42

3.8K 417 344
                                    

Capítulo 42

Guga Narrando ❌

JM: vão os dois e acabou

Guga: cê tá de brincadeira né?

JM: claro que não, vocês são os melhores e os que eu confio pra ir deixar essa carga em Heliópolis

Alice: eu não vou a lugar nenhum com esse garoto

JM: ah mas você vai sim, é o seu trabalho

Passo a mão no rosto, tem uns dez minutos que o JM chamou eu e a Alice na sala dele pra avisar que nós dois vamos pra São Paulo deixar uma carga, e nem ela e muito menos eu estamos satisfeitos com isso.

Alice: troca ele pelo Fael

JM: Fael já tá ocupado com outra coisa, vão vocês dois e ponto final.

Alice: a gente vai se matar no meio do caminho

JM: vão nada, amanhã tem baile e a gente comemora o sucesso do trabalho em dupla de vocês

A Alice respira fundo e encara o JM.

Alice: ranço da sua cara JM, ranço. - saí da sala

Guga: isso é de propósito né?

JM: claro que não - fala debochado

Guga: eu não me responsabilizo se eu jogar ela pela janela no meio da viagem

JM: vai jogar nada

A Alice volta pra sala com um cigarro aceso e o JM passa todas as informações da carga fornecida, era coisa simples. Íamos sair do morro às seis da noite pra chegar lá meia noite, entregar a carga e voltar pra chegar aqui no máximo oito da manhã.

Eu e a Alice fomos cada um pra sua casa tomar um banho porque já são cinco horas e a gente tem uma hora pra sair daqui e eu espero sinceramente não matar a Alice durante o caminho.

[...]

Eu e Alice estávamos à exatos dez minutos na estrada, sem falar absolutamente nada só ouvindo umas músicas na "paz" mas tudo que é bom dura pouco e ela começou a pertubar meu juízo.

Alice: gostinho péssimo - sussurra mas eu escuto.

Uso meu alto controle e ignoro o comentário mas essa garota é atentada e é óbvio que ela não me deixaria em paz.

Alice: seu gosto musical é horrível

Guga: horrível é você garota

Alice: horrível é você, eu sou linda pra caralho, gostosa pra caralho - Eu dei uma gargalhada só pra provocar.

Guga: autoestima é tudo né?

A partir daí foi dada a largada de seis horas dentro de um carro brigando o tempo inteiro com essa garota.

Eu nunca entendi como essa minha briga com a Alice começou, só sei que desde que eu me entendo por gente nós dois brigamos desse mesmo jeito.

Na hora que a gente foi revezar na direção do carro, eu me arrependi no mesmo segundo porque se eu já achava a Alice maluca na vida, dirigindo é mil vezes pior.

Fui me segurando na porta e eu não quis nem atrapalhar ela como ela fez comigo, vai que maluca faz besteira e mata a gente? Deus me livre. Fui me segurando na porta até chegar em Heliópolis.

Assim que chegamos na favela, fomos pro ponto de entrega que era um galpão que eu já tinha vindo outras vezes. Quando paramos lá o Plínio já estava a nossa espera com uns seguranças.

NO MORRO DA ROCINHA Onde histórias criam vida. Descubra agora