A Artista e o Corvo Encantado

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Um belo dia, Diaval acordou e decidiu que queria fazer uma nova tatuagem.

Certo, não foi exatamente assim, mas ele já pensava sobre isso há algum tempo. Ele já tinha uma, mas não era muito visível, e ele gostaria que fosse, então depois de alguns dias pensando, ele guardou um dinheiro e decidiu que faria.
A primeira tatuagem ele fez há muito tempo e há muitos quilômetros de onde está hoje, e embora a aprecie, Diaval não estava nem um pouco a fim de viajar apenas para fazer uma nova tatuagem, logo, ele foi no estúdio mais indicado pelos fregueses do bar que tinha ali pelos quarteirões. A entrada era estreita, as luzes penumbriosas em tons de vermelho e placas com palavras de luzes coloridas em linhas finas, placas essas que o guiaram até o balcão de recepção.

Ele analisou os tatuadores disponíveis antes de se pronunciar, franzindo o cenho quando seus olhos pousaram em um simples 'M.' disponível na lista de nomes.

"E aí." Uma mulher bonita, alta e de pele escura o cumprimentou quando chegou na bancada. O crachá dela dizia 'Shrike', e Diaval achou esse nome muito estranho, mas bonito. "O que vai querer?"

"O que geralmente as pessoas vêm fazer aqui?" Ele respondeu, sem tirar os olhos do quadro de nomes.

Shrike riu e remexeu em alguma papelada, enquanto mascava o chiclete e estourava uma bolha. "Tem hora marcada com alguém?"

"Hum... Não. É a primeira vez que ponho os pés nesse lugar na verdade, vocês foram muito recomendados."

"Eu acho bom que sim." Ela tirou uma caneta velha do bolso. "No momento apenas M. está disponível, mas aconselho que espere, essa pessoa tem um talento divino mas não tem mãos tão dóceis para iniciantes."

"Eu não sou exatamente um iniciante." Ele riu sem jeito. "Posso ficar com ele."

Ela girou a caneta nos dedos enquanto rabiscava. "Seu nome?" 

"Diaval. Diaval Callahan."

"Ok, Diaval. Acertamos o valor quando você voltar. Suba as escadas, é a última porta do corredor à direita."

"Muito obrigado."

Ele caminhou até as escadas longas que tinham atrás do balcão quando Shrike o chamou de novo. "Ah, e, Sr. Callahan."

Ele se virou. "Sim?"

"É 'ela'."

━─━

Diaval abriu a porta de vidro e rolagem devagar, dando uma boa espionada no espaço pequeno antes.
As paredes eram pretas, com alguns quadros e decorações marcantes, além de espelhos. No centro, uma cama e uma cadeira que ele deduziu que é onde a mágica acontece, e no canto havia uma mesa enorme com muitas coisas espalhadas e uma mulher de pé.
Essa devia ser a tal M. Ele não podia ver muito com ela de costas, mas ele viu um cabelo castanho escuro, longo e liso que brilhava sob a luz da sala e descia até o quadril dela, calças justas e botas de couro preto.

Um pouco tímido, Diaval deslizou para dentro da sala sem ser muito invasivo. "Olá? Você deve ser a M."

Ela ficou de costas por alguns segundos sem respondê-lo, e ele começou a ficar um pouco nervoso por isso, mas ele ficou verdadeiramente nervoso quando ela se virou.
Orbes de um verde-tóxico muito brilhantes o fitaram, destacadas nos cílios grossos e pálpebras pintadas de uma maquiagem escura. A pele dela era muito branca, um pálido quase translúcido, ela tinha bochechas afiadas e uma boca grande e vermelha escarlate com um piercing de pequena argola brilhante e prateada de metal no meio do lábio inferior. Diaval percebeu que o corpo dela era marcado por tatuagens, algumas muito visíveis e outras com partes censuradas pela roupa dela, mas a que mais o chamou atenção foram as chamas verdes tatuadas saindo de seu decote e subindo pela clavícula até o pescoço, se espalhando pelo ombro esquerdo e descendo até o cotovelo, como se o corpo dela estivesse simplesmente flamejante. 

Tinta, Titânio e NicotinaOnde histórias criam vida. Descubra agora