Herdeiro do Submundo

Apenas uma mentira.

- O submundo parecia estar em ruína, o que já não era o melhor estilo de vida para os que ali viviam, ficou ainda pior... A quem diga que o submundo é o lugar aonde os demônios ficam, mas poucos sabem que eles nunca tiveram escolha de ir para outro lugar! Engana-se quem pensa que os demônios são ruins, como podem cobrar bondade, se tudo o que eles conhecem é a maldade.

Algum tempo depois...

Cross estava em um tipo de quartel para recrutas, aonde centenas de demônios que haviam atingido a idade certa para começarem os treinamentos moravam, com seus 200 anos mortais de idade, Cross não tinha mais que um metro e trinta de altura, sendo uma das menores crianças daquele lugar, seu corpo de aparência frágil, não combinava com seu olhar frio, seu rosto ainda menos expressivo e sua respiração quase imperceptível.Em poucos instantes, era possível ouvir alguns passos que chegavam aos ouvidos dos demônios que ali estavam, que rapidamente formavam uma três filas por ordem de tamanho, antes que Belzebu chegasse ao fim do corredor, e passasse pela porta, tendo visão de todos ali dentro.

- Olá meus filhos, hoje iniciamos a terceira lua de sangue, período em que os melhores demônios irão ter a oportunidade de mostrar o seu valor, e talvez, apenas talvez... Conquistar a chance de ter sua vaga garantida no exército real.

Todos as crianças naquele quartel demonstravam sua euforia, com pequenos sorrisos e respirações ofegantes, Belzebu caminhou para fora dali, retornando ao corredor que o levava até seus aposentos.

- Eu irei matar todos aqueles que entrarem em meu caminho!

Gritou um dos pequenos demônios ali, que logo foi respondido por outra criança.

- Belzebu irá me escolher, sou o maior e mais forte demônio desse lugar!

As crianças começavam todo um barulho, se amontoando no centro do quartel, do qual Cross se afastava lentamente dando alguns passos de costa olhando para a discussão que se iniciava ali, quando em um instante de descuido, ele acabou perdendo o equilíbrio e caindo em cima de um amontoado de peitorais de Demonium (Minério demoníaco) causando um grande barulho seguido de uma enorme bagunça.

- Olha só o que o pequeno Cross fez...

Os demônios se viram para o mesmo e então se aproximam um a um, cercando o pequeno em um círculo que o impossibilitava de nem sequer se levantar do chão, as crianças unidas começam a rir de Cross, que em silêncio apenas os matava com os olhos, seu ódio crescia mais e mais a cada instante, até que ele resolve saltar para cima de uma das crianças, puxando suas vestes com as mãos, enquanto sua boca avançava até a jugular daquele ali, e com uma única mordida, Cross provocou uma sequência de gritos daquele demônio, que teve parte da sua jugular arrancada, que começava a jorrar sangue em todas as crianças ao seu redor, durante uma crise de desespero da criança que havia sido ferida.

A boca de Cross estava suja de sangue, e o gosto metálico do sangue em sua boca era o suficiente para saciar seu ódio por enquanto, mas antes que um superior chegasse para ver o que estava acontecendo, um ou dois demônios se preocuparam com a criança que estava perdendo sangue rapidamente, já quase sem forças para gritar, enquanto os que sobravam, representando a maioria, se aproximavam de Cross em postura de vingança e então começam a espancar seu corpo ali mesmo, com chutes e socos de todos os lados, acertando seu corpo no chão sem que o mesmo pudesse reagir em sua defesa, apenas aceitando os ataques, encolhido no chão protegendo os olhos com seus braços finos, seu corpo era alvejado por golpes varias vezes, o suficiente para que ele nem sequer conseguisse chorar pela falta de ar, consequência dos chutes em sua barriga.


Cerca de quarenta segundos depois de tudo aquilo começar, um dos guerreiros do exército responsável por treinar aquelas crianças chega gritando.

- MAS QUE MERDA VOCÊS ESTÃO FAZENDO?

O guerreiro se aproxima do demônio que estava sangrando pela jugular no chão e então se abaixa, verificando seus sinais de vida, e concluindo que havia demorado demais... Naquela altura, as crianças que espancavam Cross já haviam dispersado como se nada tivesse acontecido, e Cross estava no chão com seu corpo completamente machucado, hematomas e inchaços por todo o corpo, duas costelas quebradas, e fraturas em todos os lugares, alguns cortes sangravam por todo o chão, criando uma poça de sangue ao seu redor.

O guerreiro se aproximou de Cross, e verificou seus sinais vitais, por mais que ele parecesse morto, uma respiração quase imperceptível poderia se sentida.

- SERVOS!

