4 - Ele é editor

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Por culpa do meu irmão, fui a encontros desastrosos nessas ultimas semanas, depois de Chelsea, se conectar com uma garota não é só difícil, é estranho. E essas tentativas para o desespero de Mike, só me fez afundar mais no trabalho.

Por isso assim que chego em casa, depois de mais um encontro desastroso, vou atrás de bebida, já que Arthur não me ouve e provavelmente vou perder meu trabalho também, é melhor começar a me afundar em outra coisa, nem que seja em álcool.

Mas aparentemente a vida nem para me afundar do modo que eu quero me deixa, e deixo a garrava de bebida cair, espalhando os cacos por toda minha cozinha, cortando minha mão. Bufando vou ate meu banheiro atrás do meu kit de primeiros socorros, para lembrar que Mike o levou da ultima vez que veio, e ainda não me devolveu.

Enrolei um pano na minha mão, para conter o sangue, antes de deixar meu ap, e bater na porta da minha vizinha.

- Sim? - murmurou ela, abrindo a porta.

Analisei a garota em minha frente, a calça larga combinada com uma blusa velha e igualmente larga, seu cabelo molhado, o loiro escuro pela água, e oculos em seu rosto, provavelmente ela usa lentes no dia a dia, por que aquilo era novidade para ele.

- Eu tive uma acidente no meu apartamento - contei mostrando minha mão enfaixada com um pano que se manchava de sangue - e não acho meu kit de primeiros socorros, será que você não teria um para me emprestar?

Lara analisou minha mão sangrando, enquanto eu analisava a dela estendida sem entender o que ela queria; provavelmente vendo minha confusão, ela puxou minha mão, tirando o pano ensanguentado e observando o corte.

- Parece ser nada de mais, nada que alguns pontos não resolva - comentou ela, soltando minha mão e abrindo mais a porta - espera no sofá, vou pegar o kit e costuro para você.

- Não precisa - protestei ainda na porta - eu mesmo posso resolver isso, se você me emprestar seu kit.

- Isso não foi um pedido - declarou ela, me olhando por cima de seu ombro - fecha a porta quando entrar.

Com uma revirada de olhos adentrei no cômodo - notando que o apartamento dela era espelho do meu - me dirigi ate o sofá, ainda notando e analisando cada aspecto de seu ap, mesmo não fazendo muito tempo que ela tinha se mudado, o apartamento era bem decorado, com quadros, mobília e cor.

Do sofá notei seus livros e cadernos abertos sobre o chão e mesa de centro, por um momento observei a fotografia de um pulmão em vários ângulos, de um rascunho desenhado nas linhas do caderno.

Lara voltou trazendo seu kit.

- Uau, pelo jeito vim para o apartamento certo - comentei, apontando para os livros.

Ela sorriu sem jeito, empurrando os livros para o lado, Lara se sentou na mesa de centro e puxou minha mão para examina-la mais uma vez.

- Estou no último ano da faculdade de enfermagem - explicou ela, molhando um pano com álcool, para limpar o sangue.

Em silêncio, Lara limpou o sangue e costurou minha mão, enquanto procurava algumas bandagem, tomei coragem para perguntar:

- Está tudo bem?

Lara ergueu o rosto

- O que?

- Sempre que nos esbarramos no elevador, você sempre parece tão animada - expliquei - e agora está meio rabugenta.

- Se você pode ter dias que está estressado, eu também posso.

- Touché.

Ela suspirou, terminando de enfaixar minha mão.

- Desculpe-me, é semana de provas e o estudo está me matando.

Concordei com a cabeça, com um sorriso solidário, em uma tentativa de dizer "tudo bem".

- Pronto - sussurrou Lara, largando a mão enfaixada.

- Obrigado - murmurei me levantando - como posso agradecer a isso?

- Nunca mais bata a porta na minha cara - brincou ela.

- Não sei se posso prometer isso - brinquei de volta.

Fechando a maleta do kit, ela me acompanhou até a porta.

- Até o elevador - disse ela, se escorando na porta.

- Antes elevador, do que outro acidente - comentei, erguendo a mão enfaixada.

- Se os pontos abrirem, pode bater na minha porta de novo, não é incômodo.

- Tá bem - murmurei, abrindo minha porta, enquanto Lara fechada a dela.

❃✾❃

Um mês se passou, depois do pedido de desculpas e o acidente de Adam, e nós não nos falamos mais, pelo menos nada muito além de bom dia ou boa noite, quando nos víamos no corredor ou elevador.

As características do meu vizinho.Onde histórias criam vida. Descubra agora