Eu

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Já faziam vários anos que eu era casada com Sasuke, tinha uma filha com seus doze anos, e levava uma vida bastante pacata. Era diretora do hospital de Konoha, diretora da clínica psiquiátrica infantil, além de uma shinobi de elite.

Ver Sarada crescer e se desenvolver sem Sasuke era uma das minhas mais difíceis missões. Eu estava muito cansada de sempre estar sozinha. Já faziam quase dois anos que não tinha nenhuma notícias dele, e eu também de questionar meu sensei ou amigo sobre isso.

Ino e Hinata eram casadas e muito felizes. Tenten e Lee se envolveram com o passar dos anos... E no final, todo mundo estava feliz com seu par. Mas eu não.

Eu era autruista e queria que meu marido fizesse a missão de achar os vestígios da Kaguya por um bem maior. Porém, meu bem mais precioso sofreu nesse processo. E mesmo todo meu amor e dedicação não supriram a falta que Sasuke fez a ela.

E por isso eu nunca o perdoarei, como esposa, eu poderia perdoar, mas como mãe... Ah, como mãe não.

Vê-la sempre chorar a noite, me perguntando onde seu pai estava... E eu inventando mil e uma histórias sobre suas aventuras no mundo Shinobi que eu nem sabia se eram reais.

Mas os últimos anos foram os mais difíceis para mim como mulher, eu estava muito frustrada, havia um buraco no meu peito. Eu, Uchiha Sakura, mesmo trabalhando para curar o psicológico de incontáveis crianças, era talvez a mais necessitada.

Hoje era um daqueles dias horríveis, deveria ser meu aniversário de casamento, mas, mais uma vez eu estava sozinha. Sarada já havia percebido que sempre nessa época do ano, eu ficava pior.

Ela era uma menina muito inteligente, se ligava nos detalhes, era fechada em alguns pontos e muito enérgica em outros. Era uma menina de ouro, com certeza minha melhor amiga. Ela era tudo para mim, e só por ela ainda aguentava tudo isso.

Hoje eu já havia voltado do hospital, não consegui trabalhar, estava cansada demais para isso, e uma das minhas melhores enfermeiras me sugeriu ir para casa. Ela viu meu estado.

Ao chegar em casa, vi Sarada e seu time no nosso quintal, Konohamaru estava mostrando algum jutsu quando eu cheguei e cumprimentei.

— Olá crianças. Tudo bem Konohamaru-sensei?

— Olá Uchiha-san. Viemos treinar um pouco antes de uma missão. Amanhã iremos sair da vila pela primeira vez.

Konohamaru era muito alegre e lembrava bastante o Naruto em alguns aspectos, o que sempre aquecia meu coração de mãe.

Sarada me olhava quieta demais e logo disse para os amigos.

— Certo pessoal, nos vemos amanhã. Eu vou ficar com a minha mãe essa tarde.

Sarada era tão perceptiva, e muito transparente em suas ações, que seus amigos entenderam o recado e se foram. Mitsuki e Boruto eram crianças maravilhosas, excelentes companhia para minha menina. Eram provavelmente os ninjas mais fortes da nova geração.

Depois de perder algum tempo observando o quintal, Sarada tomou o caminho para o seu quarto e eu também fui tomar um banho. Pensei em fazer algum bolo ou algo assim para comermos a tarde.

Sai do chuveiro e fui para o quarto me trocar, e a vejo me esperando, rodando uma kunai entre os dedos.

— Okasan, você está triste de novo. Eu cheguei a conclusão de que sei pelo que é.

Eu nunca falava para ela os motivos dos meus choros noturnos ou da minha recente depressão, ela era uma criança, apesar de ser uma ninja tão habilidosa também.

— Diga Uchiha Sarada, o que a senhorita acha que descobriu.

— Bem, no começo eu acha que era pela morte dos meus avós ou pelo clã. Mas a senhora sempre vai em datas muito específicas no memorial, então descartei. Pensei que poderia ser a perde de um irmão, mas como fazem tantos anos que o papai está em missão, eu logo descartei.
Então, vi que a senhora sempre olha para a aliança e então conclui que é por causa do seu aniversário de casamento.

Ela parecia empolgada em me contar, e eu pude rir da sua astúcia. Ela tinha razão.

— Adivinhou.

Ela então fechou a expressão e disse bastante firme.

— Você deveria se separar mamãe.

Eu fiquei paralisada, isso rondou a minha cabeça por meses, e muito da minha recente doença era por esse martírio. Eu queria me separar, mas o medo de deixar Sarada para trás era terrível.

— Existem muitas coisas envolvida Sarada-chan.– Eu afaguei seus cabelos negros e cheirosos.

— Mamãe, eu já sou uma chuunin, e sei me virar. Eu entendo as coisas.

Eu não pude conter um riso triste, ela não era mais um bebê. Eu queria mais um filho, mas não tive muitas oportunidades.

— Eu nem sei onde seu pai se encontra Sarada...

— Eu sei que o Nanadaime manda mensagens para o papai. Eu ia atrás dele, mas desisti, se ele não vem para me ver, eu não vou até ele.

Realmente Sarada não era mais aquele bebê que vivia perguntando sobre o Pai, ela havia crescido e já estava vendo quem estava ao seu lado. E bem, não me surpreendeu quando ela disse que Naruto falava com ele, acho que ele deve evitar falar para mim pois, das últimas doze vezes que eu fui até ele para saber notícias, Sasuke nem mencionou nada sobre mim ou Sarada.

Então, eu simplesmente parei de procurar saber sobre ele, e também parei de mandar notícias. E ele não sentiu falta.

— Você cresceu Sarada... Eu não deveria falar dessas coisas com você, deveria preservar a imagem de bom pai do Sasuke.

— Mãe, ele nunca foi um bom pai ou bom marido, não importa quão bom shinobi ele seja...– Ela disse segurando a minha mão.

Eu sorri e deixei uma lágrima solitária cair do meu rosto, e ela rapidamente a limpou.

— Não quero mais te ver chorando mamãe, se sua felicidade é longe dele. Eu vou com você!

Ela sorriu, um sorriso tão contagiante que me aqueceu a alma. Eu tinha o aval da pessoa mais importante do mundo. Agora eu precisava ir atrás das coisas para poder seguir em frente.


❤️

Eu precisava escrever sobre essa história. Sakura e Sarada como protagonistas.
Sasuke como sempre fazendo merda. E é isso. Beijos

Quem é Sakura?Onde histórias criam vida. Descubra agora