∙ Despedida de uma doce alma

10 8 0
                                    

Como todos os dias miseráveis, era segunda feira;
Estava frio, não como o previsto, e por isso eu sentia meus ossos tremendo e minha boca sangrando.
O cachorro estava do outro lado da rua,
bendito seja o infeliz inocente.
Pescoço sangrando, ó Deus, como isso aconteceu?
Mas já sabíamos a resposta.
Não demorou muito para os céus começarem a chorar;
A terra se despedia dolorosamente;
Eu rezava por ele, mesmo não sendo cristã;
O universo lhe dava um último beijo enquanto pedia perdão.
Mas os carros, os malditos carros, continuavam suas rotas como se nada estivesse acontecendo.
É culpa de quem? De um motorista bêbado? De adolescentes arruaceiros? De algum homem por aí?

Ele se foi.

E ninguém lhe prestou as condolências.
Cova aberta,
mas ninguém para chorar.
Me pergunto como foram seus últimos suspiros em vida...
Gritos que ninguém ouviu,
Um sofrimento que foi ignorado,
Feridas abertas,
Tão só...
Mas eu estou aqui escrevendo para você, porque não tive coragem de te ignorar também.
Saiba que você foi lembrado.
É, meu amor, eu estou escrevendo especialmente pra você.
A humanidade é horrível, e eu sou também, mas ao menos consegui te notar no meio de muitos.

Meus pêsames.

- Aquela menina na parada de ônibus

"Apesar de ninguém estar me vendo ou me ouvindo, eu estou aqui, falando de você..."

Entre dores, amores e ventaniasOnde histórias criam vida. Descubra agora