que eu nem sabia atirar.

Ele riu.

- Vai sonhando – abriu a porta. – Anda logo. Desce. Entendeu o que vamos fazer? É simples. Só pegar o dinheiro dos caras, conferir, colocar na mala. Se uma nota estiver faltando, eles matam a gente quando voltarmos.

- Eu sei disso – abri a porta e desci do carro.

Damien me encarou enquanto subíamos a escada em caracol de metal até o segundo andar do grande armazém.

Chegamos e encontramos um espaço enorme, alguns moveis rústicos e sofás desbotados. Mais a frente tinha uma espécie de oficina de carros e um enorme homem estava debaixo de um deles.

- São o pessoal do Grimaldi? – Outra voz surgiu.

Olhei para o rapaz com expressões latinas e várias tatuagens pelo corpo. Tinha uma caveira tatuada em sua careca. Ele enxugou as mãos em um pano sujo e se aproximou. Junto com ele, havia outro homem. Mais baixo e com um enorme brinco na orelha esquerda.

- Isso – Damien respondeu. – Viemos pegar o pagamento da semana. Não avisaram?

O latino riu, debochadamente.

The KillersWhere stories live. Discover now