Único

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Neil respirou fundo numa falha tentativa de conter os batimentos agitados de seu coração. Estava trancado no quarto desde o segundo em que ouviu a voz de Andrew e uma porta batendo. 

Maldito seja Kevin. Maldito seja Kevin.

O ruivo enterrou a cabeça no travesseiro tentando afastar as vozes que conversavam lá fora. Ele não podia culpar Kevin, quem raios iria adivinhar que Neil Josten tem um crush em Andrew Minyard e principalmente, quem iria cogitar que ele sabe muito bem diferenciar os gêmeos? Renee sabe. Mas Renee é outro assunto. Renee sabe de tudo. 

Uma porta bateu. Passos. 

— Kevin? — ele chamou. Só podia ser.

— Neil? — não era Kevin. Se não era Kevin era Andrew, a diferença dos tons de vozes eram latentes e mais latente que isso só o coração de Neil correndo feito louco em seu peito. — Neil, o que faz trancado aí?

— Eu… Eu…. Eu estou ocupado! Eu… estou sabe, estudando.

"Estudando a vontade que eu tenho de te beijar. A raiva que senti quando te vi beijando aquele aluno que eu nem sei quem é. Eu não tenho o menor direito de interferir mas queria dar uma voadora naquele garoto e em ti porque deixou. E merda, como eu queria te beijar. Eu me sinto um garotinho apaixonadinho e esse diminutivo de 'inho' apaixonadinho, fudidinho, Andrewzinho, beijinho, chameguinho me irrita. Foda-se eu só quero muito beijar Andrew Miniatura!"

— Em Neil? 

— Que? 

— Nada.

Eles ficaram calados. De um lado da porta Neil sussurrando "Merda! Merda! Merda!", enquanto se culpava por não conseguir botar pra fora que gostava de Andrew e do outro lado Minyard se divertia ouvindo os sussurros irritados de Neil.

Gostar de alguém é um caos por si só. Gostar de Andrew Minyard, Jesus Cristo, era um declínio completo, escorregar de bunda num precipício que daria direto na puta que pariu. E pasmem? Neil foi o pateta que caiu. 

Sempre ignorando qualquer coisa que coloque em risco sua vida, uma contagem regressiva. E ele chegou no tão temido Zero. 

O que fazer? Contar a verdade. 

No que vai dar? Só Deus sabe. Rimou.

— Oh cacete, — ele se levantou enquanto resmungava, estava pouco se lixando se seu cabelo estava bagunçado ou se vestia um short de dormir e uma camisa do Chalé 3 que nem era sua. Ele só saiu do quarto e pulou os degraus da escada ainda resmungando — eu vou me arrepender tanto que juro pedir pro tio Stuart me mudar de escola se der merda. 

Quando chegou na sala Andrew estava sentado no sofá com o celular em mãos. Ok, é agora ou nunca.

— Andrew.

— Neil. 

Maldito ladrão de corações. Maldito cabelo loiro e olhos castanhos amarelados, maldita mandíbula marcada demais — levemente mais do que a de Aaron — maldito desinteresse por tudo. Na terra onde isso foi atrativo, Neil é um hipopótamo. Ou seja, Neil é um hipopótamo. 

Merda. 

Neil afastou qualquer pensamento estranho demais e caminhou para ficar de joelhos na frente de Andrew, talvez não fosse um movimento realmente certeiro porque o loiro acompanhou seus passos assim que entrou em seu campo de visão. 

— Eu não gosto de ficar de joelhos, — comentou já se levantando e sentando numa distância segura de Andrew — parece que eu tô prestes a fazer um boquete em alguém. 

Andrew riu e sentou de lado, sua total atenção estava em Neil.

Ele respirou fundo, a coragem que tinha antes foi sugada de sua alma mas agora era o dia Zero e se não fizesse isso hoje provavelmente nunca mais o faria. Josten sabia que assumir o que sentia poderia ser como assinar um contrato no qual Andrew o odiaria para sempre ou o ignoraria como se sequer existisse — o último é mais certeiro. A chance de ser correspondido é praticamente nula mas, vamos lá.

i want to kiss you a lot - andreil;Onde histórias criam vida. Descubra agora