"Nec possum tecum vivere, nec sine te."
TREZE ANOS ATRÁS
Como sempre, os passos soavam como uma incessante marcha nesta manhã de domingo no distrito australiano de Revetahw. Um grupo de crianças se encontra no único parque ecológico local, conhecido por sua estranha flora por àqueles estrangeiros ao local, mas que aos olhos desses meninos, é apenas o cenário rotineiro dos seus domingos. Nesse grupo, há um menino de 5 anos de idade de longos cabelos dourados escuros, com grandes olhos tristes com uma íris de um azul intenso mesclado com diferentes reflexos do tom, profundo como os confins do oceano, contrastando com suas estranhas pupilas prateadas. Olhos que pareciam belos e apavorantes demais para pertencerem a uma criança humana.
Os passos de ritmo irregular do garoto destoam da marcha usual e o afasta inevitavelmente dos outros, e, em contrapartida, as outras crianças fazem também, quase inconscientemente, o possível para manterem essa distância, afinal, crianças tendem a ser ainda mais cruelmente sinceras em sua aversão ao que consideram estranho. Entretanto, essa questão não ocupa os pensamentos do garoto, pois, no momento, ele está sobrecarregado de inquietação positiva. Mesmo que o cenário nunca mude, ele anseia pelo domingo, porque ama sair do orfanato St Emanon para meninos, onde ele fora deixado na porta quando nascera, para andar pelo mundo afora . Nele há uma complexidade que, de dentro do cubículo cinzento que vive, não se pode enxergar; Há sorrisos brancos, negros, expressivos, rasos, profundos, olhos assombrados, olhos vazios, sombreados, ou há muito tempo fechados, tudo isso o fazia se perguntar como seu rosto parecia para os outros, pois ele mesmo não sabia dizer que tipo de expressão tinha. Podia enxergar o de todos, menos a si mesmo, não importava o quanto olhasse no espelho, o que lhe dava uma sensação ansiosa toda vez que pensava sobre isso. Mas o que deixa o garoto realmente intrigado é que, não importa o que o rosto de alguém carrega, ela continua andando; O resultado de tantos tons diferentes é sempre a mesma ação. Os seres humanos realmente o assustam, e realmente o fascina.
O menino sente uma leve pontada em sua cabeça, e nota pelo canto do olho um brilho estranho entre a vegetação costumeira,e, quando finalmente concentra sua atenção nessa sensação, um murmúrio de surpresa e admiração escapa de seus lábios; Uma árvore completamente prata, como se tivesse saído de outro mundo. Quando alguns raios de sol refletem nela, é como se ela fosse feita de metal líquido. Instintivamente, como qualquer criança animada que viu algo novo faria, ele apressa o passo e cutuca o ombro do colega mais próximo à sua frente:
-Olha, olha! Tem uma árvore de metal super linda ali!-Diz, apontando freneticamente na direção da estranha planta.
O garoto que foi cutucado,primeiro se assusta com o súbito contato, olhando ao redor com certa curiosidade, antes de retribuir um olhar com desprezo suficiente para a criança loira se afastar:
-Qual o seu problema? Não tem nada ali, para de tentar chamar atenção, esquisitão!-Diz, gritando a última palavra de sua sentença enquanto corre na direção de outro grupo de meninos.
Rapidamente, as crianças mais próximas riem e cochicham, olhando na direção do menino repreendido, fazendo-o corar de vergonha. Ele olha novamente na direção da árvore, mas agora, para seus olhos, ela não está mais lá, quase como se realmente tivesse sido alguma miragem que sua mente projetou. O menino automaticamente coloca a mão no pingente em forma de "F" do colar prata ao redor de seu pescoço pálido- um hábito que adquiriu sempre que se sente inquieto. Esse colar e o manto que estava enrolado nele foram as únicas coisas deixadas com ele na porta do orfanato. No manto, havia bordado as únicas informações sobre quem ele era, seu nome e aniversário- 1 de julho, mas, isso era apenas o que ele tinha escutado dos padres que administravam o orfanato, porque o manto tinha sido perdido há muito tempo. Logo, o colar era a única coisa que confirmava que ele tinha uma identidade, seu bem mais precioso.
Lentamente, gotas de chuva começam a cair, até o céu se fechar por completo. Enquanto as outras crianças corriam para se proteger da chuva indo na direção das árvores de grossas folhagens que revestiam o local, o garotinho de cabelos dourados apenas fechou os olhos e parou onde estava, sentindo cada gotícula gelada com prazer. Não se importava em se molhar, para ele, essa tempestade trazia uma estranha calmaria ao seu coração angustiado.
-Ethan, rápido, está atrasando a todos- O padre responsável pelo passeio semanal diz rispidamente enquanto tenta organizar a fileira de crianças inquietas e ensopadas na direção do ônibus que o trouxe. Ethan, no entanto, mal escuta; qualquer coisa dita a ele no momento, assim como o som das gotas pesadas de chuva batendo no chão, soam como múrmuros surdos. O menino direciona seus olhos, agora carregados de um vazio frio, para cima, e não consegue evitar de pensar, enquanto avalia o céu cinzento, que não seria tão ruim se tornar parte da chuva.
OBS- Só irei revisar o português do livro quando tiver escrito bem mais, até lá, a gramática que lute kkkkkkk.
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OS ELEMENTOS CELESTIAIS: As Lendas Nascem das Cinzas- Parte 1. [PRÉVIA].
Fantasy" -Se preocupar com alguém em... Algo problemático demais- Solto inconscientemente. De fato, como pensei. Amarras que lhe prendem, impedindo de ir longe demais, mas também... impedindo que você caia. Algo que lhe agarra a vida também, como para ess...