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Eduardo

Acordo com meu celular tocando e eu todo suado. Passo a mão pelo rosto e me estico até a pequena cômoda com cuidado pela Vitóría estar em cima de mim.

-Alô?

-Porra, Eduardo! A garota val se atrasar.

-Ela não dormiu direito essa noite.

-Pelo jeito, nem você. Acorda pra trabalhar vagabundo, vamos nos preparar pra invasão.

-E tu quer que eu leve a Vitória pra creche? Tá maluco, Leandro?

-Vambora, Eduardo!

*desliga o celular na minha cara*

Tiro Vitória de cima de mim que se remexe um pouquinho, mas continua dormindo. Vou pro banheiro e tomo um banho geladao pra despertar.

Vitória ficou a noite toda tendo pesadelos, eu acho. Pelo jeito que ela gritava e me olhava bem assustada. Quando Fernanda morreu, ela só tỉnha um ano. Mas acho que ela sente a falta da mãe, no fundo deve entender toda essa confusão.

Flashback

Duzinho: Me mata! Mas deixa a minha familia!

Eu já estava nervoso com medo do que iriam fazer com a minha branquinha. O cana riu bem debochado da minha cara com os seus ainda me segurando.

Duzinho: Me mata caralho! Deixa a minha mulher e a minha filha! - falo aflito com ele segurando ela que só chorava.

Cana: Você vai assistir tudinho, Duzinho. Você não vai morrer, seria pouco pra você. O seu amor vai acabar aqui, ai posso te ver sofrer. Vai ser minha maior alegria.

Duzinho: Solta ela porra!

Cana: Pode soltar a vagabunda- ele fala pra um deles que solta ela e me solta.

Nos abraçamos e ajoelhamos naquele chão chorando de soluçar.

-Eu te amo. Desculpa em te colocar nessa - falo pra ela que nega com a cabeça.

-Você foi a minha melhor escolha. Temos o fruto da nossa história, Du - alisa meu rosto.

Só escuto dois tiros disparados e Fernanda fechar os olhos devagar.

Amor! - pego a mesma em meus braços e choro - Volta pra mim...

Escuto mais uns tiros. Mas nem me ligo, eu perdi o amor da minha vida, a mãe da minha filha. Aquela em que eu planejei nosso futuro desde adolescentes, 15 anos.

-Vamos embora, Duzinho- Leandro me chama.

-Ele acabou com a minha vida.

-Acabamos com a deles. Se ergue, você ainda tem a Vitória.

-Cadê ela?- enxugo minhas lágrimas .

-Está na casa da mãe Márcia. Vamos.

Assim que chego na minha mãe abraço minha filha bem forte e ignoro os gritos da minha mãe.

-Papai te ama. Prometo cuidar de você.

Ela alisa o meu rosto com os seus dedinhos e dar uma gargalhada gostosa.

-Mama? -fala sua primeira palavrinha.

-Papai não conseguiu proteger ela, filha - começo a chorar mais uma vez.

-Amo- beija meu rosto e faz biquinho.

[...]

Eduardo

Vivi:Papai! - escuto um chorinho do quarto.

Enrolo a toalha na cintura e vou correndo até o quarto.

Duzinho:Que foi princesa?- falo pegando ela no colo.

Ela só enterra seu rostinho no meu pescoço e me abraça. Sorrio com seu chamego e vou pra cozinha. Sento ela na bancada e esquento sua mamadeira.

Enquanto a mamadeira esquenta, dou um banho rapidinho nela. Visto um short e a blusa da creche. Prendo seu cabelo em um puffzinho como sempre.

Coloco minha bermuda bem rápido e penduro a camisa no ombro. Pego a mamadeira e sento ela no sofá que estende as mãos. Entrego pra ela que mama tudo vendo desenho.

Como um pão com mortadela e tomo meu café.

Calço meu chinelo e coloco o sapatinho na Vivi e pego sua mochila.

Fecho as janelas e tranco as portas. Coloco ela na cadeirinha e parto com o carro, depois de cumprimentar os seguranças que estavam na frente da minha casa. Levo ela até dentro da creche esperando pela professora que logo aparece.

-Bom dia, Eduardo- ela sorrir.

Duzinho:Papai já vai- beijo sua bochecha e a entrego pra professora, ignorando ela.

Todo dia essa palhaça vem ficar dando em cima de mim. Vai sentar pra outro, po.

Entro no carro e vou pro buraco na estação. Cumprimento todos que estão na barraquinha improvisada como boca.

Muralha:Até que enfim, porra- faz um toque comigo.

Duzinho: Qual é da invasão?

Muralha: Os vacilões achando que pode vermelhar minha favela. Camará vai seguir intacta, tcp sempre.

Duzinho: Já pegou a carga forte?

Muralha:Já tá tudo nos esquemas. Só vamos pro Jabour acabar com tudo isso.

Duzinho: Então bora, porra.

Subimos na moto com uns piloto de fuga que fecha com a gente e fomos direto pro Jabour. Fizemos todo o corre por lá e botamos pra correr mais uma vez.

Estamos sentados no bar comemorando nossa vitória com todos os parças . Vejo Rebeca vir na minha direção e já reviro os olhos.

Beca:Oi Duzinho - senta no meu colo.

Duzinho:Tchau, Rebeca- tiro ela de cima de mim.

Beca:Mas, Duzinho- reclama.

Duzinho:Caralho hein, Bianca. Eu só te comi no domingo retrasado. Tá achando que vou te fortalecer? Esquece - falo seu nome errado de propósito.

Boto ela pra correr, que sai batendo pezinho.

Eu que lute pra aturar essa emocionada no meu pé. Confunde uma foda com fiel po.

Muralha:Continua maltratando as minas e tu vai acabar sozinho.

Duzinho:Já tenho minha menina, minha filha. Preciso mais de mulher nenhuma, só aquela já manda em mim.

Muralha:Sei...- fala bebendo da sua cerveja.

Quero saber de mulher parceiro? Já basta a Vitória. Só com dois anos me faz de gato e sapato.

[...]

Meu Recomeço [REPOSTANDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora