— Os demônios desconhecem, o motivo de viverem no submundo, os que hoje residem lá, nasceram nele, e por fim aceitaram que não teria como sair... Existem muitos tipos de demônios, com tamanhos, características e magias diferentes. Porem todos os demônios, tem uma característica em comum além do cheiro de enxofre, a Magia Demoníaca! Uma magia profana, que provem da essência do submundo, utilizando a mais pura energia caótica, para permitir que os demônios, manipulem o fogo demoníaco. Um fogo que não pode ferir o corpo, nem mesmo do mais frágil animal, mas ao entrar em contato com um ser vivo, imediatamente começa a destruir a alma, fragmento por fragmento, causando a dor mais agonizante de todas, até que chegue em um ponto, que a vítima, apenas deixa de existir... Não vai para o Céu, nem mesmo para o limbo, ou submundo, apenas destruição.
— Hoje, nosso pequeno demônio Cross, esta sendo apresentado a sua Magia Demoníaca...
Alguns meses se passaram após o último acontecimento, ainda era possível notar algumas cicatrizes pelo corpo magro de Cross, sua pele clara destacava as marcas que havia ganho naquele dia, por sorte seus longos cabelos negros, cobriam parte do seu corpo, incluindo o pescoço, aonde a maior parte das cicatrizes tinham início.
Junto a outros demônios, cerca de vinte, Cross, treinava suas capacidades físicas, que deveriam ser aprimoradas ao máximo, para que ele pudesse alcançar o nível da sua equipe, do contrário seu destino estava traçado, ele seria abandonado a mercê de sua própria companhia, para sobreviver no submundo, como um demônio selvagem, e por fim, teria sua consciência consumida pela vontade de sobreviver, e se tornaria apenas um demônio sedento por carne, e morte.
Conforme ordenado pelo capitão do exército demoníaco, Cross estava treinando, assim como todos os outros recrutas, ele havia começado a praticar, a sua invocação de fogo demoníaco.
— O fogo demoníaco, é a extensão da raiva, da força, e da alma de um demônio, quanto mais forte for o seu espirito, mais poderoso é o seu fogo.
O capitão falava com confiança durante sua caminhada pelo salão de treinamento, cuja imensidão abrigava todos os recrutas, e ainda existia espaço não preenchido, conforme o capitão caminhava ele iria observando os recrutas treinando, um a um, alguns tinham sucesso em invocar a sua primeira chama demoníaca, outros não obtinham resultado nenhum. Suas expressões mudavam conforme os resultados, quando um demônio invocava com maestria sua chama, ele o cumprimentava com a cabeça, como sinal de aprovação, mas quando o resultado era falho, ele reprovava o recruta apenas com um olhar penetrante e uma expressão de nojo, alguns demônios lacrimejavam, estampando desespero em suas faces, quando percebiam não conseguir manter a chama invocada, e quanto mais desespero, menos concentração eles tinham.
— Tch, isso é idiotice...
Um dos recrutas sussurrou enquanto tentava invocar sua chama, para o seu azar, o capitão havia escutado, e quando ele parou de caminhar localizando com os olhos quem havia falado aquilo, todos os outros no salão ficaram em silêncio, espalhando uma grande tensão pelo ar.
— ...
O pequeno demônio esboçava arrependimento, com seu corpo levemente encolhido, o capitão se aproximou olhando em seus olhos, as pernas do pequeno tremiam, e seu olhar choroso implorava por perdão...
— Sua magia demoníaca, é oque vai definir, se você vive, ou sobrevive no submundo...
O capitão apontou sua mão direita para aquele recruta medroso, e naquele instante todos sabiam que ele iria morrer, a criança tentou correr desesperadamente na direção oposta ao maior, o desespero fez com que ela caísse no chão e se arrastasse com velocidade, os demônios observavam aquela cena, e os que não conseguiam ver, apenas ouviam os grunhidos de desespero daquela criança.
Com sua postura imponente, e seus dedos abertos, uma pequena chama era invocada próxima ao pé da criança que já estava contra a parede do salão sem mais para onde fugir, a chama se aproximava de sua pele, e em um instante, o que não parecia doer, começava a queimar a alma daquele pobre demônio, cuja língua sentenciou o seu sofrimento... Os gritos desesperados, os movimentos involuntários do seu corpo se debatendo era o pior cenário que se poderia imaginar, lentamente sua alma estava sendo destruída por aquele fogo escarlate, um vermelho intenso, que iluminava todo o local, mas não emanava nenhum calor...
