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Capítulo 19

Yá Narrando ❌

De terça a noite até sexta de manhã eu não desgrudei da Babi por nada e graças a Deus ela não teve nenhum mal estar.

Nós aproveitamos tudo que podia e era muito ruim a sensação de estar fazendo aquilo pela última vez com ela, nossa era uma dorzinha no coração que eu não sei como tava aguentando.

Tentei ser o mais transparente possível com a minha filha porque a Babi era uma espécie de segunda mãe pra ela e perder a presença dela pode ser difícil pra pequena.

Já tinham cinco horas que a cirurgia da Babi tava rolando e eu sentadinha na cadeira da recepção esperando por notícias.

Yá: não aguento mais ficar aqui sem saber de nada

Ygor: calma Yá

Manuela: esse tipo de cirurgia é demorado mesmo

Alice: demorado mas a gente tá aqui a cinco horas...

O JM, a Alice e o Guga tinham chegado a um tempo e tavam por aqui com a gente.

Xx: parentes de Bárbara Ferraz?

Quase voei na direção do médico.

Yá: como é que ela tá?

Médico: eu sinto muito, a gente fez o que pode mas infelizmente a paciente veio à óbito

Desse uma lágrima pelo meu rosto mas eu seco rapidamente, viro e todo mundo tá me encarando quando o Ygor vem na minha direção eu saiu correndo do hospital.

Escuto eles gritando por mim mas as vozes estavam tão distantes e eu tava zero afim de chorar na frente de todos eles.

Subi na minha moto e saí do morro sem direção nenhuma pelas ruas do Rio de Janeiro e acabei parando na praia.

Sentei na areia olhando pra aquele infinito azul e deixei as lágrimas caírem, na frequência em que as lágrimas desciam a ficha ía caindo.

Começou a passar um filme na minha cabeça de todos os momentos que eu vivi com a Babi e caralho pensar que daqui pra frente não vou ter ela do meu lado doí muito.

Perdi a noção de tudo e fiquei ali completamente imersa nos meus pensamentos só saí do transe com alguém sentando do meu lado.

Virei a cabeça e vi o JM sentado do meu lado.

JM: oi

Yá: o que cê tá fazendo aqui?

JM: vim te buscar ué? Já são quase sete e meia

Olho em volta e não tinha ninguém pela praia mas o calçadão tava lotado.

Yá: perdi a noção do tempo. Minha filha?

JM: tá com a minha mãe

Yá: vamo lá, já dei muito trabalho pra tua mãe hoje

JM: nem deu, minha mãe dá mó valor a criança mas e você tá bem?

Yá: eu não quero falar não

JM: se fechar é pior...

Yá: mas é a forma que eu tô acostumada a lidar

JM: mas não devia

Yá: eu não quero ser grossa com você mas a gente cresceu em realidades bem diferentes. Você sempre teve toda a tua família do teu lado eu só tinha o Ygor que apesar de ser uma boa pessoa sempre julgava todas as minhas escolhas e a única pessoa que eu conheci que me apoiava independente de qualquer coisa tá morta.

NO MORRO DA ROCINHA Onde histórias criam vida. Descubra agora