Rapidamente dois servos se aproximaram com uma tabua de madeira em mãos, medindo cerca de um metro e meio, um dos servos era Morgrak, notando que a criança que estava caída, se tratava de Cross, ele se assustou, tomando uma expressão preocupada enquanto deixavam a tabua ao lado de seu corpo e o colocavam em cima dela para que pudessem carrega-lo mais rápido em direção a ala de cura.

Chegando lá, Cross e colocado sob uma mesa de pedra, com algumas escritas em línguas antigas cravadas a mão em seus lados, um demônio de aparência mal cuidada, de barba longa com uma pele enrugada e unhas grandes e sujas se aproxima do pequeno que ali estava, com uma de suas mãos, ele coloca o polegar entre os lábios de Cross e então começa a mexer em seu rosto, puxando a pele embaixo dos seus olhos, e em seguida arrebitando seu nariz.

- Hmmm... Esse ai não tem salvação, pode dar para os cães comerem.

O outro servo já havia indo embora, mas Morgrak permaneceu ao lado daquela mesa de pedra olhando o corpo de Cross preocupado, seus olhos vidrados demonstravam uma preocupação sincera com a vida daquela criança, quando ouviu o que o Curandeiro tinha a dizer, Morgrak tremulou seus lábios e se aproximou do corpo de Cross

- F-faça de tudo para salva-lo, ou... lorde Belzebu ira enforca-lo!

O servo pensou de maneira desesperada enquanto respirava profundamente olhando o curandeiro.

- Não conte a ninguém, mas essa criança, é a escolhida por Belzebu para liderar o exército...

Morgrak colocava o máximo de verdade que conseguia naquela mentira que ele havia acabo de inventar, mas que havia funcionado! O curandeiro se colocou pronto para fazer todo o necessário para salvar Cross. Invocando um tipo de magia demoníaca, que envolvia suas mãos em uma energia avermelhada, o curandeiro puxa o ar para dentro do seu peito, e começa a proferir palavras que faziam parte de um poderoso ritual magico, em alguns instantes a energia em suas mãos começam a se espalhar pelo local, até que estivesse rodeando o corpo de Cross, e o fizesse levitar lentamente em direção ao teto, mas que em determinada altura, parasse de subir...

- Ele vai ficar bem?

Indagou Morgrak preocupado

O curandeiro apenas confirma com a cabeça, e se aproxima de um bau de madeira negra, e três cadeados, abrindo um a um rapidamente com apenas uma chave que estava em seu bolso, ele puxa a tampa do bau lentamente e lá de dentro, ele retira um pequeno demônio selvagem, criaturas que viviam no submundo como animais viviam nas florestas, apenas agiam através de seus extintos, o curandeiro o agarra pelos braços, fazendo com que a pequena criatura de pelo menos quarenta centímetros começasse a se debater tentando se soltar, em poucos instantes, o maior aproxima a pequena criatura de seu rosto, agarrando-a com uma das mãos e quebrando seu pescoço, para que o que viesse a seguir ficasse mais fácil.

A criatura era levada até a boca do mesmo, e era devorada em mordidas, que arrancavam sua carne, pedaço por pedaço, começando pelos braços, indo até o tórax, deixando uma imensa quantidade de sangue cair no chão, e por fim as vísceras do demônio selvagem caiam de sua barriga aberta, seu esqueleto frágil facilmente era triturado pelos dentes daquele demônio.

Morgrak estava horrorizado com o que estava acontecendo, e sem entender nada ele apenas se afastou enquanto observava o curandeiro se aproximar da mesa novamente, e utilizar o sangue que havia coletado daquela criatura para continuar o ritual, fazendo com que o liquido saia de sua boca, como se flutuasse no ar, em direção a Cross, e começasse a entrar em seu corpo, o curandeiro estava de olhos fechados e suas mãos viradas para cima, qualquer um ali, acreditaria que o demônio estaria orando, mas a realidade era que ele estava utilizando um tipo de magia corrompida, derivada da mais alta magia negra, a Necromancia.

Em alguns instantes, o corpo de Cross começa a descer em direção ao solo, enquanto todo o ambiente ficava mais leve, na medida em que a magia concentrada ali se dissipava.

- Leve-o para o quarto...

Disse o demônio que havia realizado o ritual, para bons olhos, era notável que sua aparência estava pior que antes, ele havia envelhecido pelo menos uns quinhentos anos após aquele ritual, o cheiro de morte em seu corpo se espalhava pelo ar...

Morgrak apenas agradeceu, e agarrou Cross nos braços, o levando rapidamente para o quarto em passos curtos e velozes, para que Belzebu nem sequer imaginasse o que havia acabado de acontecer ali...

Olá querido leitor! Esta gostando da história??? Aqui vai uma curiosidade sobre esse universo maravilhoso em que ela ocorre: A necromancia é um tipo de magia corrupta, que corrompe a alma, e o corpo do usuário, de modo que mesmo com um sacrifício, ele perca um pouco de si mesmo, por utiliza-la.