Todos os pequenos demônios estavam horrorizados com aquela cena, sentindo um peso em seu peito, como se não fossem conseguir respirar, eles temiam pelas suas vidas, e internamente estavam apavorados com o que estava acontecendo...
Até que algo aconteceu.
Todos os demônios haviam mudado sua expressão, seus olhos arregalados, e suas bocas abertas, seguidas de uma palidez inexplicável, quando todos estavam congelados pelo medo, Cross havia agarrado a espada mais próxima a ele, e avançado com extrema coragem em direção ao pequeno demônio estirado no chão em lagrimas e gritos, com a espada empunhada em suas mãos, em um único movimento, ele cravou a lamina negra daquela espada de Demônium, diretamente no coração do pequeno, que em seu último instante de dor, olhou nos olhos de Cross esboçando apenas um ''obrigado'', enquanto suas pálpebras cobriam seus olhos molhados lentamente, mostrando que ali, ele havia morrido...
Tudo aconteceu tão rápido, que ninguém havia tido tempo de entender, mas o primeiro a agir com extrema brutalidade, foi o Capitão, que ao perceber a interferência de Cross no seu ato de tortura, sentiu-se ofendido, e avançou contra Cross o jogando contra a parede, tirando seus pés do chão, conforme era levantado pelo pescoço até que pudesse estar cara a cara com seu agressor.
— Você pensa que vai ganhar uma medalha, uma salva de palmas?
Os dedos pressionavam a garganta de Cross que começava a parar de respirar enquanto balançava seus pés tentando sair, com o pouco ar que restava em seus pulmões, Cross joga algumas palavras para fora.
— Eu não devo satisfação a vo-
Antes que ele pudesse terminar suas palavras, seu corpo era jogado no chão, com força o suficiente para faze-lo se arrastar alguns metros até que o impulso sumisse, Cross abre seus olhos lentamente, apenas mostrando uma expressão de dor enquanto seu corpo ainda estava encolhido.
— Vou te mostrar os benefícios de bancar o herói...
O demônio se aproximava de Cross enquanto ainda estava no chão, e então com imponência ele gritava.
— CROSSING, EU O CONDENO A CINCO MIL ANOS DE MALDIÇÃO, PELO PODER DO SÉTIMO REINO, EU O AMALDIÇOOU, TODOS AQUELES QUE MORREREM AO SEU LADO, VIVERÃO EM SUA MENTE, ATÉ QUE PERCA SUA SANIDADE MENTAL.
A maldição havia sido criada, antes que alguma coisa pudesse acontecer, Cross desmaiava, e então os servos entravam no salão para pega-lo, um dos servos era Morgrak, que como sempre se aproximou com cuidado, pegando o corpo de Cross pelos braços, e com ajuda o tirou do chão, caminhando com o mesmo até uma das celas, aonde os recrutas ficavam, Morgrak entrava sozinho com Cross na cela e o colocava deitado em alguns panos sujos no chão, sentado ao seu lado, ele acariciava o topo da sua cabeça em silêncio.
— Pare de ficar tentando se matar, uma hora você vai acabar conseguindo...
Morgrak dizia enquanto suspirava de maneira triste, quando levantava desesperadamente ao ouvir um berro de Belzebu.
— SERVO!
Ele levantou-se com pressa, e correu em direção ao som, deixando apenas um último olhar paternal para Cross antes de ir.
Olá cenouras e cenoures, muito tenso esse capitulo né ? Hehe, aqui vai uma curiosidade!
Quando alguem morre, o ultimo sentimento que ele sentiu, é o que ela leva para o pós vida, a maioria das criaturas, levam medo, desespero, arrependimento. E você, se morresse hoje que qual sentimento levaria pro pós vida ???
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Herdeiro do Submundo
Science FictionUm lado diferente do submundo, aonde os demônios foram as vitimas de Lucifer, após ele ter sido expulso do Ceu, tudo pela visão do protagonista que nos mostra que sangue nobre, é apenas um detalhe.