Capítulo 2;

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"I am in chains. Don't touch my chains." - Kafka, Franz.

"But once you start doubting,it's hard to know what to believe."
-Junichirô Tanizaki.

ABRO OS OLHOS lentamente, piscando-os freneticamente enquanto ajusto minha consciência vertiginosa; eu desmaiei? Porque estou em uma maca? Onde está minha camisa? Tento me apoiar em minhas mãos e levantar, quando, em sincronia com uma dor aguda no abdômen e uma sensação ardente no peito que irradia por todo meu corpo, os acontecimentos passados invadem minha mente.

Mas que merda?Isso foi um pesadelo, certo? Tal pensamento me faz soltar uma risada rouca e dolorosa; você sabe que não foi, a quem quer enganar? Não importa o quão irracional seja, a dor que sinto no momento, as lembranças vívidas, aquilo foi real... Tudo aquilo... - Penso, involuntariamente apertando o pingente no meu pescoço. Graças a deus, ele ainda está aqui.

Olho para baixo, me preparando mentalmente para o estado que meu abdômen se encontra, e quase engasgo com o que vejo. Intacta?! Como está intacta após aquilo?! Não... mais importante que isso, porque não desviei? O que houve comigo? Porque meu peito dói? -Porque não me movi?- Murmuro inconscientemente, apoiando a mão na testa. Haha... Apenas...O que é tudo isso?

- Era um Zetesk com capacidade de diminuir amplitude de movimentos, um verdadeiro paralisante para alguém incapaz de usar aura. Bem, não que você vá entender algo que eu disse agora- Uma voz arrastada soa atrás de mim, fazendo eu dar um sobressalto e quase cair da maca.

Há uma garota de cabelo cor salmão na altura do ombro, um pouco maior que o meu, sentada atrás de mim com um livro apoiado no rosto. Se essa menina pequena não tivesse falado, quem sabe quando eu a notaria? É quase como se ela anulasse completamente a sua presença. A quanto tempo ela está aqui? Quem é essa pessoa?

Quase como se pudesse ler minha mente e farejar minha curiosidade e indignação, a garota lentamente remove o livro do rosto com uma mão adornada com uma pulseira prateada em forma de dragão- Noto, porque, por alguma razão, mesmo sendo completamente diferente, me lembra o colar que descansa em meu pescoço- revelando um rosto pequeno e élfico. Mas, o que mais me chama atenção nela são seus olhos que destoam completamente de sua aparência infantil. Olhos redondos e tempestuosos de íris cor de chumbo com reflexos acinzentados,que, em conjunto com suas pupilas pratas, parecem dois espelhos capazes de enxergar e refletir até meu âmago mais profundo.

-Onde estou, e quem diabos é você?-Digo, tentando parecer o mais calmo possível, embora que, inconscientemente, aperto os punhos com tanta força que as unhas se enterram nas palmas da minha mão. Certo, certo, calma, o mais importante agora é informação.

Ela me encara por um tempo, o que exige todo meu autocontrole para não desviar o olhar, antes de finalmente esclarecer alguma coisa:

-Vejo que acordou de bom humor. Bem, sou Yukina- Diz, dando um leve suspiro antes de continuar: - Não que saber vai fazer alguma diferença, já que você não sabe absolutamente nada, mas estamos em uma das centrais dos transmutadores elementares, Ethan- Diz, jogando uma camiseta preta em minha direção.

Aí está, mais palavras que eu não entendo... Transmutadores? Central? Zetesk? Espera...

-Ei, como você sabe meu nome? - Deixo escapar enquanto me visto, afinal, não o disse hora nenhuma. Eles me investigaram?

-Bem...-Ela começa, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha- Você dormiu por quase um dia, foi tempo suficiente para Mika e seu primo usarem recursos para lhe stalkear e para eu cuidar da memória e registros dos mortais daquele orfanato que você estava..-Fala, em um tom tão relaxado que chega a ser irritante.

OS ELEMENTOS CELESTIAIS: As Lendas Nascem das Cinzas- Parte 1. [PRÉVIA].Onde histórias criam vida. Descubra agora