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𝗧𝗵𝗲 𝗹𝗲𝘁𝘁𝗲𝗿

𝕻𝖎𝖊𝖗𝖗𝖊 𝕲𝖆𝖘𝖑𝖞

A ÁGUA ESCORRE pelo regador e cai sobre a terra seca da planta que pede por água, sendo uma dramática de primeira. Ainda ontem lhe dei água. Pouso o regador verde claro no balcão e agarro no vaso enquanto canto algo que ouvi esta manhã ao sair do meu apartamento. O dia de hoje está belo, o céu está limpo e o sol brilha fortemente. As ruas de Mónaco estão cheias de pessoas que aproveitam este dia de verão. Retiro as folhas secas das plantas expostas na loja. A porta é aberta e com ela o pequeno sino é ouvido. Levanto o meu olhar encarando os dois rapazes que acabam de entrar no estabelecimento.

"Bonjour." Falo dando um sorriso e vou colocar as folhas secas no lixo. "Comment puis-je t'aider?" Volto a falar em francês e reparo na cara de confuso de um dos rapazes, que olha para o amigo a pedir ajuda. "Oh vocês não falam francês?"

"Oui, je parle français, il ne parle pas." O rapaz loiro de olhos azuis fala rindo do moreno. Solto uma gargalhada pequena assentido.

"Mas então em que posso vos ajudar?" Pergunto em inglês para que o rapaz moreno possa entender.

"Ahm certo. Um amigo nosso recomendou-nos vir aqui dizendo que és a melhor florista aqui das redondezas."

"O vosso amigo está a exagerar." Digo enquanto agarro em gerberas para colocar arame nas mesmas. "Sou de longe ser a melhor florista, quer aqui quer noutro lugar do mundo." Um sorriso mantém-se na minha cara. O rapaz loiro observa as flores ao seu redor enquanto que o seu amigo me encara um pouco nervoso. "Mas pronto posso tentar fazer o meu melhor. Gostariam de comprar o quê?"

"Eu não sei, não percebo nada disto." Ele fala nervoso e a rir.

"Então comecemos por saber para quem é as flores, mãe, namorada, prima, irmã."

"É para a namorada, ele fez merda e agora quer pedir desculpas." O mais baixo fala e o moreno dá-lhe uma cotovelada. "Auch! É verdade!"

"Não é bem assim. Eu apenas me esqueci de a ir buscar ao aeroporto e ela agora está chateada."

"Fizeste merda." O jovem mais baixo fala encolhendo os seus ombros.

"Então vamos fazer um bouquet todo giro, para que ela fique contente e esqueça o teu esquecimento." Digo pousando o balde com as gerberas na prateleira atrás de mim. "Queres gastar até quanto?" Pergunto ao rapaz saindo de trás do balcão.

"Não sei. Não sei se deva pedir um bouquet grande ou pequeno." Ele coça a parte de trás da cabeça.

"Eu acho que um bouquet de vinte euros chega perfeitamente. Ou até um de doze chegava mas para que ela fique mesmo toda contente iria para um de vinte."