OS ELEMENTOS CELESTIAIS: As Lendas Nascem das Cinzas- Parte 1. [PRÉVIA].

Capítulo 5.5- Ponte entre arcos.

"The quietness can be the first act of the chaos that will ravage someone life "

2 dias depois do renascimento de Ethan

Eu não acredito que estou mesmo fazendo isso- Penso, inconscientemente fazendo uma careta para a panela, enquanto termino de refogar os legumes que Mikaela não transformou em matéria morta.

Fazem 2 dias desde que me mudei para cá, e, justamente hoje de manhã, quando fui o primeiro a chegar na cozinha, fui o primeiro a me deparar com a tragédia de Mikaela tentando cozinhar.

Inimaginável. Além de ruim, o cheiro, a bagunça, tudo... Como diabos alguém consegue fazer algo tão ruim?

- Eu segui todos os passos da receita do risoto- Mikaela, que, por algum milagre, apesar de ter bagunçado tudo, continua impecável e limpa, falou, com uma cara totalmente inexpressiva, como se tivesse tudo normal, enquanto brincava com um fio inexistente de sua meia calça preta.

- Receita de onde? Do manual terrorista? -Disse, irritado, enquanto tampava o nariz. Céus...

Por alguma razão, quem terminou no fogão fui eu. Ela realmente conseguiu me fazer terminar aqui...

- Não imaginava que você fosse tão prendado- Ela provoca, olhando pelo meu ombro com curiosidade, me fazendo revirar os olhos.

Não, apenas que, no orfanato, todos aprendiam o mínimo, no caso, o mínimo para não envenenar ninguém.

-Apenas não desejo que minha causa de morte seja intoxicação alimentar. -Digo, olhando de soslaio por trás de ombro quando sinto a sensação esmagadora familiar, quase derrubando a frigideira no chão.

Santa merda, é sério?

Ela tinha dito que iria limpar a bagunça, mas parece que a ideia dela de limpar foi usar o seu poder, o suposto fogo para lutar na guerra contra demônios, para transformar as coisas que ela sujou e destruiu em cinzas, antes de, com uma palma, dispersar as cinzas em nada, sem deixar rastro do que tinha feito.

Bem, pelo menos... O controle dela é bom o suficiente para queimar só o que ela deseja-Penso, resignado.

-Você está exigente com a sua morte. Já é um avanço significativo- ela fala, inclinando o rosto em um sorriso cínico, mechas de cabelo prata caindo em seu rosto e pescoço, enquanto apoia os braços na mesa.

- Seu senso de humor é ridículo- Murmuro, enquanto desligo o fogão estranho, desfazendo o conjuro simples de conexão com a sala para utilizar os utensílios, praticamente jogando a frigideira com o risoto na mesa.

Ontem, além da reunião que fizeram para traçar o que descobriram até agora, Yukina me ensinou os conjuros mais básicos: manipulação de central, invisibilidade e portal. A manipulação de central era o mais fácil, quase inconsciente, em que ele, usa uma pequena parte da corrente de poder dentro de si, como um fio, e o conecta à aura da sala, o que o permitia controlar pelo seu pensamento utensílios, luz e vista do local. Para desfazer, bastava "puxar" o fio de volta. Era para eu sentir estranhamento em fazer essas coisas, mas... eu não sentia nada disso... parecia simples, quase como... eu ,de fato, tivesse nascido para fazer isso. Essa naturalidade facilitava seguir o fluxo, não entrar em pânico e nem afundar em dúvidas.

Facilitava, mas apenas até certo ponto. Esse tipo de coisa, afinal... não é simples assim.

Eu só posso... tentar manter meus olhos abertos pelo máximo de tempo possível, até que.. eles se fechem ou fiquem abertos por conta própria.

-Sua capacidade de se perder em pensamentos e virar uma estátua cega e surda é incrível- Ouço a voz suave de Yukina na minha frente, fazendo eu tropeçar levemente para trás e piscar um pouco, me deparando com sua pequena e impassível figura flutuando na minha frente.